Austrália contesta ‘detenção arbitrária’ de blogueiro pelo governo da China

Yang Hengjun, blogueiro australiano preso na China (Foto: reprodução/Twitter)

Da Redação

O governo da Austrália um grupo de defesa dos direitos humanos manifestaram na segunda-feira (17) preocupação com o estado de saúde do blogueiro australiano Yang Hengjun, preso na China há três anos, sob acusação de espionagem, e ainda à espera de julgamento. Camberra classificou o caso como “detenção arbitrária de um cidadão australiano”, de acordo com a agência Reuters.

Yang, cidadão australiano nascido na China, escrevia sobre política, com foco sobretudo na China e nos Estados Unidos, e também é autor de uma série de livros de espionagem. Ele foi preso no dia 19 de janeiro de 2018 no aeroporto de Guangzhou, na China. À época, ele vivia em Nova York.

O Ministério das Relações Exteriores da China disse anteriormente que “as autoridades judiciais conduziram o caso em estrita conformidade com a lei, protegendo totalmente os direitos de litígio de Yang Hengjun”. O blogueiro, por sua vez, afirma que em momento algum atuou como espião a favor da Austrália ou dos Estados Unidos.

“Quando eu estava fora, um dos meus objetivos era defender o estado de direito. Não acreditava que acabaria me tornando vítima do governo que se impõe pelo poder”, escreveu Yang, que insta o governo chinês a revelar todos os detalhes de seu caso, para que se tornem de conhecimento público.

Diplomatas australianos alegam que tiveram acesso negado ao tribunal em que Yang foi julgado em maio passado, sob o argumento de que o caso envolve segredos de Estado. Já a ministra australiana das Relações Exteriores, Marise Payne, pediu a libertação de Yang e contestou a demora em julgar o caso, destacando que o réu não teve acesso à família e apenas acesso limitado a advogados.

“Estamos muito preocupados que o veredito deste julgamento tenha sofrido vários atrasos”, disse Payne. “Nem o Dr. Yang nem o governo australiano receberam detalhes sobre as acusações contra ele ou a investigação, reforçando nossa opinião de que isso constitui a detenção arbitrária de um cidadão australiano”.

Elaine Pearson, diretora australiana da ONG Human Rights Watch (HRW), disse que as condições nas instalações de detenção da China são precárias e que a saúde de Yang é motivo de preocupação, algo também citado pelo governo australiano. “Estamos muito preocupados que a detenção de Yang tenha agravado seus problemas médicos e que o tratamento na prisão seja inadequado”, disse ela.

Amigos de Yang afirmam que os problemas de saúde do acusado incluem gota, tonturas, incapacidade de andar em determinados momentos, pressão alta e exames de sangue que mostraram risco de insuficiência renal. Qualquer esperança de que ele seja liberado para tratamento médico não pode ocorrer até que ele seja sentenciado, o que foi adiado para abril.

Por que isso importa?

A relação bilateral entre Austrália e China está desgastada. Um documento de 14 páginas vazado de forma deliberada pela Embaixada da China na Austrália em novembro do ano passado já apontava a grave deterioração nas relações entre os dois países. Nele, Beijing acusava o primeiro-ministro Scott Morrison de “envenenar as relações bilaterais”.

Antes disso, em outubro, o embaixador da China em Camberra, Cheng Jingye, anunciou que deixaria o posto ao fim do mandato.

A relação cordial entre os países começou a deteriorar em 2018, quando Camberra proibiu a Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira. E teve piora em 2020, quando a Austrália cobrou uma investigação independente sobre a origem do coronavírus em Wuhan, o que despertou a ira da China.

A resposta chinesa veio em forma de imposição de tarifas sobre produtos australianos, como vinho e cevada, além de importações limitadas de carne bovina, carvão e uvas australianas. Os Estados Unidos definiram o movimento como “coação econômica”. À época, as vendas de vinho do país ao Reino Unido cresceram quase 30% depois que a China aumentou taxas de commodities australianas. O país também chegou a “desencorajar” as fábricas de roupas do país de usarem o algodão australiano.

Já o Japão, entre outras questões, contesta os avanços de Beijing sobre o Mar da China Oriental. O país questiona a legislação e os esforços chineses de avançar sobre as águas de outras nações. Tóquio e Beijing já disputaram o território e o entorno das ilhas Senkaku no início da década de 2010. Os dois países, contudo, engavetaram a disputa e suas relações melhoraram desde então.

 

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