Da Redação
No
sábado (6), o presidente da China,
Xi Jinping, declarou por videoconferência à cúpula dos líderes do G-20, em Roma, que os “países
desenvolvidos” devem liderar a luta para reduzir as emissões globais de gases
de efeito estufa, dando a entender que seu país não faz parte do grupo e
deve sofrer menos cobranças no combate ao aquecimento global. A fala do
líder surge em um momento em que o país, juntamente de Índia e Rússia, é acusado de emperrar
o progresso de um acordo climático, informa o jornal South
China Morning Post.
“Os
países desenvolvidos devem dar o exemplo na questão da redução de emissões,
acomodar totalmente as dificuldades e preocupações especiais das nações
emergentes, implementar compromissos de financiamento climático e fornecer apoio
aos países em desenvolvimento em termos de tecnologia e capacitação”, disse Xi.
Apesar
do crescimento acelerado, que deu ao país o status de segunda maior economia do
mundo, os critérios de renda per capita da ONU (Organização das Nações Unidas)
ainda colocam a China como nação “em desenvolvimento”. Paralelamente, é quem
tem as maiores emissões de carbono do planeta.
Nenhum
país no mundo emite mais gases de efeito estufa que a China. Nem todas as
nações juntas poluem mais que os chineses, segundo estudo do Grupo Rhodium
divulgado em maio deste ano e reproduzido pela rede Bloomberg.
O
documento do grupo de pesquisa climática com sede em Nova York acendeu a luz de
alerta no planeta: o aumento de emissões de seis gases retentores de calor
jogados na atmosfera pela China, incluindo dióxido de carbono, metano e óxido
nitroso, saltou para 14,09 bilhões de toneladas de CO2 em 2019, ultrapassando o
total de membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) em cerca de 30 milhões de toneladas.
O
crescimento vertiginoso das emissões do país asiático está de acordo com o que
disse Xi Jinping, que confirmou que o país atingirá o pico de emissões até 2030
e, a partir de então, a quantidade começará a cair até atingir a neutralidade
em 2060. A China foi responsável por 27% de tudo que foi registrado em escala
global. Os EUA, segundo maior emissor, contribuíram com 11%, enquanto a Índia,
pela primeira vez no pódio dos poluentes, ultrapassou a União Europeia (UE),
que com seus 27 países soma 6,6% das emissões dos gases tóxicos.
Expectativas
baixas
Em
conversa com Xi Jinping, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse
que não conseguiu convencer o líder chinês a se comprometer a antecipar o pico
de emissões da China em cinco anos, de acordo com o jornal britânico The
Times.
“Eu
empurrei um pouco isso – 2025 seria melhor do que 2030. Mas eu não diria que
ele se comprometeu com isso”, disse Johnson, referindo-se a um telefonema que
manteve com Xi antes de chegar a Roma, na sexta (6).
As
expectativas de grande progresso na questão climática tratada nas sucessivas
cúpulas dos líderes do G-20 e da COP26 já
se dissiparam. Austrália, Índia e
China, por sua vez, são considerados os últimos remanescentes nas negociações
para a eliminação progressiva do uso do carvão – principal fonte de geração de
energia dos indianos, que enfrentam uma crise
energética em razão da redução dos estoques.
“Nossa
política é muito clara: não estamos envolvidos nesse tipo de mandatos e
proibições, essa não é a política do governo australiano, não será a política
do governo australiano”, disse o primeiro-ministro do país Scott Morrison a
repórteres que viajavam com ele de Canberra.
Xi
não está em Roma para a cúpula. Em seu lugar viajou o ministro das Relações
Exteriores, Wang Yi. Ele esteve em reunião bilateral com o ministro das
Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio. Na sexta-feira, Wang disse que,
“embora a China “ainda não tenha concluído sua industrialização, estabeleceu
metas de pico de carbono e neutralidade de carbono para realizar a redução de
emissões mais difícil e intensiva do mundo até a presente data”.
De acordo com Wang, isso “demonstra a determinação do país em enfrentar as
mudanças climáticas”, informou um comunicado divulgado pelo Ministério das
Relações Exteriores da China.
Por
que isso importa?
No
ano passado, a emissão de gases
de efeito estufa no planeta atingiu um novo recorde, superando a média
do período entre 2011 e 2020. E a tendência de alta continua em 2021, de acordo
com um novo relatório publicado em outubro pela OMM (Organização Meteorológica
Mundial), a agência meteorológica da ONU (Organização das Nações Unidas).
O
Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM trazia uma “mensagem
científica radical” para as negociações sobre mudanças climáticas discutidas
durante conferência climática global, a COP26, que encerra nesta sexta-feira
(12) em Glasgow.
A
concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2020 foi de 149% acima do nível
pré-industrial; metano, 262%; e óxido nitroso, 123%. A base de comparação é o
ano 1750, quando as atividades humanas começaram a alterar o equilíbrio natural
da Terra.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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