Da Redação
Entre
2009 e 2018, o aumento contínuo na temperatura
do mar custou ao mundo 14% de seus recifes de coral. Isso representa
mais que o tamanho dos recifes da Austrália juntos. A revelação consta de
um relatório publicado
na terça-feira (5) com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas).
No
documento, especialistas da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral,
financiada pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
coletaram dados de mais de 300 cientistas de 73 países, ao longo de um período
de 40 anos, incluindo dois milhões de observações individuais.
A
conclusão é de que, invariavelmente, os declínios bruscos na cobertura de
corais correspondem a aumentos rápidos nas temperaturas da superfície do mar,
indicando sua vulnerabilidade a picos de temperatura. E esse fenômeno tende a
aumentar à medida que o planeta
continua a aquecer.
Cidades
de corais subaquáticos dinâmicos suportam até 800 espécies diferentes de corais
duros e abrigam mais de 25% de toda a vida marinha, diz o relatório. Corais
moles se curvam e balançam entre as montanhas escarpadas de corais duros,
fornecendo lares adicionais para peixes, caracóis e outras criaturas marinhas.
E os recifes abrigam a maior biodiversidade de qualquer ecossistema do mundo,
tornando-os um dos mais complexos e valiosos
do planeta.
No
entanto, quando as águas ficam muito quentes, os corais liberam suas microalgas
coloridas, adquirindo uma cor branca esquelética. Antes do branqueamento,
alguns chegam a brilhar, produzindo naturalmente uma camada protetora de
pigmentos neon.
“O
branqueamento pode ser considerado a versão do oceano do ‘canário na mina’, uma
vez que demonstra a sensibilidade dos corais a condições perigosas e mortais”,
explica o relatório, fazendo analogia ao pássaro usado por mineiros para
detectar a presença de gases venenosos no ar durante a exploração subterrânea.
A
mudança de recifes de corais para recifes dominados por algas reduz a
complexidade arquitetônica e a integridade estrutural desses habitats,
tornando-os menos biodiversos e fornecendo menos bens e serviços aos humanos.
De
acordo com o relatório, houve uma diminuição constante na cobertura de corais
duros desde 2010, com os piores
impactos ocorrendo no Sul da Ásia, Austrália, Pacífico, Leste Asiático,
Oceano Índico Ocidental, Golfo e Golfo de Omã.
Perdas
bilionárias
Embora
os recifes de coral em mais de 100 países cubram apenas 0,2% do fundo do mar,
eles sustentam a segurança, a proteção costeira, o bem-estar, a segurança
alimentar e econômica de centenas de milhões de pessoas. E o valor dos bens e
serviços que fornecem é estimado em US$ 2,7 trilhões por ano, incluindo US$ 36
bilhões em turismo em recifes de coral.
No
entanto, os recifes de coral estão ameaçados pelas mudanças climáticas, acidificação
dos oceanos e poluição terrestre, bem como por sedimentos da agricultura,
poluição marinha e pesca predatória.
“Manter
a integridade e resiliência dos ecossistemas de recifes de coral é essencial
para o bem-estar das comunidades costeiras tropicais em todo o mundo e uma
parte crítica da solução para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) no âmbito da Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, segundo o relatório.
Apesar
dessas avaliações sombrias, ainda há esperança para os recifes de coral. Eles
são notavelmente resilientes e podem se recuperar na ausência de distúrbios de
grande escala. Depois de um evento de branqueamento em massa de coral em 1998,
a cobertura de coral duro voltou aos níveis anteriores a 1998 em uma década.
“Se
detivermos e revertermos o aquecimento dos oceanos por meio da cooperação
global, daremos aos recifes de coral a chance de voltar. No entanto, será
necessário nada menos do que uma ação ambiciosa, imediata e bem financiada no
clima e no oceano para salvar os recifes de coral do mundo”, diz o documento.
Conteúdo
adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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