Por Ana Luísa Santos/ Brasil 61
Os brasileiros estão trocando refeições completas no período de almoço fora de casa por salgados, como coxinhas, esfihas e salgados de pacote. Esse fato foi constatado em uma pesquisa realizada pela empresa de dados e consultoria Kantar, que aponta como principais motivos dessa troca a inflação e a crise econômica. O estudo entrevistou quatro mil pessoas em todas as regiões do país.
O
presidente da Fundação da Liberdade Econômica, Márcio Coimbra, explica que,
além da alta nos preços dos alimentos, outros fatores que têm contribuído
para mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros são a crise econômica
causada pela pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que acarretaram
aumento no preço das commodities no mundo todo.
“Eles
[os preços dos alimentos] devem continuar aumentando se o governo não encontrar
saídas para a economia andar em equilíbrio, mesmo retirando essas desonerações
[...]. Então, nesse caso, o governo vai ter que enfrentar esse período de
inflação e o povo brasileiro, provavelmente, vai ver um aumento dos preços dos
alimentos”, afirma Coimbra.
De
acordo com a pesquisa, as classes D e E foram as principais responsáveis pelo
aumento geral do índice, sendo as que mais tiveram hábitos alimentares não
saudáveis em refeições feitas fora de casa, de 2019 a 2022 (37,5%). Ainda
segundo o estudo, os salgados prontos eram preferência de 11% dos entrevistados
no primeiro ano analisado. Essa taxa subiu para 15% em 2022. Já as refeições
completas eram preferência de 7% das pessoas ouvidas, em 2019. Já em 2022,
essa taxa foi reduzida para 4%.
Prejuízos
ao comércio
Márcio
Coimbra ressalta, ainda, que esse movimento de troca nas alimentações fora
de casa feita por parte dos brasileiros é prejudicial ao comércio, que perde
clientes. Esse efeito, segundo o especialista, pode ocasionar desemprego
por conta da desaceleração da economia, e, a médio e longo prazo, será ruim
também para o setor de saúde, por conta dos hábitos alimentares não saudáveis
que podem trazer prejuízos à saúde da população.
“Então
é ruim para o comércio, é ruim para o país e é ruim, inclusive, para o sistema
de saúde no médio e longo prazo. É uma realidade. Isso já chegou às grandes
capitais e é uma realidade que, infelizmente, tende a se manter pelo menos nos
próximos meses”, diz o presidente da Fundação da Liberdade Econômica.
Segundo
dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA - 15), de
janeiro a fevereiro deste ano, a inflação no setor de alimentos e bebidas deu
uma desacelerada, ao passar de 11,50% no acumulado de 12 meses para 10,61%. No
entanto, a inflação de alimentos e bebidas está acima de 10% desde março de
2022.
Perspectivas
Na
avaliação do presidente da Fundação da Liberdade Econômica, as perspectivas
para a inflação nos próximos meses são de alta. Márcio Coimbra também afirma
que, caso o governo tente agir para diminuir a inflação, isso pode vir a causar
também uma recessão. “Então é esse equilíbrio, muito difícil, que o governo vai
ter que achar, que ele vai ter que encontrar”, considera.
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