LISBOA,
PORTUGAL (FOLHAPRESS) - Ao lado do premiê de Portugal, o socialista António
Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alguns de seus ministros
assinaram 11 acordos com o país europeu na tarde deste sábado (22) que versam
sobre assuntos que vão de educação a saúde.
Lula
voltou a atacar seus antecessores, mesmo que sem nomeá-los. "Houve
irresponsabilidade de quem governou o Brasil nos últimos seis anos", disse
o petista, referindo-se a Jair Bolsonaro e a Michel Temer.
As
declarações ocorreram no encerramento da 13ª Cúpula Luso-Brasileira, realizada
em Lisboa. Previstas para acontecerem a cada dois anos, as reuniões não eram
realizadas desde 2016.
Em
2018, o então presidente Temer chegou a confirmar presença no evento, mas
desmarcou a viagem a Lisboa a poucos dias do embarque, optando por priorizar a
agenda interna brasileira. E, em seus quatro anos na Presidência, Jair
Bolsonaro (PL) não fez nenhuma viagem oficial a Portugal.
O
premiê luso manifestou querer que a cúpula, ou cimeira, como se diz em
Portugal, seja a partir de agora anual.
Com
um discurso sem roteiro, Lula também cometeu uma gafe. Ao falar sobre a ligação
histórica entre os dois países, disse que "nenhum brasileiro consegue
comprar pão de manhã sem conversar com um português".
A escolha de Portugal como primeiro destino na Europa no terceiro mandato de Lula sinaliza um esforço de reaproximação entre os dois países, após anos de distanciamento no governo de Bolsonaro.
A
escolha de Portugal como primeiro destino na Europa no terceiro mandato de Lula
sinaliza um esforço de reaproximação entre os dois países, após anos de
distanciamento no governo de Bolsonaro.
Divulgada
após a cúpula, a declaração conjunta tem 93 pontos, com várias menções ao
reforço das relações entre os dois países e a exaltação da importância da CPLP
(Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que Brasil e Portugal integram ao
lado de seis nações da África e do Timor Leste.
Em
meio à repercussão internacional negativa das recentes falas de Lula sobre a
guerra no Leste Europeu, a versão final do texto incluiu um posicionamento
sobre a situação da Ucrânia, com ambos os países condenando a invasão russa.
O
documento afirma que os chefes de governo de Portugal e Brasil "deploraram
a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de
partes do seu território como violações do direito internacional". Os dois
líderes lamentaram ainda as mortes de civis, expressando preocupação com os
efeitos negativos do conflito na segurança alimentar e energética,
principalmente de países mais vulneráveis.
A
declaração conjunta anuncia ainda a assinatura de 11 novos instrumentos de
cooperação para aprofundar as relações bilaterais.
Para
a crescente comunidade brasileira residente no país europeu, um dos pontos com
maior potencial de impacto é o acordo para concessão de equivalência de
estudos, referente ao ensino fundamental e médio, no Brasil, e ao ensino básico
e secundário, em Portugal.
Os
dois países assinaram ainda um acordo sobre proteção de testemunhas e outro
sobre a criação da Escola Portuguesa de São Paulo. A proposta de um colégio
público luso na cidade foi anunciada em 2017, mas ainda não saiu do papel.
Além
de um acordo de cooperação entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e entidades
de saúde e tecnologia portuguesas, a cúpula teve ainda a assinatura de uma
carta de intenções para reforçar a colaboração entre os dois países.
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