A
ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou na sexta-feira (28) que está em
tratativas com a China para
uma visita com objetivos investigativos ao território autônomo de Xinjiang. O aval para uma viagem
dachefe de direitos humanosMichelle Bachelet à região, que deve ocorrer após
os Jogos Olímpicos de
Inverno Beijing 2022, pode significar uma rara possibilidade de
escrutínio estrangeiro sobre as acusações de violações cometidas contra a minoria étnica uigur. As
informações são da agência Reuters.
Bachelet
vem tentando há longa data entrar na província que faz fronteira com
países da Ásia Central para averiguar denúncias
de genocídio por parte de diversas nações. Tal questão é tida como um
dos motivos do estremecimento das relações entre Beijing e o Ocidente,
ocasionando, inclusive, boicote
diplomático aos Jogos de Inverno que têm início na próxima sexta-feira
(4). A China interpreta o episódio como uma campanha internacional de
difamação.
O
gabinete da alta comissária da ONU em Genebra anunciou que a China concordou em
receber uma visita à área no noroeste do país, que ocorreria no primeiro
semestre do ano. “Os parâmetros dessa visita ainda estão em discussão”, disse o
porta-voz de Bachelet, Rupert Colville, acrescentando que ela precisaria de acesso
à população civil e envolvimento de alto nível do governo chinês.
O
jornal britânico The Morning Post afirmou que a permissão para a
visita de Bachelet foi concedida com a condição de ser “amigável”, não sendo,
portanto, oficialmente classificada como uma investigação nem gerando relatório
subsequente.
Ainda
que Beijing negue o uso de “campos
de detenção” como prisões em Xinjiang e dê justificativas como o
combate ao extremismo religioso, há evidências de abusos contra a minoria,
estimada em 12 milhões de muçulmanos de língua túrquica. Investigações recentes
identificam estruturas
“apagadas” em aplicativos de geolocalização e ao menos 380 novos
campos na região desde 2017. Cerca de de 1 milhão de uigures estariam detidos
nesses locais, onde seriam submetidos a tortura e trabalho forçado.
O
governo chinês permitiu algumas visitas de jornalistas e diplomatas nos últimos
anos, porém, sob condições de rígido controle.
O
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian,
sustentou que Bachelet já havia sido convidada para uma visita ao país há muito
tempo, com o objetivo de “intercâmbio e cooperação”. Ele acrescentou que o país
é contrário a qualquer “manipulação política” em viagens.
Parlamentares
dos Estados Unidos queriam
um relatório antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, enquanto ativistas se dizem
frustrados com o atraso.
“Ninguém, especialmente a principal diplomata de direitos humanos do mundo,
deve ser enganado pelos esforços do governo chinês para desviar a atenção de
seus crimes contra a humanidade contra os uigures e outras comunidades turcas”,
disse Sophie Richardson, diretora da China de Direitos Humanos, com sede em
Nova York.
Por
que isso importa?
A
comunidade uigur habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A
província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes
étnicas e linguísticas.
Denúncias dão
conta de que Beijing usa de tortura, esterilização
forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza
étnica e religiosa em Xinjiang.
Estimativas
apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já
passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014. O
governo chinês admite a existência de tais campos, que abrigam mais de um
milhão de pessoas, mas alega que eles servem para educação
contraterrorismo.
O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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