Foto: © Reuters
SANTIAGO
(Reuters) - O otimismo que tomou conta do presidente de esquerda do Chile,
Gabriel Boric, ao assumir o poder em março, diminuiu à medida que a inflação, a
agitação social e as turbulências políticas têm prejudicado sua popularidade e
alimentado dúvidas sobre um esforço para afastar a economia de políticas
favoráveis ao mercado. As informações são de Alexander Villegas/Reuters
O
ex-líder de protestos estudantis venceu com folga as eleições presidenciais em
dezembro, chacoalhando os negócios, principalmente o setor de mineração, com
suas propostas de mudar as leis tributárias para financiar gastos sociais e
endurecer a regulamentação ambiental. O Chile é o maior produtor mundial de
cobre e o segundo produtor mundial de lítio.
Uma
pesquisa de opinião na segunda-feira mostrou que o apoio a Boric caiu para 34%,
o nível mais baixo de sua Presidência, refletindo o declínio do apoio à nova
Constituição planejada para o país.
"Foram
três meses de muita intensidade, grandes lições, autocrítica e aprendizado para
trabalhar em equipe", disse à Reuters Camila Vallejo, comunista do
gabinete de Boric que atua como porta-voz oficial de seu governo.
"O
primeiro momento difícil que tivemos foi a nossa primeira semana",
acrescentou, mencionando como a visita do ministro do Interior à região
inquieta da Araucanía foi interrompida por tiros.
O
desempenho de Boric é fundamental para o Chile e um termômetro para os governos
de esquerda na região e sua capacidade de conquistar eleitores irritados com os
altos preços do gás e dos alimentos, o arrefecimento do crescimento econômico e
o impacto residual da pandemia de coronavírus.
A
inflação no Chile está atualmente em uma taxa anual de 11,5%, muito acima da
meta do banco central de 2% a 4%. A inflação mensal subiu para perto da máxima
de 30 anos em março.
Boric
marca uma ruptura com os líderes tradicionalmente rígidos do país andino e
continua sendo um farol para os cidadãos fartos da desigualdade em uma das
nações mais ricas da região após protestos violentos em 2019.
Mas
enquanto a agenda ambiental de Boric e o foco na inclusão --as mulheres são a
maioria de seu ministério-- lhe rendem aplausos, analistas dizem que a maioria
dos eleitores está mais focada em assuntos cotidianos.
"As
pessoas querem chegar ao final do mês, poder comprar um carro, ter certeza de
que seus filhos vão prosperar", disse Cristóbal Bellolio, analista
político e professor da Universidade Adolfo Ibáñez, em Santiago.
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