Um
terremoto de magnitude 7,8 matou mais de 3.400 pessoas na Turquia e na Síria,
segundo balanço de autoridades locais. O tremor foi sentido na madrugada desta
segunda (6), noite de domingo (5) no Brasil.
Pelo
menos 1.762 pessoas morreram na Turquia, de acordo com a agência de desastres
turca, no pior evento do tipo no país desde 1939. Já na Síria, o regime de
Bashar al-Assad somou mil mortos até aqui. Há, ainda, 700 mortes relatadas
pelos Capacetes Brancos em áreas controladas por rebeldes.
Segundo
o governo turco, mais de 11 mil pessoas ficaram feridas e 2.818 prédios
desabaram. Na Síria, o número de feridos chega a 1.284 nas áreas controladas
pelo regime e a mil em porções dominadas por rebeldes. Centenas de vítimas
ainda estão nos escombros, e as cifras de mortos e feridos podem aumentar.
O
epicentro do sismo foi registrado na região entre as cidades turcas de
Gaziantepe e Kahramanmaras, a uma profundidade de 10 a 24 quilômetros, de
acordo com os serviços geológicos dos EUA e da Alemanha. Os tremores puderam
ser sentidos na capital turca, Ancara, no Chipre, no Líbano e também no Iraque.
Raed
Fares, um integrante dos Capacetes Brancos, disse à agência Reuters que o grupo
tenta salvar sobreviventes nos escombros. Acostumados a resgatar vítimas nessas
situações devido a ataques aéreos, eles agora são a principal força em
território rebelde para atuar no socorro pós-terremoto.
Na
cidade de Jandaris, barras de aço e roupas de residentes se misturavam nos
escombros de um prédio que desmoronou. Um jovem com a mão enfaixada que
aguardava ali disse que 12 famílias viviam no local. Nenhuma havia saído desde
o tremor. Abdul Salam al Mahmoud, um sírio da cidade de Atareb, disse que o
cenário parecia de apocalipse.
Horas
depois do episódio, a mídia estatal ligada ao regime de Assad informou que um
tremor foi sentido na capital, Damasco, sem fornecer detalhes sobre a
magnitude. Por volta das 8h desta segunda-feira, no horário de Brasília, um
novo sismo de magnitude 7,5 também foi detectado no sudeste da Turquia.
O
terremoto atingiu uma zona remota e pouco desenvolvida da Turquia, o que escala
o desafio das equipes de emergência. Autoridades relataram mais de 50 réplicas
dos tremores nas primeiras dez horas a partir do sismo inicial, e alertaram que
outras devem ser registradas durante os próximos dias.
O
primeiro terremoto ocorreu às 4h17 (22h17 em Brasília), e imagens nas redes
sociais logo mostraram os efeitos imediatos da tragédia, com o desabamento de
construções. A transmissão da rede de TV estatal TRT exibiu moradores saindo às
ruas sob neve para avaliar os estragos em alguns locais, assim como ocorreu em
Damasco, onde relatos dão conta de desmoronamentos nas cidades de Aleppo e
Hama.
Também
houve sismos secundários, cerca de dez minutos depois do primeiro, de
magnitudes que chegaram a 6,7, de acordo com a agência de notícias Associated
Press. Segundo testemunhas relataram à agência de notícias Reuters, o tremor
durou cerca de um minuto.
O
presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou solidariedade às vítimas e
destacou que os serviços de emergência e resgate vão trabalhar em conjunto sob
coordenação da Autoridade de Gerenciamento de Desastres e Emergências.
"Esperamos superar esse desastre juntos, o mais rapidamente possível e com
o mínimo de danos."
A
região de Gaziantepe, muito atingida, é um importante centro industrial da
Turquia. Atravessado por grandes falhas geológicas, o país está entre os mais
propensos a tremores no mundo. Em 1999, um sismo de 7,4 sacudiu Izmit, no
noroeste, deixando mais de 17 mil mortes e 500 mil desabrigados.
Em
2011, um tremor de 7,1 na província de Van matou mais de 600 pessoas. Em
janeiro de 2020, 40 pessoas morreram durante um sismo de magnitude 6,8 na
província de Elazing. Meses depois, em novembro, novo episódio em Esmirna fez
quase cem vítimas e provocou um minitsunami que inundou cidades próximas e
provocou danos severos na costa da Grécia.
A
Turquia está sobre o encontro de duas placas tectônicas uma espécie de bloco
que flutua sobre o manto, uma das camadas no interior da Terra. As placas podem
se mexer, de forma divergente (movendo-se em direções contrárias), convergente
(chocando-se uma contra a outra) e transformante (movendo-se lateralmente); os
dois últimos movimentos costumam causar terremotos.
Diversos
países manifestaram solidariedade e se prontificaram a enviar ajuda. Em nota, o
Itamaraty manifestou solidariedade às autoridades turcas e sírias e disse que,
por meio da Agência Brasileira de Cooperação, providenciará formas de oferecer
ajuda humanitária para os atingidos.
O
Ministério das Relações Exteriores disse ainda que não há, até o momento,
notícias de brasileiros mortos ou feridos e que as embaixadas do Brasil em
Ancara e Damasco, assim como o consulado em Istambul, estão acompanhando os
desdobramentos.
O
governo de Vladimir Putin, na Rússia, disse que dois aviões Ilyushin-76, da era
soviética, estão com equipes de resgate disponíveis para voar para a Turquia. O
russo tem importantes laços com Bashar al-Assad, que apoia na guerra civil
síria, e com Erdogan, que flerta entre a Otan, a aliança militar ocidental, e
Moscou.
Na
mesma toada, o governo da Ucrânia também se prontificou a enviar "um
grande grupo de resgate". O americano Joe Biden disse estar profundamente entristecido
pelo terremoto. Segundo o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que seu
país já está prestando assistência a Ancara e que organizações humanitárias
apoiadas pelos EUA fazem o mesmo na Síria.
O
premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou o envio de equipes de emergência
à Turquia e disse que pretende fazer algo semelhante pela Síria. A União
Europeia, por sua vez, afirmou que dez times de resgate foram mobilizados de
Bulgária, Croácia, República Tcheca, França, Grécia, Holanda, Polônia e Romênia
para apoiar os esforços na Turquia.
Com informações da Folha de S.Paulo
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