OPOSIÇÃO A GUERRA: Submissa a Putin, elite russa começa a mudar o tom e a se opor à guerra na Ucrânia

 

O cofundador do Alfa Bank, Mikhail Fridman (Foto: Wikimedia Commons)

A elite econômica e política da Rússia, habitualmente submissa ao presidente Vladimir Putin, começa a se posicionar contra a guerra desencadeada pela invasão do país à Ucrânia. Na última sexta (25), o líder russo convocou uma reunião de emergência com alguns dos donos das maiores fortunas do país. E nem todos compareceram, segundo o site independente The Moscow Times.

Um dos oligarcas que entrou em rota de colisão com Putin foi Mikhail Fridman, cofundador do Alfa Bank e cujos pais vivem em Lviv, na Ucrânia. Ausente do encontro com Putin, ele classificou a guerra como “uma tragédia” e pediu o fim do “derramamento de sangue“.

O empresário Oleg Deripaska, da indústria de metais e que também faltou à reunião de sexta, seguiu o mesmo caminho e se manifestou contra o conflito em um grupo do aplicativo de mensagens russo Telegram. “A paz é muito importante. As negociações devem começar o mais rápido possível”, disse ele.

Na política russa também começam a surgir vozes dissonantes em relação ao presidente. Uma delas, Tatiana Yumashev, filha do ex-presidente Boris Yeltsin e figura importante na indicação de Putin para comandar o país em 1999. Ela deixou sua posição clara através do Facebook, ao substituir a foto de perfil por um fundo negro e dizer “não à guerra“. 

A oposição ao conflito respinga até mesmo na cúpula do poder. Liza Peskova, filha do porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, também contestou a guerra no Instagram, mas o post foi posteriormente apagado. Fizeram o mesmo as filhas do oligarca do petróleo Roman Abramovich, o genro do ministro da Defesa Sergei Shoygu e o filho do chefe da RosTech e amigo de longa data de Putin Sergei Chemezov.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.

O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.

Fonte: A Referência

Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com

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