O
Ministério do Interior da Rússia inseriu
em sua lista de criminosos procurados o popular jornalista local Alexander
Nevzorov, que também foi parlamentar no passado. Ele é acusado de “distribuir
informações falsas sobre as forças armadas russas”, crime definido por uma lei
aprovada em março deste ano. As informações são da rede Radio Free Europe.
Nevzorov,
cujo nome apareceu na relação de procurados na quarta-feira (4), vive
atualmente no exterior, em país incerto. Ele é acusado por Moscou de usar
o Instagram e o YouTube para criticar o exército russo pelo
ataque a uma maternidade
na cidade de Mariupol, na Ucrânia,
no qual foram registradas as mortes de ao menos três civis.
Por
que isso importa?
Na Rússia,
protestar contra o governo já não era uma tarefa fácil antes da eclosão da
guerra na Ucrânia. Desde a invasão do país vizinho por tropas russas, no
dia 24 de fevereiro, o desafio dos opositores do presidente Vladimir
Putin aumentou consideravelmente, com novos mecanismos legais à
disposição do Estado e o aumento da violência policial para silenciar os
críticos.
Uma
lei do início de março deste ano, com foco na guerra, pune quem “desacredita o
uso das forças armadas”. A pena mais rigorosa é aplicada por divulgar
“informações sabidamente falsas” sobre o exército e a “operação militar
especial” na Ucrânia, que é como o governo descreve a guerra. A reclusão pode
chegar a 15 anos. Os detidos ainda podem ser obrigados a pagar multas que chegam
a 300 mil rublos (R$ 16,9 mil).
Apesar
dos riscos, muitos russos enfrentam a repressão e a possibilidade de serem
presos e protestam de diversas maneiras para deixar clara sua oposição ao
conflito.
Em
Moscou, no dia 15 de março, ignorando todos esses riscos, uma mulher escolheu
como ponto de protesto a Catedral do Cristo Salvador. Em um cartaz, reproduziu
o sexto mandamento segundo a Igreja Ortodoxa: “Não matarás”. Outra mulher
desafiou a censura e se posicionou em uma esquina próxima do Kremlin com um cartaz
que dizia “Não à guerra”. Ambas foram retiradas por policiais e colocadas em um
camburão menos de dez minutos depois de exibirem os cartazes.
Yevgenia
Isayeva, uma artista e ativista da cidade russa de São Petesburgo, optou por um
protesto mais gráfico no domingo passado (27). Com um vestido branco, ela se
posicionou em frente à prefeitura da cidade e, então, despejou tinta vermelha
sobre a roupa, enquanto dizia repetidamente: “Meu coração sangra, meu coração
sangra…”. Também teve poucos minutos para se manifestar antes de ser retirada à
força.
Há,
ainda, os manifestantes que querem deixar sua mensagens sem expor a própria
imagem. Casos dos grafiteiros que têm feito surgir nos muros de cidades russas
mensagens antiguerra. Também no domingo passado (27), dois homens foram presos
na cidade de Tula, no sul do país, acusados de grafitar mensagens como
“Derrubem Putin” e “Parem Putin”.
A
jornalista russa Marina Ovsyannikova, por sua vez, ficou conhecida mundialmente
por interromper
um noticiário na TV estatal russa Canal 1 (Piervy Kanal) para
protestar contra a invasão da Ucrânia. No dia 14 de março, ela se postou
repentinamente atrás da apresentadora de um telejornal com um cartaz escrito em
russo e inglês que dizia “Não à guerra, não acredite na propaganda. Eles estão
mentindo para você”. Ela ficou no ar durante vários segundos até que o
canal a tirasse de cena.
No
dia seguinte ao protesto, a Justiça russa condenou a jornalista a pagar também
uma multa de 30 mil rublos (cerca de R$ 1,69 mil), justificando de se tratar de
uma “tentativa de organizar um protesto não autorizado”. Ovsyannikova diz que
pediu demissão e que não pretende sair do país, alegando ter recusado uma oferta
de asilo da França. Em abril, ela foi contratada
como correspondente freelancer do jornal alemão Die
Welt.
Coletivamente, um jeito diferente de protestar tem sido através de mensagens escritas em cédulas e moedas de rublos. O fenômeno passou a ser compartilhado em plataformas como Twitter, Telegram e Reddit. As mensagens são normalmente escritas à mão, sendo as frases mais comuns “não à guerra” e “russos contra a guerra”.
Fonte: a Referência
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do
professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação
Postar um comentário