A
expulsão de diplomatas russos pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte), sob a acusação de espionagem,
levou a relação entre a aliança e o país ao seu “ponto mais baixo desde a Guerra
Fria“. É o que declarou o secretário-geral Jens Stoltenberg, durante fala
aos ministros de defesa do bloco no primeiro dia da reunião de cúpula em
Bruxelas, nesta quinta-feira (21), conforme relatou a rede Voice
of America (VOA).
O
conturbado relacionamento bilateral entre Moscou e Otan teve significativa
piora nas últimas semanas, em particular quando a Rússia anunciou na
segunda-feira (18) que estava encerrando
sua missão permanente na aliança em resposta às expulsões dos
oito membros de sua equipe no início deste mês. A Aliança Atlântica acusa os
russos de espionagem, algo que o Kremlin rejeita.
Diante
da situação, os ministros de defesa disseram que a Otan vai mudar o foco daqui
em diante, intensificando a defesa dos Estados-Membros contra um potencial
ataque russo em múltiplas frentes, mesmo diante da preocupação crescente com
a China, informou a
agência Reuters.
A
estratégia de defesa visa à proteção contra qualquer ataque simultâneo nas
regiões do Báltico e
do Mar Negro que
possa envolver armamento
nuclear, ciberataques e
ofensivas do espaço.
“Continuamos
a fortalecer nossa aliança com planos melhores e modernizados”, declarou
Stoltenberg após a reunião, acrescentando que foi acordado um fundo de US$ 1
bilhão para o desenvolvimento de novas tecnologias digitais.
Apesar
da atmosfera de mau tempo, as autoridades não creem na iminência de um ataque
russo. Moscou nega qualquer plano que envolva uso de força militar e joga a
responsabilidade para o outro lado, afirmando que a Otan pode desestabilizar a
Europa com tais medidas.
Afeganistão
em pauta
O Afeganistão e a
recente tomada do país pelo Taleban também
foram assuntos tratados pelos aliados da Aliança Atlântica durante a reunião de
cúpula.
“O processo de ‘lições aprendidas’ tem que se concentrar tanto no que não
funcionou, mas também no que funcionou”, ponderou Stoltenberg, que acrescentou
durante coletiva de imprensa: “O papel mais urgente da Otan, e a tarefa mais
imediata que enfrentamos, é reassentar os afegãos que trabalharam conosco”.
O chefe do bloco disse que os aliados e parceiros da Otan conseguiram tirar
mais de 120 mil pessoas do país do Oriente Médio, e
continuam com esforços para que a evacuação seja ampliada.
Por
que isso importa?
A
Rússia possui há duas décadas uma missão de observação na Otan, como parte de
um acordo entre o Kremlin e a aliança a fim de promover a cooperação em áreas
de segurança. O país, porém, não é membro do bloco liderado pelos EUA e que
reúne outros 29 países, sendo 28 europeus e o Canadá.
As
relações entre as partes começaram a azedar em 2014, com a anexação da península
da Crimeia por Moscou. Há também um desalinhamento sobre questões como
o desenvolvimento de mísseis nucleares russos e intrusões
aéreas no espaço aéreo da aliança. Tais fatores contribuíram para
limitar as conversas oficiais nos últimos anos.
Punições
impostas pela Otan aos russos também não são novidade. Em 2018, após o episódio
do envenenamento do ex-agente duplo russo Sergei
Skripal na cidade inglesa de Salisbury, a Otan retirou o acordo para a
nomeação de sete funcionários russos para a missão diplomática do país na
aliança, além de negar os pedidos de credenciamento pendentes para três outros.
Agora,
as expulsões dos oito diplomatas russos ocorrem sob a acusação de eles serem
“oficiais de inteligência russos não declarados”. Ou seja, espiões. Também
foram reduzidos pela metade os cargos da Rússia na aliança, de 20 para dez.
O
secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que as expulsões não estão
ligadas a um evento em particular, mas afirmou que as atividades dos oito
indivíduos não estavam de acordo com as suas credenciais.
Para o Kremlin, a decisão da Otan mina completamente as esperanças de que as relações pudessem ser normalizadas. Em coletiva, o porta-voz do governo, Dmitry Peskov, disse a repórteres que o diálogo não será retomado. “Na verdade, essas perspectivas estão quase completamente prejudicadas”, lamentou.
Com informações do site de notícias internacionais A Referência
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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