Governadores de seis estados deixaram os cargos ao longo desta
semana para disputar as eleições de 2022. O prazo limite para a
desincompatibilização das funções por parte dos que ocupavam o Poder Executivo
acaba neste sábado (2). As informações de José Matheus Santos/FolhaPress.
A
seis meses das eleições, deixam os cargos os governadores Camilo Santana (PT),
no Ceará; Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul; Flávio Dino (PSB), no
Maranhão; João Doria (PSDB), em São Paulo; Renan Filho (MDB), em Alagoas; e
Wellington Dias (PT), no Piauí.
Dos
seis, quatro governam estados do Nordeste e tentarão ser candidatos surfando na
popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na região. Os
outros dois são do PSDB e desejam integrar a disputa presidencial.
Um
dos primeiros a indicar que sairia da função, o governador do Piauí, Wellington
Dias, passou o cargo para a vice, Regina Sousa, primeira mulher a comandar o
Executivo no estado. Bem avaliado, Wellington disputará o Senado em outubro.
Com
o favoritismo de Wellington para vencer, o senador Elmano Ferrer (PP-PI),
aliado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deverá disputar uma vaga na
Câmara dos Deputados. A oposição busca definir um nome para encarar o petista
no Piauí.
Nos
últimos 20 anos, Wellington Dias foi governador do Piauí por quase 16. Quando
não esteve no Executivo, entre 2011 e 2014, estava no Senado Federal, para onde
já foi eleito em 2010, após deixar o segundo mandato de governador.
Dessa
vez, quer repetir o feito após finalizar o quarto governo no estado piauiense.
No
Ceará, Camilo Santana deixa o Palácio Abolição neste sábado (2) e transmite o
cargo à vice-governadora Izolda Cela (PDT). O petista disputará o Senado na
eleição de outubro, mas ainda não sabe quem será o seu colega de chapa.
A
vaga para disputar o governo está reservada ao PDT, comandado pelo senador Cid
Gomes (CE) e pelo ex-ministro Ciro Gomes, no estado que é reduto político de
ambos.
A
preferência de Camilo é que a nova governadora Izolda Cela seja candidata à
reeleição, mas ele tem evitado intervir na questão para evitar racha na base
aliada.
Apesar
de ser do PT, Camilo Santana é aliado de primeira hora de Ciro e Cid Gomes.
Mesmo com as fagulhas entre petistas e os irmãos Gomes, o agora ex-governador
do Ceará manteve a boa relação com os seus padrinhos políticos.
Camilo
foi lançado para o Governo do Ceará em 2014 na disputa pela sucessão de Cid
Gomes e conquistou o primeiro mandato após uma dura disputa no segundo turno
contra o então senador Eunício Oliveira (MDB), hoje seu aliado.
Em
2018, o petista saiu das urnas com a maior votação proporcional do país,
reeleito com 79,96% dos votos válidos.
Agora,
Camilo mira a cadeira do senador Tasso Jereissatti (PSDB), com quem tem boa
relação. O tucano já anunciou publicamente que não disputará a reeleição,
ampliando o favoritismo do petista no pleito pelo Senado.
No
Maranhão, Flávio Dino (PSB) deixou o governo nesta sexta e passou o bastão para
o seu mais novo colega de partido, o seu vice Carlos Brandão, que deixou o
PSDB.
Mesmo
sendo bem avaliado, Dino enfrentará uma divisão da base governista na sucessão
no Maranhão, o que poderá trazer reflexos para a sua campanha ao Senado.
Com
apoio de Dino, Brandão disputará a reeleição para o Palácio dos Leões. Além
dele, o senador Weverton Rocha (PDT) se lançou para o governo. Os dois
palanques flertam com o ex-presidente Lula, cuja imagem já é alvo de disputa
entre ambos os lados.
Flávio
Dino derrotou nas suas duas vitórias o grupo político dos Sarney, um dos mais
influentes no Maranhão. Em 2022, ele espera conseguir uma vaga para o Senado.
