Da Redação
Até meio-dia desta terça-feira (18/1), 204.701 pessoas assinaram uma petição online, no site change.org, para requerer o afastamento da juíza Alexis Krot, de Detroit, Michigan. No domingo, eram mais de 150 mil assinaturas. Na segunda-feira, mais de 175 mil. O objetivo do site é atingir 300 mil assinaturas. Paralelamente, corre uma campanha contra a reeleição da juíza.
O
que fez a juíza de tão "grave" para causar tal revolta popular?
Ela dirigiu palavras duras a um cidadão de 72 anos, residente em Hamtramck, no
subúrbio de Detroit, que questionou uma multa que lhe foi aplicada pela cidade,
por não cortar a grama e o mato em volta de sua casa.
Em
uma audiência pela plataforma de videoconferência Zoom, gravada,
Burhan Chowdhury, originário de Bangladesh, alegou que tem câncer e, por causa do
tratamento, estava fraco demais para limpar o terreno em volta da casa.
"Você
deveria se envergonhar de si mesmo. Se eu pudesse mandá-lo para a cadeia, eu o
faria", respondeu a juíza em um tom de voz alto, aparentemente irritado. A
seguir, ela disse ao réu que teria de pagar uma multa de US$ 100, até 1º de
fevereiro. E limpar o terreno.
Diante
dos argumentos de Chowdhury e seu filho de que ele estava muito doente e com a
mobilidade prejudicada, por causa do câncer linfático, ela respondeu:
"Você tem de limpar a área. Isso é totalmente inapropriado. Os vizinhos
não têm de ver isso". E repetiu: "Você deveria se envergonhar de si
mesmo".
Antes
da audiência, algumas pessoas já haviam ajudado Chowdhury a limpar a área. Mas
isso não o ajudou a se livrar da "bronca" judicial. E a multa
foi paga, segundo a Newsweek, o Washington Post e outras publicações.
Certamente,
tais cenas acontecem nas cortes de todo o mundo, com maior ou menor frequência.
Qual a repercussão? Nos velhos tempos, não muita. Porém, em tempos em que
câmeras são instaladas em salas de julgamento, videoconferências são gravadas e
vídeos se tornam virais na mídia social, as coisas são diferentes.
A
juíza Alexis Krot, por exemplo, pode ter arruinado sua carreira. Pouca gente
vai avaliar o caso intelectualmente — ou tecnicamente. Na mídia social, os
usuários tenderão a avaliá-lo sob a óptica da emoção. E expressar seu
protesto.
Supondo
que ela é uma juíza competente e que tinha uma grande chance de ser reeleita
para o cargo, nada disso vai valer muito agora. E ela já pode começar a pensar
na próxima etapa de sua vida.
A
razão que motivou o Judiciário a instalar câmeras nas salas de julgamento, para
transmissão ao vivo ou produção de vídeos, foi a de permitir ao público a
oportunidade de ver como a justiça funciona e, de certa forma, colocar o
Judiciário mais perto da população, segundo o site The First Amendment
Encyclopedia.
Certamente, não foi para fazer o público se voltar contra os juízes, como ocorreu nesse caso, nem para destruir suas carreiras.
Com informações de João Ozorio de Melo correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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