Lula não quer saber de debate. Com um misto de arrogância e alheamento, Lula evita falar do presente e do futuro. Diz o Estadão


É muito ruim para o debate público neste ano eleitoral que o pré-candidato líder em todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência, Lula da Silva, esconda qual é o seu verdadeiro plano para a economia faltando tão pouco tempo para o primeiro turno. Como mostrou o Estadão, Lula tem se esquivado de conversas com empresários e outros agentes econômicos sob o pretexto de evitar desgastes com aliados antes de construir consensos internos sobre as propostas que deverão constar de seu plano de governo. A justificativa pode ser bonita, mas não deve convencer os eleitores mais atentos.

Para esses encontros com representantes dos setores financeiro e produtivo, o petista tem enviado emissários que pouco ou nada esclarecem as dúvidas dos interlocutores. O Estadão apurou que Lula está “intransigente” e não cogita participar de conversas nas quais as suas propostas possam ser escrutinadas por “eventuais desafetos”. Afinal, o que Lula tanto quer esconder? Não é próprio de quem pretende presidir o País fugir desse tipo de escrutínio.

Lula recuperou seus direitos políticos em março de 2021, o que o tornou automaticamente candidato petista à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. É muito difícil acreditar, sendo Lula quem é, que as conversas em torno de um esboço de plano econômico já não tenham sido amadurecidas ao longo desse tempo. Das duas, uma: ou os petistas ainda não sabem o que pretendem fazer caso voltem ao poder, o que denotaria espantoso amadorismo, ou, porque sabemos que os petistas não são amadores, Lula e sua turma já sabem muito bem o que pretendem fazer, mas acham mais prudente revelar ao País só quando o resultado da eleição for conhecido – e, nesse caso, que Deus nos proteja. 

Há algumas semanas, vale lembrar, Lula disse à revista Time que “a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições”, como se estivesse pedindo um cheque em branco ao eleitor, não o seu voto. Ora, a principal discussão que precisa ser travada neste momento, sem prejuízo de outras, é justamente sobre a política econômica que seja capaz de reconstruir o Brasil após a tempestade perfeita representada pela conjunção de pandemia de covid, guerra na Ucrânia e eleição para presidente de um despreparado como Jair Bolsonaro.

A sociedade tem o direito de saber o que o favorito para ganhar a eleição pretende fazer para controlar a inflação, reconduzir o Brasil à trilha do crescimento e gerar emprego e renda. As poucas informações que Lula se permitiu dar sobre suas ideias para a economia até agora revelam o perigo real de retrocesso.

Para plateias mais simpáticas à sua candidatura, o petista prometeu que, caso seja eleito, “não haverá teto de gastos” porque, segundo ele, os pilares da responsabilidade fiscal se prestam a “garantir dinheiro a banqueiro”. Lula também já disse ser favorável à revogação da reforma trabalhista, em boa hora aprovada no governo de Michel Temer e que foi capaz de reduzir o desemprego no País, como demonstram estudos acadêmicos sobre o tema. Lula também prometeu “abrasileirar os preços dos combustíveis”, um eufemismo para seu desejo de intervenção na Petrobras, tal como Bolsonaro.

É muito difícil que Lula, uma vez eleito, consiga avançar com essa agenda no Congresso, mas não deixa de ser preocupante que alguém com tamanho capital eleitoral esteja tão comprometido com o atraso.

Com um misto de arrogância e alheamento, Lula evita falar do presente e do futuro, sugerindo que os eleitores olhem para o que ele fez durante o tempo em que chefiou o governo, como se os desafios do Brasil e do mundo, hoje, não fossem outros.

Mas, se é para recorrer à memória, então que não seja uma memória seletiva. Convém lembrar do desastroso governo de Dilma Rousseff e do descarrilamento do País por obra e graça da sua “nova matriz econômica”. Lula faz de conta que nada disso é com ele e aposta que a mera comparação dos inventados “anos dourados” do lulopetismo com a indigência governamental de Bolsonaro basta para sua eleição. Pode funcionar, porque a memória dos eleitores costuma ser curta, mas é péssimo para o País. 

Texto: Notas & Informações /Estadão

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