Imagem aérea de Jequié que sofre prejuízos
provocados pelas chuvas na BA – (Foto: Joemerson Reis/Prefeitura de Jequié) - 25/12/2022
Por: Taciano Medrado
As fortes chuvas que caem no nordeste nos últimos dias e tem provocando inundações como na cidade de Jequié no sudoeste baiano e mesmo aqui vale do São Francisco, foi previsto por um PhD em Meteorologia e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Luiz Carlos Molion, que esteve em Pernambuco, no município de Petrolina, no Sertão, há 4 anos atrás, em 2018 divulgar seu estudo.
Segundo o pesquisador os próximos dez anos (2020-2030) apontam para um resfriamento dos oceanos, o que
significa o fim do ciclo da estiagem prolongada com a chegada de
chuvas regulares no Nordeste brasileiro. A tendência é que a temperatura
da Terra diminua, com um ligeiro resfriamento de aproximadamente 0,3
graus centígrados, uma vez que o sol está em baixa atividade eletromagnética.
Desde dezembro de 2008, o sol entrou nesse período de baixa atividade e passará assim, produzindo um pouco menos de energia, até 2030. Esse fenômeno, chamado “mínimo solar”, ocorre a cada 100 anos e, para a Ciência, ainda é um mistério explicar o porquê de o astro ter esse comportamento por século.
O
pesquisador Molion explica que o clima do planeta é controlado pela temperatura
dos oceanos, responsáveis por cobrir 71% da superfície da Terra. O Pacífico,
particularmente, que ocupa 35% da superfície da Terra, já dá sinais de que está
esfriando. “E, se o sol é a fonte principal de calor e seu campo magnético está
em baixa atividade, a tendência é o esfriamento dos oceanos. Quando esse campo
(magnético) enfraquece, temos mais formação de nuvens. Ou seja, mais chuvas e
também menos radiações porque os raios solares batem no topo das nuvens e
retornam ao espaço”, detalha o estudioso.
Essa
inversão da polaridade solar, acredita Molion, deverá ser finalmente explicada
pela Ciência nos próximos anos porque a Nasa lançou, em 2008, um satélite na
órbita solar.
Que
é um mistério ainda entender o porquê de, a cada 100 anos, o astro entrar nessa
atividade menos intensa, não restam dúvidas. Mas, quem deve sofrer com esse
fenômeno é o agricultor na região sul do País.
No
período de 1946 a 1975, o clima frio afetou bastante os estados da região sul,
principalmente o Paraná, onde ocorreu um problema sério com o café, e a última
grande geada nesse período frio foi a de julho de 1975, que praticamente acabou
com o café do oeste do Paraná. No entanto, ressalta o professor, não é a
chegada de uma nova era glacial. É um resfriamento semelhante ao que ocorreu
entre 1946 e 1975, quando a temperatura média da terra baixou aproximadamente
0,3 graus centígrados.
“É
certo que os invernos passarão a ser mais frios e a temperatura vai persistir
baixa durante meses em lugares que estão fora da região tropical, porque,
normalmente, essas regiões não recebem tanta carga de radiação solar”, explica,
dando como exemplo os Estados Unidos, Canadá, Rússia, China, Argentina,
Uruguai, Austrália, Nova Zelândia e o sul do Brasil.
“Esse
esfriamento do sol já está dando sinais. No início de outubro mesmo, que
deveria ser verão, as serras catarinenses registraram geadas”, complementa Luiz
Carlos Molion. A reportagem tentou contato com o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) e a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), mas não
obteve êxito. (
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