Tradutores a serviço do Google na Rússia receberam a determinação de não usar a palavra “guerra” ao se referirem ao conflito em andamento na Ucrânia, segundo informações do site The Intercept. A determinação da empresa de tecnologia está em conformidade com a censura imposta pelo Kremlin. As informações são do site de notícias internacionais A Referência.
Um
e-mail foi enviado aos colaboradores com a orientação. A palavra “guerra”
poderia ser usada livremente em outras circunstâncias, jamais em referência à
guerra desencadeada pela invasão russa à Ucrânia no dia 24 de fevereiro.
Oficialmente, Moscou adota
a expressão “operação militar especial”.
De
acordo com um tradutor que atou a serviço da empresa
norte-americana e pediu para não ser identificado, a norma se aplica a
todos os produtos, entre eles Google Maps, Gmail e quaisquer
comunicações entre o Google e os usuários.
Em
diversos documentos em russo analisados, a palavra “guerra”, que seria a mais
adequada, é substituída por termos vagos como “emergência”. Os mesmos
documentos, porém em inglês, usam normalmente a palavra “guerra”.
A
determinação obedece uma nova
lei assinada pelo presidente Vladimir
Putin no início do mês, que impõe duras punições àqueles que
divulgarem notícias sobre a guerra consideradas “falsas” pelo governo russo. A
punição àqueles que desrespeitarem a lei é de até dez anos de prisão. Em casos
que a Justiça considere terem gerado “consequências sérias”, a punição sobe
para até 15 anos.
Segundo
Alex Krasov, porta-voz do Google na Rússia, a censura tem
como foco a “segurança de nossos funcionários locais”.
Censura
de guerra
Desde
o início da guerra na Ucrânia,
o Roskomnadzor, órgão estatal regulador da mídia na Rússia, tem acusado
inúmeros veículos de imprensa locais de publicarem “informações falsas” sobre a
guerra.
O
governo contesta quaisquer relatos de bombardeios russos a cidades ucranianas e
baixas civis, bem como textos que usem expressões como “ataque”, “invasão” ou
“declaração de guerra”. Moscou exige que se fale em “operação especial nas
Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk” e determina que sejam publicadas
apenas informações distribuídas por fontes do governo.
Nesse
cenário, autoridades ameaçaram multar ou bloquear dez meios de comunicação
independentes se não apagassem publicações sobre o conflito, de acordo com a
ONG Human Rights Watch (HRW). Moscou ainda interferiu no
acesso ao Facebook e ao Twitter e bloqueou outros sites de
mídia cujas publicações não seguiam as diretrizes da propaganda do Kremlin.
Durante
a guerra, o principal objetivo de Moscou ao controlar a mídia é transmitir uma
imagem favorável ao governo.
Jornal
desativado
O
jornal independente russo Novaya Gazeta, comandado por Dmitry Muratov,
vencedor do Prêmio Nobel da Paz, anunciou na segunda-feira (28) que suspenderá
suas atividades temporariamente. O periódico tomou a decisão em virtude
justamente da censura
estatal russa em meio à guerra na Ucrânia.
O
periódico diz que recebeu advertências do governo de que seria alvo de ações
judiciais que poderiam ocasionar sua extinção. “Depois disso, estamos interrompendo
o lançamento do jornal no site, nas redes (sociais) e no papel até o final da
‘operação especial no território da Ucrânia'”, disse o jornal, usando a
expressão imposta por Moscou.
Na semana passada, Muratov anunciou que estava colocando sua medalha do Prêmio Nobel em leilão para arrecadar fundos para ajudar alguns dos mais de 3 milhões de ucranianos que fugiram do país desde a invasão russa em 24 de fevereiro.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário