O
presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu nesta terça-feira (22) à notícia de que a
Colômbia descriminalizou o aborto até a 24ª semana de gestação e afirmou que
lutará para "proteger a vida" de crianças brasileiras. As informações
são de Marianna Holanda/FolhaPress.
"Que
Deus olhe pelas vidas inocentes das crianças colombianas, agora sujeitas a
serem ceifadas com anuência do Estado no ventre de suas mães até o 6º mês de
gestação, sem a menor chance de defesa", escreveu o presidente no Twitter.
"No que depender de mim, lutarei até o fim para proteger a vida de nossas
crianças."
A
pauta conservadora é um dos principais temas da campanha de Bolsonaro, que
sempre se posicionou contra o aborto. Durante a campanha de 2018, ele chegou a
dizer que, se um dia o Congresso aprovasse uma lei que flexibiliza o aborto,
ele vetaria a proposta, caso fosse presidente.
Horas
depois, Bolsonaro voltou à rede social para reforçar sua posição contrária e
criticar adversários. "No Brasil, a esquerda festeja e aplaude a liberação
do aborto até o 6° mês de gestação, lamentavelmente aprovado na Colômbia.
Trata-se da vida de um bebê que já tem tato, olfato, paladar e que já ouve a
voz de sua mamãe. Qual o limite dessa desumanização de um ser inocente?"
O
presidente chamou atenção para bebês prematuros "que superaram as
dificuldades e se tornaram a alegria de seus lares." "Quantas mães e
pais não lutam com todas as forças para proteger a vida de um filho que nasceu
prematuro? Quantos não choram quando perdem essa batalha? Essa luta nunca foi
nem nunca será em vão. Ela existe porque existe uma vida humana a ser protegida
ali", concluiu Bolsonaro.
O
presidente é próximo ao eleitorado evangélico e deve buscar a reeleição neste
ano, mas grandes igrejas já dão sinais de que podem desembarcar do
bolsonarismo. Nas pesquisas de intenção de voto, o atual mandatário está atrás
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro
reagiu à decisão da Corte Constitucional colombiana que, na segunda-feira (21),
afirmou que nenhuma gestante colombiana poderá ser julgada por um aborto
realizado até a 24ª semana de gravidez.
A
decisão foi tomada por cinco votos a favor e quatro contra, retirando o aborto
da lista de delitos do Código Penal colombiano quando realizado dentro desse
prazo.
O
presidente da Colômbia, Iván Duque, também conservador e aliado de Bolsonaro,
chamou de "atroz" a decisão do tribunal de seu país.
"Estamos
diante de uma decisão que diz respeito a toda a sociedade colombiana, e cinco
pessoas não podem propor algo tão atroz para a nação como permitir que uma vida
seja interrompida até seis meses de gestação", disse, em comunicado
divulgado nesta terça. Segundo o presidente, a decisão poderia transformar o
aborto em um mecanismo de contracepção.
Duque
pediu que o Congresso retome a discussão sobre a prática dentro do legislativo,
parada há anos. Em tese, os legisladores poderiam modificar a decisão da
Justiça com o apoio de uma maioria contrária ao aborto, o que no momento parece
improvável diante do avanço de pautas progressistas.
A
decisão torna a Colômbia o principal país da América do Sul, em termos de
população, a descriminalizar o procedimento e a terceira grande nação da América
Latina a fazê-lo em pouco mais de um ano, junto ao México e à Argentina. Também
é o primeiro país latino-americano em que isso se deu sob um governo de
direita, como o de Duque (ainda que a decisão não tenha partido dele, mas da
Justiça).
No
caso mexicano, a descriminalização é nacional, mas os estados regulamentam o
recurso de acordo com decisões tomadas pelos Parlamentos locais. A Argentina
aprovou via Congresso uma lei de aborto apenas pela vontade da mulher até a 14ª
semana de gestação, podendo ser realizado em clínicas e hospitais públicos, sem
custo.
Na
América Latina, o aborto ainda é permitido e legalizado em Cuba, no Uruguai e
na Guiana.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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