Foto reprodução - G1
O
cantor, compositor e ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil , de 79 anos, tomou
posse nesta sexta-feira (8) como membro "imortal" na Academia
Brasileira de Letras (ABL).
Gil
passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, sucedendo o acadêmico Murilo Melo
Filho, que foi advogado, escritor e um dos grandes jornalistas brasileiros da
segunda metade do século XX. Em seu discurso de posse, Gil lembrou que é o
primeiro representante da música popular brasileira a tomar posse na academia.
"Entre
tantas honrarias que a vida generosamente me proporcionou essa tem para mim uma
dimensão especial, não só porque aqui é a casa de Machado de Assis, um escritor
universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL, fundada em 20 de
julho de 1897, representa mesmo para quem a critica a instância maior que
legitima e consagra de forma perene a atividade de um escritor ou criador
cultura em nosso país", afirmou o novo "imortal".
"A
Academia Brasileira de Letras é a Casa da Palavra e da Memória Cultural do
Brasil. E tem uma responsabilidade grande no sentido de fortalecer uma imagem
intelectual do país que se imponha à maré do obscurantismo, da ignorância, e
demagogia de feição antidemocrática", disse ainda o compositor.
"Poucas
vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de
cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Há uma guerra em prol
da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da Internet, e a questão
merece a atenção dos nossos educadores e homens públicos", acrescentou.
"A
ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu gostaria, aqui,
efetivamente, de colaborar para o debate, em prol da cultura e da
justiça", disse ainda Gil.
A
posse ocorreu no Petit Trianon, no Centro do Rio. A eleição de Gil para a
Cadeira 20 da ABL foi em novembro do ano passado, quando o ícone da música
brasileira recebeu 21 votos.
A
cadeira 20 da ABL tem como patrono Joaquim Manuel de Macedo, e o fundador foi
Salvador de Mendonça. Também a ocuparam Emílio de Meneses, Humberto de Campos,
Múcio Leão, Aurélio de Lyra Tavares e Murilo Melo Filho, que faleceu em 2020.
O
artista é, atualmente, o segundo negro a ocupar uma cadeira na ABL. O outro
imortal é o escritor e professor Domício Proença Filho, que foi presidente da
academia em 2016 e 2017.
TRAJETÓRIA:
Gilberto Gil é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical
cuja obra se confunde com a própria música brasileira. Entre 1998 e 2019, ele
recebeu 9 prêmios Grammys, segundo a sua página oficial. Em 1999, foi nomeado
"Artista pela Paz", pela Unesco.
São
dele os clássicos "Aquele Abraço", "Vamos Fugir", "A
Novidade", "Cálice", "Esotérico", "Divino
Maravilhoso". Ele tem uma extensa discografia com mais de 60 álbuns e
quase 4 milhões de cópias vendidas.
Gilberto
Gil também escreveu e publicou livros sozinho e em parceria com outros autores.
Entre as obras estão “Gilberto bem Perto”, “Disposições Amoráveis” e “Cultura
pela palavra: artigos, entrevistas e discursos dos ministros da cultura
2003-2010”.
Em
2001, Gil foi nomeado embaixador da ONU para agricultura e alimentação. Ele
também foi ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008, durante dois
mandatos do ex-presidente Lula.
Com informações do G1
Bahia
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