O
governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), renuncia ao cargo neste sábado (2).
Ele deverá disputar o Senado nas eleições de outubro com apoio de Lula.
Com
a saída de Renan Filho da função, haverá uma eleição indireta na Assembleia
Legislativa para a escolha do novo governador de Alagoas. Isso porque Luciano
Barbosa (MDB), que foi eleito vice-governador em 2018, elegeu-se prefeito de
Arapiraca, maior cidade do interior do estado, nas eleições municipais de 2020.
Com
o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, será candidato à
reeleição de deputado estadual, o cargo de governador passará para as mãos do
presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Klever Loureiro,
até a eleição indireta ser realizada em um prazo de 30 dias.
Na
Assembleia, a base do governo Renan Filho já está articulada para eleger o
deputado estadual Paulo Dantas (MDB) para o governo tampão. O acordo também
prevê que ele dispute a reeleição na eleição de outubro pelo voto popular.
Em
2022, na disputa pelo Senado, Renan Filho deverá ter como adversário nas urnas
um ex-aliado, o senador Fernando Collor (Pros), apoiador de Bolsonaro e que
quer a reeleição. Eles foram eleitos na mesma chapa em 2014, mas romperam ainda
no primeiro mandato de Renan Filho.
Os
tucanos Eduardo Leite e João Doria deixaram, respectivamente, os governos do
Rio Grande do Sul e de São Paulo, e poderão travar uma batalha pela candidatura
à Presidência pelo PSDB.
Doria
deixou o Palácio dos Bandeirantes quatro meses após ser escolhido como
pré-candidato do PSDB à Presidência da República após vencer as prévias
internas da sigla. Nesta quinta, ensaiou um recuo e disse a aliados que poderia
permanecer no governo paulista, mas desistiu de desistir após pressão de
tucanos do entorno.
O
tucano tenta uma ascensão meteórica na política.
Eleito
prefeito da capital paulista em 2016 no primeiro turno, Doria deixou o
Executivo municipal com apenas um ano e três meses de governo e se lançou para
o Palácio dos Bandeirantes, vencendo o pleito em 2018 em um segundo turno
acirrado contra Márcio França (PSB).
O
seu partido, o PSDB, elege governadores em São Paulo desde 1994. A sigla, desde
então, tem os gestores paulistas como potenciais candidatos ao Planalto.
No
entanto, um obstáculo pode aparecer contra o paulista dentro do PSDB. Trata-se
do governador gaúcho Eduardo Leite, que, ao deixar o Palácio Piratini, vira uma
sombra no caminho de Doria rumo às eleições.
Leite
não disse explicitamente que disputará um mandato presidencial, mas ele foi
estimulado a seguir no partido após uma ala da legenda convencê-lo de que João
Doria poderia abrir mão da candidatura mais à frente, o que abriria caminho
para o gaúcho assumir a missão.
Um
dos complicadores para Doria é a elevada rejeição nas pesquisas de intenção de
voto. No entanto, o grupo do paulista justifica que ele venceu as prévias
partidárias e teria legitimidade para seguir adiante na disputa nacional.
Um
dos mais novos a assumir o comando do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, por sua
vez, disse que começará a circular pelo país, estimulando jovens a entrarem na
política e debatendo propostas e ideias. Ele rejeitou convite do PSD para ser
candidato a presidente.
No
seu lugar, assumiu, nesta quinta, o governo do Rio Grande do Sul o vice Ranolfo
Vieira Júnior, agora governador. Ranolfo foi eleito em 2018 pelo PTB, mas
deixou a sigla após críticas do ex-deputado Roberto Jefferson a Eduardo Leite.
De
olho na eleição de 2022, Ranolfo se filiou ao PSDB, com aval de Eduardo Leite,
e deseja tentar a reeleição. No entanto, outros partidos da base aliada de
Eduardo Leite, como MDB e PSB, possuem pré-candidatos ao Piratini. O próprio
PSDB, inclusive, não está fechado em torno de Ranolfo.
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