O
pré-candidato à Presidência Ciro
Gomes (PDT) afirmou, neste domingo, 10, que a declaração de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) em defesa do aborto foi “estapafúrdia”. Em
sua sabatina na Brazil Conference, o pedetista argumentou que o debate sobre as
chamadas “pautas de costume” favorece a reeleição do presidente Jair
Bolsonaro (PL), e atribuiu a insistência nesses temas a uma suposta
“burrice” do campo da esquerda. As informações são de Davi
Medeiros/Estadão.
“Nosso
povo é ‘criptorreacionário’, crescentemente neopentecostal e profunda e
enraizadamente cristão em matéria de costumes. Então, pensa se um político tem
o direito de se meter na minha família para me dizer como eu devo tratar um
filho gay meu?”, afirmou, ponderando, contudo, que é a favor de políticas
afirmativas.
Ciro
acrescentou: “Por que o Lula tinha que dar uma declaração estapafúrdia como a
que ele deu agora, que todo mundo tem direito a fazer aborto? Que coisa mais
simplória para um assunto tão grave. (...) Qual o poder que Lula tem, sendo
presidente por 14 anos, ou mandando na Presidência do Brasil, que não resolveu
essa questão? Porque ela é insolúvel”.
Na
última terça-feira, 6, Lula defendeu a ampliação do direito ao aborto e disse
que, se for eleito, o assunto será tratado como uma “questão de saúde pública”.
O petista também classificou a pauta de "família e valores" pregada
pelo governo como “muito atrasada". As declarações foram feitas durante um
debate promovido pela Fundação Perseu Abramo e pela entidade alemã Fundação
Friedrich Ebert, em São Paulo.
Neste
domingo, o presidenciável do PDT defendeu que a pauta das eleições de outubro
tenha foco em temas como “economia e emprego”. O debate contra o atual
presidente deve ser “racionalizado”, ele disse, e não sobre “kit gay”.
Sérgio
Moro
Durante
sua participação no evento, Ciro classificou o ex-ministro Sérgio
Moro (União Brasil) como "inimigo da República" e disse que, se
estivesse presente no debate de ontem, teria o xingado "de bandido para
cima". O ex-juiz foi um dos convidados da Brazil Conference no sábado, 9.
Quanto
à política econômica de seu eventual governo, Ciro voltou a defender a
revogação do teto de gastos – regra fiscal que limita o gasto da União à
inflação – e a taxação de grandes patrimônios. Ele afirmou que “a democracia
brasileira fracassou explosivamente em desenhar um modelo de desenvolvimento econômico”.
Criticou,
também, o sistema de câmbio flutuante adotado pelo Banco Central, o que,
segundo ele, gera incertezas para o “business plan” das empresas. “Temos
indústrias indo embora porque ninguém consegue fazer conta no Brasil, porque o
câmbio se tornou instrumento de demagogia”, afirmou.
Brazil
Conference, evento apoiado pelas universidades Harvard e MIT. Realizada
anualmente, a conferência tem parceria do Estadão, que faz a cobertura dos
debates.
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