A
elite econômica e política da Rússia,
habitualmente submissa ao presidente Vladimir Putin, começa a se posicionar
contra a guerra desencadeada pela invasão do país à Ucrânia. Na última sexta (25), o
líder russo convocou uma reunião de emergência com alguns dos donos das maiores
fortunas do país. E nem todos compareceram, segundo o site independente The Moscow Times.
Um
dos oligarcas que entrou em rota de colisão com Putin foi Mikhail Fridman,
cofundador do Alfa Bank e cujos pais vivem em Lviv, na Ucrânia.
Ausente do encontro com Putin, ele classificou a guerra como “uma tragédia” e
pediu o fim do “derramamento
de sangue“.
O
empresário Oleg Deripaska, da indústria de metais e que também faltou à reunião
de sexta, seguiu o mesmo caminho e se manifestou contra o conflito em um grupo
do aplicativo de mensagens russo Telegram. “A paz é muito importante. As
negociações devem começar o mais rápido possível”, disse ele.
Na
política russa também começam a surgir vozes dissonantes em relação ao
presidente. Uma delas, Tatiana Yumashev, filha do ex-presidente Boris Yeltsin e
figura importante na indicação de Putin para comandar o país em 1999. Ela
deixou sua posição clara através do Facebook, ao substituir a foto de
perfil por um fundo negro e dizer “não
à guerra“.
A
oposição ao conflito respinga até mesmo na cúpula do poder. Liza Peskova, filha
do porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, também contestou a guerra no Instagram,
mas o post foi posteriormente apagado. Fizeram o mesmo as filhas do oligarca do
petróleo Roman Abramovich, o genro do ministro da Defesa Sergei Shoygu e o
filho do chefe da RosTech e amigo de longa data de Putin Sergei
Chemezov.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Para
André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos
no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma
guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia
adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg,
com ataques direcionados às estruturas
militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães
na Segunda Guerra Mundial.
O
que também tende a contribuir para um conflito de
duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras
potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla
e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola
Superior de Guerra.
Fonte: A Referência
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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