O
senador Jaques Wagner (PT) indicou a aliados e ao ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) que não deseja ser candidato ao Governo da Bahia nas
eleições de outubro deste ano. As informações são de João Pedro Pitombo e
Cátia Seabra
Com
o recuo, aliados tentam construir uma nova alternativa para concorrer ao
governo e liderar grupo político que comanda o estado há 15 anos. A sucessão na
Bahia promete uma disputa acirrada entre o grupo governista e o ex-prefeito de
Salvador, ACM Neto (União Brasil), pré-candidato da oposição.
O
favorito para assumir a candidatura ao Governo da Bahia é o senador Otto
Alencar (PSD), ex-adversário que se tornou aliado do PT em 2010 e é visto
dentro do grupo como um nome confiável.
A
escolha, contudo, enfrenta resistências do comando nacional do PSD, que prefere
ver Otto concorrendo à reeleição. A disputa para o Senado é considerada mais
tranquila frente à falta de um nome de maior musculatura para o cargo no campo
da oposição.
Diante
do impasse, surgiu na mesa de negociações uma terceira alternativa: a escolha
de um novo nome do PT para concorrer ao governo no lugar de Jaques Wagner e a
manutenção de Otto como candidato ao Senado.
Esta
opção, contudo, tem um outro obstáculo: a falta de um nome natural. Nos sete
anos de governo Rui Costa (PT), nenhum dos deputados da bancada baiana e do
secretariado do governador conseguiu se cacifar para tentar concorrer ao cargo.
A
última opção seria Wagner recuar do recuo e ser candidato ao governo. Mas este
cenário só é provável caso a sua desistência signifique a implosão da base
aliada, com o rompimento de aliados e dissidências para a oposição.
A
decisão de Jaques Wagner de não concorrer ao Governo da Bahia é de caráter
pessoal. Aos 70 anos, o ex-ministro se sente confortável em seu mandato no
Senado, que se encerra apenas em 2027, e não deseja voltar ao centro do palco
da política baiana.
As
investigações das quais é alvo, que tendem a ser repisadas meio a um possível
acirramento da campanha, também seriam um incômodo para o senador, segundo
aliados. Procurado, Jaques Wagner não respondeu aos contatos da reportagem.
A
reportagem apurou que o recuo de Wagner desagradou ao ex-presidente Lula, que
via o palanque na Bahia como pacificado. Em uma reunião entre ambos na
terça-feira (22), em São Paulo, ficou decidido que os nomes para a sucessão na
Bahia seriam definidos em, no máximo, uma semana.
Na
noite desta quarta-feira (23), o imbróglio foi tema de uma conversa entre
Jaques Wagner e Otto Alencar. Após a reunião, Otto afirmou que não houve
definição e o cenário segue o mesmo.
"Até
agora, as posições estão mantidas. [Jaques] Wagner é pré-candidato ao governo e
eu pré-candidato ao Senado. Mas é uma definição que deve passar pelo [ex]
presidente Lula", afirmou Otto.
Por
outro lado, o senador destacou que não tem objeção uma possível candidatura ao
governo do estado, caso esta seja a decisão de consenso do grupo governista.
A
declaração contrasta com falas recentes do presidente nacional do PSD, Gilberto
Kassab. Em entrevista à TV Bandeirantes, ele afirmou que uma possível
candidatura ao Governo da Bahia seria "uma punição ao Otto", que
preferiria concorrer à reeleição.
Entre
membros do PT baiano, a declaração de Kassab foi vista como um fechar de portas
a um possível apoio do PSD a Lula ainda no primeiro turno da eleição
presidencial.
A
decisão sobre quem deve encabeçar a chapa para o Governo da Bahia deve ser
tomada até o fim do Carnaval. Antes disso, serão ouvidos os demais partidos da
base aliada, além do ex-presidente Lula. Está prevista para esta quinta-feira
(24) uma reunião com PP, PSB, PC do B e demais partidos da base.
Caso
seja confirmada a candidatura de Otto ao governo baiano, a expectativa é que o
governador Rui Costa renuncie em abril para ser candidato ao Senado, cargo para
qual entraria na disputa na condição de favorito.
Até
o início deste ano, Costa declarava publicamente que não seria candidato e
cumpriria seu mandato até o final para garantir a coesão da base aliada. Nos
últimos dias, contudo, tem admitido a hipótese tentar ser senador.
Aliados
de Costa destacam que o governador tem boa avaliação e sua presença na chapa
seria um ativo importante para a chapa governista na Bahia. Mas fazem questão
de frisar que a candidatura ao Senado não é uma imposição.
Nomes
próximos a Jaques Wagner, por outro lado, veem o governador Rui Costa com
apetite por um mandato a partir de 2023.
Nos
últimos dias, parlamentares petistas têm defendido publicamente a formação de
uma chapa com Jaques Wagner para o governo, Rui Costa para o Senado, Otto
Alencar como vice e o PP com a primeira suplência do Senado.
Esse
arranjo, contudo, é considerado inviável e enfrenta forte resistência dos
demais partidos da base.
A
provável renúncia de Rui Costa e a ascensão do vice-governador João Leão (PP)
ao governo do estado também é vista com reserva. A despeito do vice-governador
ter anunciado apoio a Lula em agosto de 2021, a bancada baiana do PP faz uma
espécie de jogo duplo e apoia Bolsonaro no Congresso.
Há
ainda um temor entre parlamentares de que, no comando da máquina do Governo da
Bahia, Leão priorize a eleição de deputados de seu próprio partido,
canibalizando bases que de outras legendas.
O
PP e o PSD disputam o posto de maior partido da Bahia, cada qual com cerca de
um quarto dos 417 prefeitos do estado. Em cerca de 200 municípios baianos, há
embate direto entre líderes das duas legendas.
À
reportagem o senador Otto Alencar afirma que não tem restrição ao fato de João
Leão assumir o Governo da Bahia e conduzir a sucessão: "Me dou muito bem
com ele, não vejo problema".
Entre
petistas da Bahia, já é menor a resistência a ascensão de João Leão ao governo.
Em privado, eles destacam que, com a definição de um arranjo que atenda PT, PSD
e PP, a passagem de bastão aconteceria sem sobressaltos.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação
Postar um comentário