Da Redação
Por: Taciano Medrado
E as críticas do jornal Estadão,
apoiador do Lulapetista para derrubar o ex-presidente Bolsonaro, continua
forte. Depois do editorial dessa segunda-feira (13) quando teceu críticas ao
governo do PT, o mesmo jornal (Estadão) amanheceu essa terça-feira mais uma vez
com a artilharia apontada para o Palácio do Planalto e seu ocupante – o Lulapetista.
Eis abaixo mais uma publicação na coluna Notas & Informações:
A primeira reunião do
Conselho Monetário Nacional (CMN) deste ano será na próxima quinta-feira. Será
o primeiro encontro do órgão em sua nova composição, com os ministros da
Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do
Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. E depois da saraivada de críticas que
o presidente Lula da Silva disparou sobre a autonomia da instituição, o atual
nível da taxa básica de juros e as metas de inflação, a reunião, que tinha tudo
para ser rotineira, será acompanhada com muita expectativa pelo mercado.
Responsável por
formular a política monetária e creditícia, o CMN tem várias atribuições, entre
as quais a definição das metas de inflação para os próximos anos. Elas são
anunciadas, tradicionalmente, em junho, mas é inegável que Lula antecipou esse
debate. Quando o presidente critica as metas atuais e não anuncia as novas, os
investidores veem no discurso um aumento da percepção de risco e perdem as
referências com as quais trabalhavam para nortear seus negócios. A essa
incerteza eles respondem com a proteção de seus investimentos. Assim, ainda que
o BC tenha mantido a Selic em 13,75% ao ano, a curva de juros futuros, que
precificava uma redução no médio prazo, voltou a subir, e o dólar, que chegou a
ser cotado a menos de R$ 5, retomou a valorização ante o real.
Em uma entrevista no
mês passado, Lula mencionou ser favorável a uma meta de 4,5%, que vigorou na
maior parte de seus dois primeiros mandatos. Não foi um porcentual aleatório.
Entre 2005 e 2010, quando a meta estava neste patamar, o governo nunca deixou
de cumpri-la – nem mesmo após a crise de 2008, quando o BC, sob a presidência
de Henrique Meirelles, passou a operar com taxas de juros mais baixas para
aquecer a economia. As condições da economia mundial, no entanto, eram em tudo
muito diferentes da situação atual. Nos últimos dias, enfim, o governo
sinalizou ter a intenção de elevar a meta de 2024 e de 2025 de 3% para 3,5%.
Tal mudança contaria, inclusive, com o apoio de Campos Neto.
Como já dissemos
inúmeras vezes neste espaço, o importante neste debate não é exatamente o
porcentual. O mais relevante é que o País tenha uma meta de inflação crível –
seja de 3% ou de 3,5%. Embora haja metas fixadas para os próximos dois anos,
elas perderam valor de face quando Lula passou a considerá-las rígidas demais.
No CMN, o presidente da República tem dois dos três votos garantidos; ademais,
o governo tem prerrogativa e legitimidade para ajustar esses objetivos.
Seria muito positivo,
portanto, que o CMN adiantasse essa decisão de uma vez e anunciasse as novas
metas já nesta semana. Não se trata apenas de traçar referências para guiar o
mercado e ancorar expectativas. Seria a melhor forma de encerrar um assunto que
tem dominado o noticiário econômico há semanas e servido como desculpa para o
governo não apresentar aquilo de que o País realmente precisa. Já se passou um
mês e meio desde a posse de Lula, mas não há nem sinal sobre a âncora fiscal
que a equipe econômica vai propor para substituir o surrado teto de gastos.
No Brasil, ter um
mecanismo para controlar o avanço das despesas públicas é fundamental para
conter a deterioração das expectativas sobre a evolução da dívida pública e,
consequentemente, sobre a curva de juros futuros. Metas de inflação, juros,
gastos fiscais e endividamento são temas interligados e que geram impacto sobre
câmbio, bolsa, crédito, emprego e o Produto Interno Bruto (PIB).
É conveniente, para
Lula, culpar Campos Neto – e o ex-presidente Jair Bolsonaro – pelo provável
desempenho ruim da economia neste ano. Em parte, ele até tem alguma razão. Há
que reconhecer o mérito do governo anterior em destruir o arcabouço fiscal e as
duradouras consequências da gastança desenfreada sobre a economia. Mas a
eleição acabou e um novo mandato se iniciou. Recolocar o País na rota do
desenvolvimento depende das ações e sinalizações do governo atual, sobretudo de
Lula, que precisa abandonar a estratégia de criar conflitos e começar a
governar. (Estadão).
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