A China está construindo uma
ponte sobre o lago Pangong, na Caxemira indiana, perto da fronteira entre os
dois países e dentro de uma região reivindicada por ambos. A obra é contestada
pelo governo da Índia e
gerou novo atrito entre as potências nucleares, de acordo com a rede
catari Al Jazeera.
A
ponte tem 400 metros de comprimento e 8 metros de largura. Está sendo erguida
perto da Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), que representa a
fronteira de fato entre os dois países.
O
Ministério das Relações Exteriores da Índia alega que a ponte está sendo
construída em áreas “sob ocupação ilegal da China há cerca de 60 anos” e diz
que está “monitorando” a obra “de perto”.
“O
governo está tomando todas as medidas necessárias para garantir que
nossos interesses
de segurança sejam totalmente protegidos”, disse o porta-voz do
ministério Arindam Bagchi, no início de janeiro.
Entretanto,
um oficial do exército indiano que serviu durante anos na Caxemira diz
que a região onde a ponte está sendo construída pertencia à China antes mesmo da
delimitação da LAC, que ocorreu após a guerra sino-indiana de 1962. “Eles
garantiram esta área em 1959. A LAC fica a mais de 25 quilômetros da ponte,
muito perto da antiga fronteira internacional”, disse o homem, que não quis se
identificar.
De
acordo com o militar aposentado, a Índia também tem realizado obras com fins
militares na área disputada. A diferença é que os chineses são mais eficientes.
E, ainda na opinião dele, a verdade é que a ponte não vai “mudar nada
drasticamente” em termos de disputa territorial.
Ajai
Shukla, um especialista em segurança de Nova Délhi, segue pelo mesmo caminho.
“Os chineses são muito bons em construir infraestrutura nas áreas de fronteira,
e este é apenas um exemplo disso. Essa é a maneira chinesa padrão de
gerenciamento de fronteiras”, disse ele, destacando que a ponte permite às
tropas da China “mover-se bem, mover-se rapidamente e implantar suas forças
rapidamente”.
Mais
uma vez, ele concorda que a competência de Beijing em projetos do gênero faz a
diferença. “A ausência de estradas e trilhos e tipo de infraestrutura
motorizada significa que a Índia pode implantar muito mais lentamente em
comparação com a China e, por causa disso, a China tem uma vantagem”.
O
ex-soldado indiano destaca, ainda, que obras do gênero são facilmente anuladas
em caso de guerra. “No campo militar moderno, tais pontes ou qualquer coisa que
seja fixa pode ser destruída por mísseis terra-terra ou mísseis ar-terra.
Existem contramedidas, e não acho que fará uma grande diferença. Mas,
certamente, uma melhor conectividade ajuda a todos”.
De
toda forma, a China nega que a ponte tenha fins
militares, conforme editorial do jornal estatal Global Times. “Seria
lamentável se alguns na Índia continuassem a interpretar erroneamente o acúmulo
de infraestrutura da China ao longo da fronteira como servindo a propósitos
militares. É esse tipo de mal-entendido que, em certa medida, contribuiu para
as tensões contínuas entre os dois países, minando os esforços para aliviar as
tensões”.
Por
que isso importa?
Índia
e China travam uma disputa territorial desde abril de 2020, quando soldados
rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide
os dois países, com acusações mútuas desrespeito à Linha de Controle Real (LAC,
na sigla em inglês), a fronteira de fato entre as nações.
Os
vizinhos compartilham uma fronteira não delimitada oficialmente de 3,5 mil
quilômetros através do Himalaia e mantêm um acordo de paz instável desde o fim
da guerra sino-indiana, em novembro de 1962.
Em
15 de junho de 2020, a paz na fronteira foi quebrada após novos confrontos
entre soldados indianos e chineses no vale de Galwan, na região de Ladakh, na
Índia. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates
corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente
paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.
Desde
então, milhares de soldados estão posicionados dos dois lados da fronteira, e
obras com fins militares tornaram-se habituais na região. As nações reivindicam
vastas áreas do território alheio no Himalaia, problema que vem desde a
demarcação de áreas pelos governantes coloniais britânicos.
Beijing
e Nova Délhi mantiveram 14 rodadas de negociações desde os confrontos de junho
de 2020. As conversas levaram à retirada de tropas em vários pontos ao longo da
ALC, mas não de todos. E não foi possível chegar a nenhum acordo sobre a
fronteira. Para especialistas, qualquer deslize de um dos lados pode levar a
uma guerra entre as nações.
Com informações do site de notícias internacionais A Referência
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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