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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao Congresso e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante evento com apoiadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná. As informações são de Ana Luiza Albuquerque e Luís Fernando Wiltemburg/FolhaPress
"O
Congresso Nacional nunca esteve tão deformado como está agora. Nunca esteve tão
antipovo, tão submisso aos interesses antinacionais. É talvez o pior Congresso
que já tivemos na história do Brasil", afirmou na tarde deste sábado (19)
em visita ao assentamento Eli Vive, em Londrina.
Lula
disse que há um excesso de poder nas mãos de Lira e criticou o grupo de
trabalho criado pelo presidente da Câmara para discutir o modelo de
semipresidencialismo no país.
O
ex-presidente também alertou para os problemas do orçamento secreto (as emendas
de relator), chamado por ele de "orçamento lesa-pátria".
"Não
conseguiram aprovar o parlamentarismo com dois plebiscitos, então vão tentar
uma mudança na Constituição para criar o semipresidencialismo. Você elege um
presidente, pensa que vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, com
orçamento secreto para comprar o voto dos deputados, para fazer todas as
desgraceiras que estão fazendo."
Nesta
sexta (18), a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou
pedido do Congresso para estender por mais 90 dias o prazo para informar o nome
de todos os parlamentares beneficiados em 2020 e 2021 pelas emendas de relator.
Conhecidas
pelo código RP9, essas verbas são utilizadas como moeda de negociação política
pelo governo Jair Bolsonaro (PL).
A
magistrada já havia ampliado, em dezembro, de 30 para 90 dias o prazo para que
essas informações fossem apresentadas pelo Legislativo.
Nesta
tarde, Lula reforçou mais de uma vez a necessidade de eleger deputados e
senadores, uma das prioridades do PT para dar sustentabilidade a um eventual
novo mandato do petista.
"Durante
as eleições eu vou pedir voto para deputado. Vocês tratem de lançar candidato.
Nós precisamos de pelo menos metade de deputados bons. Se não, não consegue
aprovar, fazer as coisas", disse.
O
ex-presidente afirmou, também, que "a luta vai ser difícil".
"Estamos lutando contra o que tem de pior na política brasileira. Estamos
brigando contra pessoas com pensamento fascista", disse.
Lula
aproveitou para atacar dois de seus principais adversários no próximo pleito o
presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), responsável
pela sua prisão.
"Não
sei como uma figura grotesca como o Moro se mete a ser candidato a presidente.
O que ele entende de povo? De pobreza? Do mundo do trabalho? Nada. Ele mal e
porcamente aprendeu a ler e decorar o Código Penal", afirmou.
O
petista disse, ainda, que existe no país uma "fábrica de mentiras" e
acusou Bolsonaro de contar "sete mentiras todo santo dia".
"Quando
ele não está mentindo, está fazendo desgraça, vendendo, quebrando o país. Esse
cara não visitou uma família que morreu de Covid, não teve uma palavra de
afeto, desrespeitou a ciência. Montou uma verdadeira quadrilha no Ministério da
Saúde, com o Pazuello [ex-ministro], para comprar vacina, mesmo negando a
vacina."
A
visita do ex-presidente neste sábado foi organizada pelo MST e se deu no
assentamento situado em Lerroville, um dos oito distritos rurais do município,
distante cerca de 57 km da área urbana.
Criado
há 13 anos, no segundo mandato de Lula, o Eli Vive tem 7.500 hectares de
extensão e abriga 501 famílias assentadas, com cerca de 3.000 moradores.
Lula
esteve acompanhado do ex-governador do Paraná Roberto Requião, que se filiou ao
PT para disputar o quarto mandato; da presidente do partido, a deputada federal
Gleisi Hoffmann; da chef de cozinha Bela Gil, que estuda se candidatar a
deputada estadual ou federal por São Paulo; do fundador do MST, João Pedro
Stedile; e de sua noiva, a socióloga Rosangela da Silva, a Janja.
O
encontro marcou o lançamento dos Comitês Populares, que atuarão na organização
da campanha eleitoral de Lula no estado. Segundo Stedile, o objetivo desses
grupos é fazer "propaganda da necessidade da mudança com Lula
presidente" e debater com o povo quais as mudanças prioritárias para o
país.
A
estimativa é criar 5.000 comitês em todo o Paraná, de acordo com a organização
do evento. A divulgação do encontro pelo PT nacional no Instagram falava sobre
a "retomada do trabalho de base".
Material
impresso vai orientar a formação destes comitês, mas a presidente nacional do
Partido dos Trabalhadores, em seu discurso, deu a tônica de que o trabalho deve
se estender para as redes sociais. Ao comentar a notícia de que Bolsonaro é
quem mais tem engajamento nas redes sociais, Gleisi pediu mais participação
presencial e virtualmente dos militantes.
"Hoje
eu li que Bolsonaro é quem está engajando mais, ou seja, as pessoas estão
saindo mais por ele nas ruas, estão colocando mais coisas nas redes, estão
falando mais. Nós não podemos deixar acontecer isso, gente! Cada um de nós tem
um celular, vi um monte de celularzinho. Nós temos que botar para
funcionar", disse ela. "Essa vai ser uma campanha dura",
completou.
Antes
das 9h deste sábado, a área do assentamento que abriga a sede da cooperativa e
o mercado do Eli Vive já estava cheia para a espera de Lula. Alguns presentes
comentavam, porém, que, apesar do grande volume de pessoas, não parecia haver
as dez mil aguardadas pela organização. A assessoria do evento não informou o
número estimado de visitantes.
Lula
voltou a Curitiba nesta sexta-feira (18), dois anos e quatro meses depois de
deixar a carceragem da Polícia Federal, onde permaneceu preso por 580 dias. Em
busca de apoio político nos estados para a eleição presidencial de 2022, ele
participou da solenidade de filiação de Requião ao PT.
A
presença do ex-governador nas eleições estaduais garantirá palanque para Lula
no estado, onde foi alta a rejeição ao Partido dos Trabalhadores no último pleito
presidencial.
Em
discurso no assentamento, Lula afirmou que está feliz com a entrada de Requião
no partido "depois de muita teimosia". "Requião é aquela coisa
mais ou menos como o Stedile. Não precisa falar bem da gente para a gente
gostar dele. Me faz gostar dele pelo gesto", disse.
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