Pré-candidato
a governador da Bahia, ACM Neto (União Brasil) disse nesta quarta-feira (25)
que não quer nacionalizar a eleição baiana. Com a fala, o ex-prefeito de
Salvador alfinetou os adversários Jerônimo Rodrigues (PT) e João Roma (PL), que
se associam a Lula e Bolsonaro, respectivamente. As informações são de José Matheus Santos/Folha de São Paulo.
Enquanto
o palanque petista busca associar ACM Neto a Bolsonaro, João Roma fala que o
ex-prefeito cogita flertar com Lula.
"Ambos
estão errados, assumimos uma posição muito clara de focar no futuro da Bahia, é
o que importa de fato aos baianos. Alguns pré-candidatos falam mais de seus
padrinhos políticos do que de si próprio, meu padrinho é o povo da Bahia",
disse ACM Neto em sabatina da Folha de S.Paulo e do UOL.
O
ex-prefeito disse que apoia a pré-candidatura ao Planalto de Luciano Bivar,
presidente nacional da União Brasil. "Meu partido, União Brasil, tem uma
pré-candidatura na mesa, que é de Luciano Bivar, e tem o respeito do partido,
aprovada por unanimidade pela executiva da União Brasil."
Na
Bahia, o arco de alianças de ACM Neto envolve partidos que apoiam candidatos a
presidente da esquerda, como o Solidariedade com Lula, e o PDT, que tem Ciro
Gomes como presidenciável.
A
aliança também inclui legendas aliadas de Bolsonaro nacionalmente, como o PP, e
outros partidos da chamada terceira via, como o PSDB.
"Tenho
um arco de alianças com diversos partidos. Estarei preparado para governar a
Bahia seja qual for o presidente. É o que tenho dito aos baianos", disse
ACM Neto.
O
pré-candidato a governador avaliou que a terceira via deve buscar unir o máximo
de forças possível para ser competitiva no enfrentamento a Lula e a Bolsonaro.
"Terceira
via é uma coisa já competitiva? Não é. Nesse momento, a cabeça dos brasileiros
está em Bolsonaro e em Lula. Existe tempo para novidades e surpresas? Sim,
agora ninguém tem bola de cristal", disse.
"Estamos
com palanque aberto, não estou nacionalizando a campanha, não enxergo
candidatos a presidente como meus adversários, tenho que debater a Bahia",
acrescentou.
Para
ACM Neto, os partidos da chamada terceira via devem incluir Ciro Gomes no
diálogo. O pré-candidato do PDT não tem participado de articulações junto com o
grupo de MDB, PSDB e Cidadania, que tendem a apoiar a senadora Simone Tebet
(MDB-MS) ao Planalto.
"Se
uma terceira via no Brasil quer ser viável, quer ter chances, não pode deixar
de considerar o peso político de Ciro e deixar de chamá-lo para dialogar",
afirmou Neto, que observa dificuldades atualmente de construir um palanque
amplo para a terceira via.
O
pré-candidato da União Brasil disse que, na sua aliança, os partidos estarão
livres para fazer campanha para os seus pré-candidatos nacionais, mas que não
será possível dividir palanque na campanha com nomes que disputam o Palácio do
Planalto.
Questionado
sobre quem seria pior entre Lula e Bolsonaro, ACM Neto disse que nenhum dos
dois representa o projeto que ele deseja para o Brasil e evitou uma das
alternativas. "Vou me reservar ao direito de não antecipar posições até em
respeito ao que pode acontecer e ao meu próprio partido", afirmou.
"Durante
10 anos como deputado federal, fiz oposição ao PT, nos dois governos de Lula e
no primeiro governo de Dilma até o momento em que virei prefeito. Sempre fiz
críticas muito duras, inclusive fui muito duro na CPI dos Correios no combate à
corrupção. Faço oposição no PT há 16 anos na Bahia", afirmou.
Quanto
a Bolsonaro, o ex-prefeito disse que evitou se aliar ao presidente e disse que
atuou para que o DEM não aderisse oficialmente ao governo.
"Em
2018, logo depois que Bolsonaro foi eleito, naquela época o DEM tinha três
ministros escolhidos por decisão pessoal do presidente, eu como presidente
nacional sequer admiti uma possível adesão do partido ao governo",
afirmou. "Assumi posições antagônicas ao governo federal principalmente no
combate à pandemia."
Na
segunda (23), o pré-candidato a governador pelo PL, João Roma, que já foi chefe
de gabinete de ACM Neto, disse que rompeu com o ex-prefeito quando se tornou
ministro da Cidadania do governo Bolsonaro.
Nesta
quarta, ACM Neto confirmou a motivação. "Estávamos no meio de uma ressaca
nas eleições para o Congresso e Rodrigo Maia, então presidente da Câmara,
estava em conflito interno no DEM", disse.
