Facebook: no domingo, Frances Haugen quebrou o anonimato, revelando ser a delatora do Facebook (OLIVIER DOULIERY/AFP)
Da Redação
John
Tye, fundador do Whistleblower Aid, organização sem fins lucrativos que
representa pessoas que buscam expor ilegalidades em potencial, foi procurada na
última primavera (no Hemisfério Norte) por uma mulher que afirmava ter
trabalhado para o Facebook.
Essa
mulher disse a Tye e sua equipe algo intrigante: ela teve acesso a dezenas de
milhares de páginas de documentos internos da maior companhia de redes sociais
do mundo.
Em
uma sequência de ligações telefônicas, ela pediu proteção legal e um caminho
para divulgar as informações confidenciais. Tye, que diz ter compreendido a
gravidade do que essa mulher trazia em “questão de minutos”, concordou em
representá-la, chamando-a pelo codinome Sean.
Ela
“é uma pessoa muito corajosa e está assumindo um risco pessoal para fazer com
que uma companhia que vale US$ 1 trilhão assuma responsabilidades”, disse Tye.
No
domingo, Frances Haugen quebrou o anonimato, revelando ser a delatora do
Facebook.
Gerente
de produto que trabalhou na equipe de desinformação cívica da rede social antes
de deixar a companhia em maio, ela usou os documentos que havia reunido para
demonstrar o quanto a empresa sabia sobre os danos que estava causando. Com
isso, forneceu evidências para legisladores, reguladores e o meios de
comunicação.
Em
uma entrevista ao “60 minutes”, programa jornalístico da CBS News, Frances, de
37 anos, afirmou: “Eu já conhecia um monte de redes sociais e era
substancialmente pior no Facebook do que em qualquer outra que eu tivesse
conhecido antes”. E complementou: “Facebook, repeditamente, mostrou que prefere
o lucro à segurança”.
Ela
entregou vários dos documentos ao The Wall Street Journal, que desde o mês
passado vem publicando as informações. As revelações — incluindo que o Facebook
sabia que o Instagram estava piorando problemas relacionados a imagens
corporais entre adolescentes — levantaram críticas vindas de legisladores,
reguladores e do público.
Frances
Haugen também abriu um processo de delação junto a Securities and Exchange
Comission (SEC), o órgão regulador de mercado nos Estados Unidos, acusando o
Facebook de enganar os investidores em relação a diversos problemas com
comunicados que não correspondiam às ações internas da companhia. Ela também
compartilhou partes da documentação com senadores.
O
holofote sobre ela deve ficar ainda mais forte. Está marcado para esta
terça-feira seu depoimento no Congresso americano sobre o impacto do Facebook
em jovens usuários.
Os
passos dados pela ex-funcionária da companhia são um sinal do quanto o Facebook
está cada vez mais suscetível ao vazamento de informações. Ao se tornar uma
gigante com 63 mil funcionários, alguns deles ficaram insatisfeitos com a
conduta da empresa, que passa por sucessivas polêmicas sobre privacidade de
dados, desinformação e discurso de ódio.
Em
2018, Christopher Wylie, descontente ex-funcionário da Cambrdige Analytica,
preparou o terreno para divulgar essas informações sigilosas. Ele falou com o
New York Times, o The Observer of London e o The Guardian para relevar que a
consultoria havia usado dados do Facebook de forma irregular para elaborar
perfis de eleitores sem o consentimento dos usuários da rede social.
No
mesmo ano, funcionários do Facebook forneceram comunicados de executivos e
documentos internos a outros veículos de imprensa, incluindo o The Times e o
BuzzFeed News. Em meados de 2020, empregados da companhia que discordavam da
decisão de manter um post controverso feito pelo então presidente Donald Trump
ensaiaram fazer uma paralisação virtual e vazaram outras informações.
“Acho
que no último ano, houve mais vazamentos do que todos nós desejaríamos”, disse
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook em um encontro com funcionários em junho de
2020.
Com informações da Agência O Globo
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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