Devido ao baixo custo e
qualidade inferior, setor fast fashion produz e descarta em igual proporção
(Foto: The Donkey Sanctuary/Flickr)
Da
Redação
O
Deserto do Atacama, no Chile, virou o destino final de pilhas de roupas feitas
na China e em Bangladesh que não
chegam às lojas. Uma reportagem da agência France-Presse (AFP) revelou que a
árida região ao norte do país ganhou um lixão de peças fast fashion (definição
para “moda rápida”, vestuário fabricado, consumido e descartado rapidamente),
formado por carregamentos que encalham no porto de Iquique. As informações são
do portal Insider.
A
produção na Ásia tem foco no mercado interno, além de Estados Unidos e
Europa. Quando as remessas não são compradas pelos principais clientes, elas
vão para o Chile, de onde são revendidas para países da América Latina. Porém,
quando não há compradores, as peças acabam descartadas no deserto.
Aproximadamente
59 mil toneladas de roupas chegam de navio a Iquique anualmente. Mais da metade
desse total acaba movida para aterros no deserto: 39 mil. Entre os montes
de material
têxtil em meio às cadeias de montanhas naturais há desde suéteres de
Natal a botas de esqui – algo totalmente desconectado da realidade da população
da comuna de Alto Hospicio, que revira as pilhas em busca de peças para vestir
a família.
De
acordo com Alex Carreno, ex-funcionário da seção de importação do porto local,
as roupas “vêm de todas as partes do mundo”. “A maior parte das roupas é
descartada posteriormente, quando os carregamentos não podem ser revendidos
para toda a América Latina”, explica.
O
descarte incorreto é como varrer a sujeira para debaixo do tapete, já que
ocorre porque o material não pode ser despejado em áreas de resíduos a céu
aberto nas cidades, devido ao impacto ambiental que causa.
“O
problema é que a roupa não é biodegradável e tem produtos químicos, por isso
não é aceita nos aterros municipais”, disse Franklin Zepeda, fundador da
EcoFibra. A empresa vem somando esforços para um reaproveitamento das peças
rejeitadas com a fabricação de isolantes térmicos e acústicos para edifícios.
Setor
poluente, mercado crescente
De
acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a indústria da moda é responsável
pela emissão de entre 8% e 10% das emissões
globais de carbono. Só em 2018, o setor consumiu mais energia do que as
indústrias de aviação e navegação juntas. Estimativas apontam que o equivalente
a um caminhão de lixo de roupas é queimado e enviado a um aterro a cada
segundo.
A
alta demanda de produção tem total relação ao consumismo desenfreando no século
21. Um estudo da Ellen McArthur Foundation, uma instituição de caridade de
economia circular baseada no Reino Unido, aponta que no período de 2004 a 2019
a indústria de vestuário dobrou a produção, e que nos últimos sete anos o
consumidor médio comprou 60% mais roupas do que as estatísticas mostravam no
ano de 2000. .
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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