Da Redação
Talibãs
armados invadiram residências, agrediram e prenderam ativistas de direitos das
mulheres em Cabul nesta quarta-feira (19). A ação foi uma represália a manifestações
de gênero que vêm ocorrendo no país. As informações são do jornal
britânico The
Guardian.
Entre
as manifestantes detidas por insurgentes que alegavam ser da inteligência da
organização islâmica estavam Tamana Zaryabi Paryani e Parawana Ibrahimkhel.
Ambas participaram de manifestações na capital afegã nos últimos meses.
Vídeos
de Paryani e suas irmãs sendo levadas pelos jihadistas foram publicadas nas
redes sociais. As imagens mostram a mulher gritando por socorro, dizendo que os
homens estavam batendo em sua porta. “Socorro, por favor, o Taleban veio para a
nossa casa. Só minhas irmãs estão em casa”. A polícia do Taleban, por meio do seu
porta-voz no Twitter, Mobin Khan, minimizou o episódio e disse que o vídeo se
trata de um “drama fabricado”. Já uma autoridade da inteligência talibã, Khalid
Hamraz, não confirmou nem negou a prisão.
Hamraz
também comentou o ato em conta no Twitter. Mencionando o protesto de domingo
(16), quando os manifestantes simbolicamente atearam fogo em hijab branco
– o véu que faz parte do conjunto de vestimentas recomendado pela doutrina
islâmica -, ele disse que “insultar os valores religiosos e nacionais do povo
afegão não será mais tolerado”.
O
caso registrado na quarta não é isolado. Outras invasões foram registradas em
casas de manifestantes em Cabul. Em uma delas, uma manifestante declarou à
reportagem que foi agredida. Segundo ela, os talibãs foram até a sua casa e a
“espancaram severamente”. A mulher agora está desaparecida.
As
manifestações no Afeganistão vêm na esteira das medidas anunciadas pelos
extremistas em dezembro, que proíbem
as mulheres de viajarem longas distâncias sem que estejam acompanhadas
por um homem da família. A determinação, que veio junto de um pacote linha-dura
de novas regras do regime extremista, é o mais recente episódio da
opressão imposta pelo Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício às
afegãs.
A
repressão de gênero é uma das principais marcas desse início de governo talibã
e se espalha por diversas setores da sociedade. As mulheres que tinham cargos
no governo afegão antes da ascensão talibã seguem impedidas de trabalhar, e a
cúpula do governo que prometia ser inclusiva é formada somente por homens. A perda
do salário por parte de muitas mulheres que sustentavam suas casas tem
contribuído para o empobrecimento
da população afegã.
Por
que isso importa?
Entre
as imposições dos talibãs às mulheres que voltaram a vigorar
no Afeganistão estão a proibição de saírem de casa desacompanhadas, o
veto à educação em escolas e ao trabalho e inúmeros casos de mulheres solteiras
ou viúvas forçadas a se casar com combatentes.
Quem
não cumpre as regras sofre com as consequências. As punições incluem
espancamentos públicos, um antigo meio de repressão dos fundamentalistas.
Para
lembrar as afegãs de suas obrigações, os militantes ergueram cartazes em
algumas áreas para informar os moradores sobre as regras. Em certas regiões, as
lojas estão proibidas de vender mercadorias a mulheres desacompanhadas.
A
repressão se estende à educação. O Taleban não só proibiu as mulheres de
estudarem como fechou escolas no país. Em certas áreas dominadas pelos extremistas, a educação foi
permitida para meninas somente até a quarta série.
Numa
decisão que atinge também os homens, o Taleban determinou que apresentações
de música
ao vivo estão proibidas no país.
AVISO: Os comentários são de
responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor
Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade
do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos
de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser
removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário