Foto reprodução redes sociais
O ato liderado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (21) em Olinda (PE) foi marcado por um descompasso entre o discurso oficial no palco e a militância petista na plateia, acirrando as tensões em torno da disputa pelo Governo de Pernambuco. As informações são de Anna Tenório e João Pedro Pitombo | Folhapress
Em
seu último comício em visita de dois dias a Pernambuco, Lula reiterou o seu
apoio ao deputado federal Danilo Cabral, pré-candidato do PSB ao governo. Os
militantes que prestigiaram o evento, contudo, gritaram o nome da também
pré-candidata ao governo Marília Arraes (Solidariedade).
A
referência de Lula a Cabral aconteceu apenas no final do discurso e durou cerca
de 30 segundos em um discurso de mais de 30 minutos do petista.
"No
estado de Pernambuco o meu candidato a governador tem nome e é o companheiro
Danilo, do PSB, que nós estamos apoiando. Eu sou da terra que a gente fazia
acordo no meio do bigode", disse.
Ao
longo do ato, o público também entoou vaias a cada vez que o nome de Cabral era
mencionado e ainda chamou o pré-candidato a governador do PSB de
"golpista", em referência ao voto do deputado federal a favor do
impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.
A
produção do evento tentou conter o mal-estar e passou a soltar uma gravação de
aplausos sempre que o público insistia nas vaias.
Marília
Arraes deixou o PT em abril após ter sido, pela segunda vez consecutiva,
preterida pelo partido na disputa pelo governo pernambucano. Migrou para o
Solidariedade e vai concorrer ao governo rodeada por ex-aliados do PSB no
estado.
Os
petistas aderiram à candidatura de Danilo Cabral em um acordo que passou pela
direção nacional dos dois partidos e pelo apoio do PSB a Lula nacionalmente. A
deputada estadual Teresa Leitão (PT) será a candidata ao Senado na chapa.
A
visita de Lula a Pernambuco era tida como relevante pelo PSB para alavancar a
campanha de Danilo. O partido governa Pernambuco desde 2007, com dois governos
de Eduardo Campos e dois do atual governador, Paulo Câmara.
Com
Paulo Câmara sob desgaste na avaliação do governo, Danilo Cabral tem buscado se
associar a Lula para subir nas pesquisas de intenção de voto. Ele já se
desculpou publicamente por ter apoiado o impeachment de Dilma.
Marília
Arraes não participou das agendas com Lula, assim como o pré-candidato a
governador João Arnaldo (PSOL), que também apoia o ex-presidente.
No
ato em Olinda, Lula falou em incluir os mais pobres no orçamento, prometeu
taxar lucros e dividendos dos mais ricos e disse que trabalharia pela geração
de empregos.
Também
fez críticas à reforma trabalhista e citou o formato de trabalho intermitente,
previsto pela legislação aprovada no governo Michel temer (MDB): "Isso não
é emprego, é escravidão. Só falta colocar a corrente no pé das pessoas".
O
ex-presidente também fez sinalizações ao agronegócio e destacou que o governo
financiou a compra de maquinário agrícola a juros mais baixos.
"Esse
genocida não fez absolutamente nada", disse Lula, em referência ao
presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista ainda disse que o país não merece um
governo como o atual: " Vamos mandar Bolsonaro para Cochinchina".
O
ato em Olinda aconteceu no mesmo dia em que o Partido dos Trabalhadores
formalizou a indicação de Lula para a corrida presidencial.
A
reunião em São Paulo aconteceu sem a presença do líder petista, que na capital
pernambucana seguia a missão de abençoar a chapa estadual liderada pelo PSB. Um
dos acordos entre PT e PSB para oficializar a união dos partidos no âmbito
nacional envolvia o estado de Pernambuco.
Lula
desembarcou em Pernambuco nesta quarta (19) para uma agenda cercada de
simbolismos na terra natal. O ex-presidente visitou Caetés, sua terra natal que
era um povoado de Garanhuns quando ele nasceu em 1945, e também foi à cidade de
Serra Talhada.
Um
dia depois de cumprir agenda no interior de Pernambuco, Lula desembarcou na
capital para mais um dia de atividades políticas.
O
primeiro compromisso aconteceu às 9h, quando o presidente e sua mulher
Rosângela da Silva foram padrinhos no batizado dos filhos gêmeos do deputado
federal Carlos Veras (PT).
Depois,
o petista participou de um encontro com representantes da cultura do Estado no
Teatro do Parque, bairro da Boa Vista. O ex-presidente prometeu a recriação do
Ministério da Cultura.
O
evento em Olinda reuniu milhares de apoiadores em uma casa de eventos. O ato,
que anteriormente estava previsto para acontecer na Praça do Carmo, no Recife,
mudou para um local fechado por causa das chuvas que atingem a capital
pernambucana.
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