O
presidente polonês Andrzej Duda comparou os ataques das forças da Rússia contra a Ucrânia às ações da Alemanha
nazista contra a Polônia durante
a Segunda Guerra Mundial. Durante visita à Bulgária, na terça-feira (22), ele
afirmou que os bombardeios russos contra a cidade ucraniana de Mariupol remetem
ao cerco a Varsóvia em 1944. As informações são da agência Associated
Press.
“Meus
compatriotas poloneses estão olhando
hoje para Mariupol e estão dizendo: ‘Deus’ – eles dizem isso com
lágrimas nos olhos – ‘Mariupol se parece com Varsóvia em 1944, quando os
nazistas, os alemães de Hitler, estavam bombardeando
brutalmente casas, matando pessoas, matando civis sem nenhuma piedade’”,
disse Duda.
No
discurso, o líder polonês fez especial referência aos ataques aéreos que têm
atingido instalações que abrigam civis, sendo a cidade de Mariupol o principal
alvo da fúria russa. Há relatos de bombardeios
contra uma maternidade, com três civis mortos, e também contra um teatro e
uma escola de arte, ambos usados como refúgio para civis.
“Hoje,
o exército russo está se comportando exatamente da mesma maneira [que os
nazistas]. Os líderes russos estão se comportando exatamente da mesma maneira.
Como Hitler, como a SS alemã, como os pilotos alemães do exército fascista
durante a Segunda Guerra Mundial”, disse o líder polonês, que no final da
semana receberá o presidente
dos EUA, Joe Biden, em Varsóvia.
Milhões
de refugiados
De
acordo com a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), 3,53 milhões de
pessoas deixaram a Ucrânia rumo a países vizinhos para fugir da guerra, sendo a
Polônia o principal destino. Desse total, mais de 2,1 milhões de ucranianos
buscaram abrigo em território polonês, sendo a Romênia o segundo principal
destino, com mais de 540 mil refugiados recebidos. Já a Moldávia recebeu cerca
de 367 mil pessoas.
Viktoria
Totsen, uma moradora de Mariupol, diz que os bombardeios
russos são incessantes, o que a levou a deixar a cidade junto das duas
filhas. “Durante os últimos cinco dias, os aviões nos sobrevoavam a cada cinco
segundos e jogavam bombas em todos os lugares”, disse ela.
Natalia
Shabadash é outra ucraniana que se viu forçada a deixar o país e atualmente
está abrigada na Polônia. Ela conta que uma das bombas disparadas pelos jatos
militares russos explodiu a cerca de 500 metros da casa onde morava. “Foi muito
assustador, por isso decidimos deixar nossa casa”, afirmou ela, explicando que
o marido, como muitos homens ucranianos, permaneceu no país.
A
Agência da ONU lembra que há ainda 6,5 milhões de pessoas deslocadas
internamente pelo conflito. São ucranianos que podem vir a deixar o país num
futuro próximo, caso
a guerra não termine.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site
independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde
o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev,
que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações
ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora
do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de
todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas
principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o
país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos
de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema
e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
Fonte: A Referência
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