O governo da Polônia anunciou, na quarta-feira (23), que 45 indivíduos do corpo diplomático da Rússia foram expulsos do país por usarem seus cargos como disfarce para exercerem ilegalmente atividades de inteligência. As informações são da rede ABC News.
A
Agência Internacional de Segurança da Polônia diz que solicitou ao Ministério
das Relações Exteriores do país que removesse urgentemente os russos, suspeitos
de espionagem e descritos como um perigo para a segurança nacional.
“São
pessoas que operam usando seu status diplomático, mas na realidade realizam
atividades de inteligência contra a Polônia”, disse Stanislaw Zaryn, porta-voz
de segurança do Estado.
O
Embaixador da Rússia na Polônia, Sergei Andreev, que não está na lista dos
expulsos, criticou a decisão e afirmou que os indivíduos expulsos “estavam
realizando atividades
diplomáticas e comerciais normais”. Também declarou que Moscou tem o direito
de responder de forma recíproca, o que deve ocorrer nos próximos dias.
De
acordo com Lukasz Jasina, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da
Polônia, os russos têm agora cinco dias para deixar o país. Um deles, em
particular, tem um prazo mais curto para sair, de 48 horas, por ser considerado
a maior ameaça à segurança nacional.
“A
Rússia está travando uma guerra bárbara contra a Ucrânia há mais de três
semanas. Nós e outros países ocidentais somos tratados como um inimigo chave”,
disse Jasina ao justificar a decisão. “Tolerar ainda mais esse tipo de
atividade ilegal dos serviços russos criaria uma ameaça particular à segurança
da Polônia, mas também aos nossos aliados da Otan (Organização do Tratado do
Atlântico Norte) e da União
Europeia (UE), com quem coordenamos todas essas atividades”.
Segundo
Zaryn, a expulsão tem relação também com o fato de a Polônia ser o principal
destino de refugiados ucranianos em função do conflito. “As atividades
ilegais desses diplomatas também podem representar uma ameaça para as pessoas
que deixaram seu país para fugir da guerra e encontraram proteção em nosso
país”, disse ele.
Em
um comunicado oficial, Zary afirmou que as atividades dos 45 expulsos serviram
“aos objetivos dos empreendimentos russos projetados para minar a estabilidade
da Polônia e seus aliados na arena internacional e representam uma ameaça aos
interesses e à segurança do nosso país”.
Espião
polonês
Paralelamente,
o governo da Polônia revelou que prendeu no dia 17 de março um cidadão polonês
suspeito de atuar a serviço da inteligência russa. Funcionário do escritório de
registros públicos de Varsóvia, o homem seria o contato do tal diplomata russo
obrigado a deixar o país em 48 horas.
No
início de março, Varsóvia já havia anunciado a prisão de um jornalista espanhol
acusado de igualmente atuar como informante dos serviços de inteligência de
Moscou. Ele foi identificado como sendo um agente do GRU, o Departamento
Central de Inteligência da Rússia.
Embora
as autoridades não tenham dito o nome do acusado no momento da prisão, o
advogado dele, Gonzalo Boye, disse se tratar de Pablo Gonzalez,
jornalista freelancer que prestou serviços ao jornal português Público e
à emissora espanhola de TV La Sexta.
“Ele realizou atividades para a Rússia usando seu status jornalístico. Como resultado, ele pôde se mover livremente pela Europa e pelo mundo, incluindo zonas afetadas por conflitos armados e áreas de tensão política”, disse o comunicado da Agência de Segurança Interna da Polônia.
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