Com
o impacto da redução dos preços concentrado em combustíveis, o IPCA (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou deflação (queda) de 0,36% em
agosto, informou nesta sexta-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
É
o segundo recuo consecutivo do índice oficial de inflação do país. A baixa,
porém, havia sido mais intensa em julho, de 0,68%. Analistas projetavam uma
queda de 0,40% em agosto, conforme a agência Bloomberg.
Com
nova a trégua, o IPCA voltou a um dígito no acumulado de 12 meses. A alta
atingiu 8,73% até agosto, após 10,07% até julho. O acumulado estava acima de
10% desde setembro de 2021. 11 meses de divulgação, ou quase um ano.
Uma
sequência tão longa não ocorria desde o intervalo de 2002 a 2003. À época, o
índice permaneceu acima de 10% por 13 meses consecutivos, de novembro de 2002 a
novembro de 2003.
Mesmo
com a perda de força, o IPCA caminha para estourar a meta de inflação
perseguida pelo BC (Banco Central) pelo segundo ano consecutivo. Em 2022, o
centro da medida de referência é de 3,50%, com teto de 5%.
A
carestia às vésperas das eleições pressiona o governo Jair Bolsonaro (PL), que
teme os efeitos da perda do poder de compra dos brasileiros. Para tentar
reduzir os danos, o governo aposta em um pacote que incluiu o corte de
tributos.
Bolsonaro
sancionou em 23 de junho a lei que definiu o teto para a cobrança de ICMS
(imposto estadual) sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações.
Um
dos reflexos foi a queda dos preços da gasolina, o subitem com maior peso na
composição do IPCA. A Petrobras também passou a cortar preços de combustíveis
nas refinarias com o alívio das cotações do petróleo no mercado internacional.
Assim
como já havia acontecido em julho, o resultado do IPCA de agosto foi
influenciado principalmente pela queda no grupo de transportes. Os preços desse
segmento caíram 3,37% e contribuíram com -0,72 ponto percentual no índice do
mês.
A
queda de transportes foi influenciada principalmente pela retração nos
combustíveis (-10,82%). Em agosto, os quatro pesquisados tiveram deflação: gás
veicular (-2,12%), óleo diesel (-3,76%), etanol (-8,67%) e gasolina (-11,64%).
A gasolina teve redução de R$ 0,18 por litro nas refinarias no mês passado,
lembrou o IBGE.
O
grupo comunicação (-1,10%) também recuou, com impacto de -0,06 ponto
percentual. Os outros sete segmentos pesquisados subiram em agosto.
O
destaque veio de saúde e cuidados pessoais (1,31%), que contribuiu com 0,17
ponto percentual. A maior variação positiva foi de vestuário: 1,69%.
O
grupo de alimentação e bebidas desacelerou, mas continuou em alta. O avanço foi
de 0,24%, após 1,30% em julho.
PROJEÇÕES
A
partir de medidas como o teto de ICMS, analistas reduziram as projeções para a
inflação no acumulado de 2022. A estimativa do mercado financeiro recuou para
alta de 6,61%, conforme a mediana do boletim Focus, divulgado na segunda-feira
(5) pelo BC.
Também
na segunda, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a
"batalha" contra a inflação ainda "não está ganha".
Em
uma tentativa de conter a carestia, o BC vem subindo os juros, o que joga
contra a recuperação do consumo das famílias e encarece os investimentos
produtivos das empresas.
Ao
longo da pandemia, a disparada de preços atingiu produtos básicos, como
alimentos e bebidas, que seguem em nível considerado alto por consumidores.
A
situação afeta sobretudo os mais pobres, que têm menos condições de lidar com a
carestia. Com a pressão inflacionária, brasileiros substituíram marcas ou até
cortaram do cardápio mercadorias como carne e leite.
A
divulgação desta sexta é a última do IPCA antes do primeiro turno das eleições,
agendado para 2 de outubro. Os dados da inflação de setembro serão conhecidos
em 11 de outubro, conforme o calendário do IBGE.
Com informações do Folha Press
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