Foto divulgação
Por : Matheus Teixeira/FolhaPress
A janela que autoriza a mudança de partido sem perda de mandato levou o PSB a ver sua bancada na Câmara dos Deputados cair de 30 para 22 parlamentares, em uma queda superior a 25%.
A
cúpula do PT avalia em conversas reservadas que essas baixas retiram força da
legenda nas negociações para impor seus candidatos em estados importantes, como
São Paulo e Rio Grande do Sul.
Petistas
apostam que o enfraquecimento do PSB irá reforçar a articulação de parte do PT
para que o partido não entregue nada além do posto de vice para Geraldo Alckmin
(PSB) e os apoios no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Maranhão.
O
nome de Alckmin para compor a chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) foi apresentado pelo PSB na última sexta-feira (8). A ideia do
petista é que o ex-governador de São Paulo o ajude a dialogar com setores
conservadores da sociedade e com o meio empresarial.
Ele
também terá o desafio de manter uma relação harmônica com o PT enquanto seus
aliados cobram apoio em negociações estaduais.
O
principal ponto de divergência entre as siglas está em São Paulo, maior colégio
eleitoral do país.
O
PT pretende lançar o ex-prefeito da capital Fernando Haddad na disputa para o
governo do estado, enquanto os socialistas apoiam o ex-governador Márcio França
na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
O
PT pressiona o partido aliado a recuar e compor a chapa majoritária com França
na corrida pelo Senado. Por meio da assessoria, porém, o socialista afirma que
não abrirá mão da disputa e que a candidatura está mantida.
Nos
cálculos petistas, a saída de França da corrida seria importante para Haddad se
consolidar como o nome da esquerda nas eleições de SP.
Pesquisa
do Datafolha divulgada na quinta-feira (7) mostra Haddad com 29% contra 20% de
França. Sem o PSB na disputa, o petista sobe para 35%.
No
desafio de deixar o campo da esquerda livre para Haddad, o PT já conseguiu, por
exemplo, fazer o líder dos sem-teto Guilherme Boulos retirar a candidatura ao
Palácio dos Bandeirantes.
Nos
últimos anos, o PSB também ficou enfraquecido no Legislativo paulista. Após
iniciar a legislatura, no começo de 2019, com oito deputados estaduais, a sigla
vai para as eleições deste ano com apenas dois parlamentares na Assembleia
Legislativa de SP.
Outro
sonho da cúpula do PSB é conquistar o apoio do PT ao ex-deputado Beto
Albuquerque na eleição para o Governo do Rio Grande do Sul.
O
PT lançou o deputado estadual Edegar Pretto na corrida pelo Palácio Piratini. A
direção nacional da legenda até aceitaria abrir mão da candidatura própria no
RS, mas o partido em nível estadual está irredutível em relação a essa
possibilidade.
Mesmo
nos estados em que já há apoio garantido do PT a relação entre as duas legendas
ainda não está bem sedimentada. No Rio de Janeiro, por exemplo, Lula anunciou
publicamente que seu candidato será o deputado federal Marcelo Freixo (PSB).
Há
divergências, porém, na composição do restante da chapa majoritária. O PT
fluminense já topou apoiar Freixo, mas não aceita abrir mão da indicação do
candidato a senador nessa composição e escolheu o deputado estadual André
Ceciliano (PT-RJ) para ocupar o posto.
O
PSB, por sua vez, lançou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) para o
Senado. Por enquanto, nenhum dos dois dá indícios de que pretende recuar.
O
Maranhão é um dos poucos estados em que a parceria entre PT e PSB já está
sacramentada. O ex-governador Flávio Dino (PSB) deixou a chefia do Executivo
local para disputar uma vaga no Senado Federal filiou Carlos Brandão, que era
seu vice e assumiu o governo local, à sigla socialista.
O
PT, então, indicou o ex-secretário estadual de Educação Felipe Camarão para o
posto de vice. Nesse caso, o PT aceitou não ter o candidato a governador nem a
senador, diferentemente do RJ.
O
Espírito Santo é outro entrave estadual entre as legendas. O PT filiou o
senador Fabiano Contarato (PT) ao partido e pretende lançá-lo a governador.
O
atual chefe do Executivo capixaba, Renato Casagrande (PSB), porém, trabalha
para que o PT não tenha candidato próprio.
Na
Paraíba, o governador João Azevêdo (PSB) vai à reeleição, enquanto o
ex-governador Ricardo Coutinho (PT) tenta levar seu partido a apoiar Veneziano
Vital (MDB) na disputa para o Executivo local.
O
deputado federal por Minas Gerais Júlio Delgado, que deixou o PSB e se filiou
ao PV, afirma que é necessário "reconhecer que houve uma
fragilização" em sua antiga sigla e diz que isso "pode repercutir não
só nessa relação entre os partidos como nas eleições deste ano".
"Houve alguns equívocos nessas discussões. O prazo para fechar a federação ficou para depois do fim da janela e não podíamos esperar para ver se sairia a federação para tomar uma decisão", afirma.
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