ESPECIAL
PARA O ESTADÃO, PORTO ALEGRE - Sem acordo, os pré-candidatos no Rio Grande
do Sul Edegar
Pretto (PT), Beto
Albuquerque (PSB) e Pedro Ruas (PSOL)
podem deixar a esquerda de fora de um provável segundo turno da eleição ao
governo do Estado pela segunda vez seguida. Hoje, conforme pesquisas, o
ex-governador Eduardo Leite (PSDB) - que renunciou ao cargo em março
-, e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) lideram as intenções de
voto. A divisão das candidaturas de esquerda neste ano pode repetir o cenário
de 2018, quando o segundo turno foi disputado entre Leite e o então
governador, José Ivo Sartori (MDB).
das agendas de pré-campanha do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. Beto
Albuquerque (PSB) é deputado federal, foi candidato a vice-presidente ao lado
de Marina Silva (Rede) em 2018 e, antes, secretário de Infraestrutura
no RS no governo de Tarso Genro (PT). Já Pedro Ruas (PSOL), hoje
deputado estadual e antes no PDT, já foi o vereador mais votado de Porto
Alegre.
Cada um dos representantes da esquerda gaúcha
dá um motivo para não selar um acordo: da posição nas pesquisas de intenção de
voto até a capacidade de reação e mobilização da sigla que representam para
impulsionar a candidatura ainda no primeiro turno e conquistar uma vaga no
segundo. O levantamento mais recente no Estado, de 16 de junho, da Exame/Ideia,
aponta Onyx com 25% das intenções de voto, seguido de Leite, com 20%.
Albuquerque e Pretto têm 11% e Ruas, 7%.
Para o presidente do PSB/RS, Mário Bruck,
ainda existe a possibilidade de uma frente de esquerda para evitar um segundo
turno com Leite e Onyx. “No momento, estamos trabalhando para isso. Estamos
conversando, tentando achar uma unidade”, disse. Apesar de acreditar na
aliança, o presidente do PSB disse que “não está nos planos do Beto abrir mão
da cabeça da chapa”: “Entendemos que ele pode ampliar a votação no segundo
turno e ganhar as eleições. As próprias pesquisas dizem isso”.
Além de esperar que Albuquerque, ex-deputado
federal, lidere essa aliança de esquerda, Bruck considera que seria importante
essa frente contar com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT).
Pretto, hoje deputado estadual, afirmou que já
é o candidato de Lula e declarou que gostaria de costurar uma frente ampla
contra o bolsonarismo, mas sabe das dificuldades. “Esta é nossa prioridade.
Compor uma grande frente, não só com os partidos, mas também com setores de
toda a sociedade e assim vencer os projetos representados por Eduardo Leite, no
Estado, e Bolsonaro, no Brasil”, disse. Ele alega já ter acordos com PC do B e
PV, além de manter conversas com o PSOL e buscar retomar os diálogos com o PSB.
“Isto nos faz ter certeza que a frente existirá, se não for no primeiro, no
segundo turno”, afirmou o deputado.
“É importante que se diga: essa candidatura não
é somente minha para abrir mão. Ela é do conjunto das forças do PT, dos
ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro, do senador Paulo Paim, das bancadas
estaduais e federais no Estado. Como o próprio Lula disse, a candidatura mais
viável para ir para o segundo turno é aquela que tem maior densidade de
militantes, estrutura e representação parlamentar. Por isso, acreditamos, e
vejo pela mobilização em cada agenda que participo, que o povo enxerga na nossa
candidatura a esperança de vitória”, declarou Pretto.
Pedro Ruas disse também que “está aberto para
conversar sobre coligações”, mas destacou ter sido escolhido pelo PSOL para ser
candidato: “Nas pesquisas de intenção de votos dos partidos de esquerda estou
na frente, então eu não abriria mão de encabeçar a chapa. Podemos ter uma
aliança com o PT, mas não com o PSB que nem considero de esquerda, já que fez
parte do governo Sartori e apoiou privatizações”.
Nome forte da esquerda gaúcha, a ex-deputada
federal Manuela D’Ávila (PC do B) defendia a unidade das
legendas de esquerda - ela considerava possível uma aliança entre Albuquerque e
Ruas. A candidata a vice na chapa liderada por Fernando
Haddad (PT), que foi derrotada por Bolsonaro na eleição presidencial
passada, Manuela, que chegou em 2020 ao segundo turno na disputa à Prefeitura
de Porto Alegre, não deverá concorrer a nenhum cargo neste ano, alegando
seguidas ameaças contra ela e sua família.
Sem união, chances de ter a esquerda no segundo
turno são remotas, diz especialista
Para o cientista político Bruno Schaefer,
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são muito remotas as
chances de a esquerda colocar candidato no segundo turno se não fechar uma
aliança. “O cenário político no Rio Grande do Sul mudou, podemos perceber isso
na última eleição, quando foram para o segundo turno Sartori e Leite. As
próprias pesquisas hoje mostram isso, com Onyx e Leite na frente. O eleitor
gaúcho está mais voltado para a direita e a esquerda só terá alguma chance se
definir uma frente, desunidos quase impossível”, disse.
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