O presidente eleito dos
EUA, Joe Biden, em manifestação pré-campanha eleitoral, em fevereiro de 2020
(Foto: Creative Commons)
Da Redação
O
presidente norte-americano Joe Biden confirmou a realização, entre os dias 9 e
10 de dezembro, da Cúpula Pela Democracia, uma antiga promessa de campanha que
tem como foco a defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos. Entre
as 110 nações convidadas estão o Brasil e a ilha autogovernada de Taiwan, que Beijing reivindica
como parte de seu território. China e Rússia ficaram de fora. As informações são do site de notícias internacionais A Referência .
“A
cúpula se concentrará nos desafios e oportunidades que as democracias enfrentam
e fornecerá uma plataforma para que os líderes anunciem compromissos, reformas
e iniciativas individuais e coletivas para defender a democracia e os direitos
humanos no país e no exterior”, disse o Departamento de Estado norte-americano
em comunicado oficial.
As
duas ausências dão o tom do evento, que tem três diretrizes básicas: defesa
contra o autoritarismo,
luta contra a corrupção e promoção do respeito pelos direitos humanos. Já a
presença de Taiwan é mais um movimento
de aproximação entre Washington e Taipé, o que invariavelmente leva a
manifestações contestatórias por parte de Beijing.
Zhu
Fenglian, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan na China, afirmou que o
convite é um “erro” e que Beijing se opõe a “qualquer interação oficial entre
os EUA e a região
chinesa de Taiwan”, de acordo com o jornal britânico The
Guardian. Ela afirmou, ainda, que “a postura [da China] é clara e
consistente. Exortamos os Estados Unidos a seguirem o princípio de ‘Uma
Só China’”.
O
jornal estatal chinês Global Times também
fez críticas aos EUA. Em editorial, o veículo afirmou que “a verdadeira
intenção dos EUA é transformar a cúpula em uma plataforma para conter a China”.
E falou, em tom de ameaça, que “isso certamente não
terminará bem, enquanto o mundo tenta trabalhar junto na era pós-pandemia e
precisa de solidariedade mais do que nunca, em vez de usar os chamados valores
para instigar o confronto e a divergência”.
Já
o Ministério das Relações Exteriores da China disse que se “opõe firmemente” ao
convite, segundo a agência Reuters.
“As ações dos EUA apenas mostram que a democracia é apenas uma cobertura e uma
ferramenta para avançar seus objetivos geopolíticos, oprimir outros países,
dividir o mundo e servir aos seus próprios interesses”, disse o porta-voz Zhao
Lijian.
Taipé,
por sua vez, agradeceu a oportunidade. “Taiwan cooperará firmemente com países
com interesses semelhantes para proteger valores universais como liberdade,
democracia e direitos humanos; e também salvaguardar a paz regional,
estabilidade e desenvolvimento ”, disse Xavier Chang, porta-voz da presidência
da ilha.
Por
que isso importa?
Relações
exteriores que tratem Taiwan como uma nação autônoma estão, no entendimento de
Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que
reconhece a ilha como parte do território chinês, como o faz com Hong Kong.
Diante
da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu
sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha
autônoma no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na
região.
Jatos
militares chineses passaram a realizar
exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto
Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem
uma guerra”.
O embate,
porém, pode não terminar em confronto
militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios
produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site
norte-americano Business
Insider.
O
documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não
teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma
invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o
relatório do Pentágono.
Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.co
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