A China já deixou claro que
pretende se manter alheia à guerra que eclodiu após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Se, por um lado, Beijing
condena as sanções financeiras impostas pelos governos ocidentais a Moscou, por
outro, promete manter relações comerciais normais com Kiev. As informações são
do jornal South China Morning Post.
Guo
Shuqing, que preside a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China, disse
nesta quarta-feira (2) que as relações entre a China e os dois países
envolvidos no conflito não mudarão. O discurso repete o que havia dito no dia
anterior Wang Wentao, ministro do Comércio chinês, segundo quem Beijing espera
“promover nosso comércio normal” com ambas as nações.
Guo
falou, ainda, sobre os efeitos que as sanções ocidentais impostas a Moscou
terão sobre a economia chinesa. E não mostrou muita preocupação. “No geral, não
achamos que terá muito impacto no futuro, já que nossa economia e finanças são
muito sólidas e resilientes”, disse ele.
A
fim de tentar preservar ao máximo sua economia dos efeitos da guerra das
consequentes sanções, a China tem se colocado a favor de uma solução
diplomática para o conflito, sem
condenar nem endossar a agressão russa à Ucrânia.
No
que tange às sanções, porém, a posição de Beijing é claramente pró-Rússia. “A
China não participará de tais sanções. Continuaremos a manter as trocas
econômicas, comerciais e financeiras normais com as partes relevantes”, disse
Guo.
Sanções
‘poderosas’
Na
terça (1º), o presidente dos EUA, Joe Biden, voltou a prometer duras sanções à Rússia. “Estamos infligindo
dor à Rússia e apoiando o povo da Ucrânia. Putin está agora isolado do mundo
mais do que nunca”, disse ele. “Juntamente com nossos aliados, estamos agora
aplicando poderosas sanções econômicas. Estamos cortando os maiores bancos da Rússia
do sistema financeiro internacional”.
Financeiramente,
Biden disse que o principal objetivo das sanções é congelar as reservas globais
da Rússia, “tornando inútil o ‘fundo de guerra’ de US$ 630 bilhões de Putin”.
Também disse que o Ocidente pretende impedir o acesso russo às principais
tecnologias globais, a fim de enfraquecer o exército e a economia do país.
Por
fim, o líder norte-americano prometeu mirar os aliados de Putin. “O
Departamento de Justiça dos EUA está montando uma força-tarefa dedicada a
perseguir os crimes dos oligarcas russos”, afirmou. “Estamos nos unindo aos
nossos aliados europeus para encontrar e apreender seus iates, seus
apartamentos de luxo e seus jatos particulares. Estamos indo atrás de seus
ganhos ilegítimos”.
A União
Europeia (UE), por sua vez, cortou nesta quarta (2) sete bancos russos
do Swift, um sistema de pagamentos baseado na Bélgica que movimenta
dinheiro entre milhares de bancos em todo o mundo. É o que se convencionou
chamar de “opção nuclear” no campo das sanções financeiras.
“Na
velocidade da luz, a União Europeia adotou três ondas de pesadas sanções contra
o sistema financeiro da Rússia, suas indústrias de alta tecnologia e sua elite
corrupta”, disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site
independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde
o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev,
que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações
ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora
do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de
todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas
principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o
país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos
de participar de grandes eventos em setores como esporte,
cinema e música.
De
acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o
isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o
líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin
está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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