Por:
Julia Chaib e Renato Machado/FolhaPress
A
executiva nacional do MDB oficializou nesta terça-feira (24) a pré-candidatura
da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República, para concorrer em
nome de um grupo de partidos da chamada terceira via.
O
aval é mais um passo para alavancar o nome, mas não encerra as resistências que
a parlamentar ainda vai enfrentar para consolidar a candidatura dentro do seu
próprio partido.
A
decisão foi tomada durante reunião da executiva nacional, presidida em Brasília
pelo presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Os outros
partidos ainda remanescentes na aliança, o Cidadania e o PSDB, ainda precisam
aprovar o nome de Simone Tebet, o único ainda em discussão no bloco.
O
movimento emedebista acontece um dia após a desistência do ex-governador de São
Paulo João Doria (PSDB) da disputa.
MDB,
PSDB e Cidadania tratam há meses do lançamento de um único candidato no campo
da terceira via, reunindo em uma só chapa verbas de campanha e tempo de
televisão.
A
União Brasil também integrava o bloco, mas decidiu seguir sozinha por avaliar
que os partidos ainda enfrentavam muitas divergências para encontrar o
consenso.
Mais
bem colocado numericamente nas pesquisas de intenção de voto e vencedor das
prévias internas do partido, João Doria enfrentava resistência dos demais
partidos e se viu abandonado pelo próprio PSDB. Saiu da corrida, abrindo o
caminho para que Simone Tebet seja o nome da chamada terceira via.
A
oficialização de Tebet pelo MDB é mais um passo nos planos da cúpula do
partido, em uma longa batalha com caciques do partido.
Em
dezembro, a executiva nacional do MDB havia lançado oficialmente a
pré-candidatura de Simone Tebet em grande evento no dia 8 de dezembro —ainda
antes das negociações para unificação da terceira via.
A
nova chancela da direção, agora no âmbito do bloco político, é o primeiro passo
para lançá-la na disputa, mas a candidatura só será oficializada na convenção
que será realizada entre julho e agosto.
“A
reunião de hoje serviu apenas para demonstrar que há esmagadora maioria do MDB
que defende a candidatura própria da senadora Simone Tebet”, afirmou Baleia
Rossi após a reunião, acrescentando que não é possível atingir unanimidade, mas
que calcula que 90% da executiva se posicionou favoravelmente à candidatura.
O
presidente do MDB foi questionado pela Folha se ele garantia que o nome de
Simone Tebet estaria nas urnas eletrônicas em outubro, mas ele evitou
transformar a sua resposta em um compromisso pessoal.
“Nós
garantimos”, respondeu, apontando para outros membros da executiva e do partido
que estavam na mesa para entrevista a jornalistas.
“O
MDB tem respeito à diversidade. E essa não é uma garantia do Baleia Rossi. É
daqueles que militam no MDB. Vamos dar publicidade a todos os depoimentos
[favoráveis à candidatura] que tivemos hoje. A nossa crença é que não vamos
debater pessoas, temos que debater o Brasil. E o MDB apresenta com larga maioria
na sua executiva o nome da senadora Simone Tebet como pré-candidata a
presidente”, respondeu
Apesar
de contar com o apoio da cúpula do seu partido e de vários diretórios
regionais, Simone Tebet ainda vai precisar se consolidar para que seja
oficializada na convenção do MDB. Adversários de sua candidatura e mesmo
aliados apontam que ela vai precisar crescer nas pesquisas nos próximos dois
meses para não precisar recuar.
“Eu
acho que a candidatura da Simone não se justifica pelo desempenho nas
pesquisas. Se houver mudança efetiva, uma fotografia diferente desse cenário
eleitoral, tudo bem. O que o MDB quer é ter candidato competitivo, que ajude a
alavancar palanques estaduais”, afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na
segunda-feira (23).
“Mas
é muito difícil que ela suba nas pesquisas, porque as eleições estão
polarizadas. Só é possível crescimento da terceira, quarta ou quinta via com a
queda de Lula ou Bolsonaro”, completa.
Renan
não participou da reunião da executiva nacional. Também não participaram outros
nomes que se mostram contra a candidatura própria do partido, como o senador
Marcelo Castro (MDB-PI) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE).
A
maior parte dos membros da executiva participaram da reunião remotamente.
Estiveram na sede da Fundação Ulysses Guimarães, em Brasília, nomes como o
senador Confúcio Moura (MDB-RO), o presidente da Frente Parlamentar da
Agropecuária, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), o deputado Alceu Moreira
(MDB-RS) e o deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ). Todos manifestaram
apoio à candidatura
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