"Naquele
momento, se eu não me posicionasse dizendo que eu não concordaria com a ida de
João Roma [para o governo], eu seria acusado de negociar algo com o governo, o
que nunca fiz. Nunca indiquei exatamente para ter liberdade e autonomia pelas
minhas posições."
Em
meio aos ataques de Bolsonaro à democracia, ACM Neto aproveitou a sabatina para
defender o modelo representativo. Além disso, posicionou-se a favor do sistema
eleitoral, constantemente atacado pelo presidente.
"Já
ganhei e já perdi eleição nesse sistema, que é um dos mais avançados do mundo.
O sistema é auditável, basta os partidos quererem. O resultado da eleição terá
que ser respeitado, a democracia é assim."
Na
sabatina, a principal crítica de ACM Neto ao governo de Rui Costa (PT) foi na
questão da segurança pública. Para o ex-prefeito, o aumento da violência acontece
por falta de enfrentamento efetivo da gestão petista diante da criminalidade.
"Existem
números que são lamentáveis, 293 municípios da Bahia têm apenas dois policiais
que trabalham num esquema de revezamento, muitos municípios sem delegados,
semana passada 400 delegados entregaram seus cargos em protesto ao governo.
(...) Em muitos lugares, a polícia não entra porque está tomado ali pela facção
criminosa", disse.
"A
primeira coisa [que farei, se eleito] é mudar de postura, não pode terceirizar
a responsabilidade da segurança, vamos fazer concurso para as polícias, há um
déficit grande na tropa e também nos profissionais da área da Polícia Civil,
vai ter que se trabalhar uma valorização da carreira, os policiais estão
desmotivados, e trabalhar com inteligência, trazer o que há de mais moderno em
tecnologia."
Para
ACM Neto, os jovens negros e pobres são os mais afetados pela insegurança.
"A
gente não pode colocar a luz apenas nas vitimas das polícias, até porque a
polícia também é vítima do crime hoje na Bahia. A grande vítima da situação da
segurança na Bahia são os jovens negros, pobres e que moram em geral na
periferia das grandes cidades ou nas áreas mais pobres de cidades do
interior", afirmou.
"Não
defendo uso exagerado da força, sair atirando indiscriminadamente, mas vai ter
suporte para trabalhar e enfrentar o bandido. Não podemos inverter os valores,
ele [o criminoso] precisa ser combatido e preso. A polícia precisa ter
condições de fazer seu trabalho, colocando bandido na cadeia."
ACM
Neto ainda avaliou como negativa a situação da educação pública estadual. Um
dos seus adversários, Jerônimo Rodrigues, foi secretário de Educação do governo
de Rui Costa.
"No
final do ano, tem o carimbo bonitinho de aprovado e quando vamos ver o aluno
não aprendeu. A Bahia tirou zero em educação a distância, o governo não fez
praticamente nada para ajudar os alunos na pandemia. Infelizmente, temos uma
geração prestes a acabar o ensino médio e que não está preparada para o mercado
de trabalho."
O
ex-prefeito também disse ser contra a cobrança de mensalidades em universidades
públicas. Afirmou também que pretende viabilizar a construção da ponte
Salvador-Itaparica se o projeto for viável economicamente.
ACM
Neto foi o segundo entrevistado da semana de sabatinas com pré-candidatos ao
Governo da Bahia. Na segunda (23), João Roma (PL) abriu a série. Os próximos
entrevistados serão Kleber Rosa (PSOL), na quinta (26), e Jerônimo Rodrigues
(PT), na sexta (27).
A
sabatina foi conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Carlos Madeiro,
do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha de S.Paulo.
Raio-X
Nascido
em Salvador, ACM Neto, 43, é formado em direito. É neto do ex-senador Antônio
Carlos Magalhães (1927-2007) e filho de Antônio Carlos Magalhães Júnior,
diretor da televisão Rede Bahia. Em 2002, Neto foi eleito deputado federal e
reeleito em 2006 e 2010. Em 2012, foi eleito prefeito de Salvador e reeleito em
2016.
CONFIRA
AS DATAS DAS SABATINAS E DOS DEBATES
Demais
sabatinas com pré-candidatos ao Governo da BA
Kleber
Rosa (PSOL) - 26/5 - 10h
Jerônimo
Rodrigues (PT) - 27/5 - 10h
Sabatinas
presidenciais
2º
turno - de 10 a 14/10
Debates
presidenciais
2º
turno - 13/10, às 10h
Debate
com candidatos à Vice-Presidência
1º
turno - 29/9, às 10h
Debate
com candidatos ao Senado
1º
turno - 27/9, às 10h
Sabatinas
com pré-candidatos ao Governo de SP
2º
turno - de 17 a 21/10
Demais
sabatinas
Semana
de 30/5 - PR
Semana
de 06/6 - RS
Semana
de 13/6 - PE
Semana
de 20/6 - CE
Debates
com candidatos ao Governo de SP
1º
turno - 19/9, às 10h
2º
turno - 20/10, às 10h
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