Da Redação
No
diálogo em que negocia o pagamento de uma mesada a uma ex-funcionária do
Tribunal de Justiça do Amapá, revelado na última edição de VEJA, o então deputado federal
Davi Alcolumbre (DEM), hoje presidente da Comissão de Constituição e Justiça do
Senado, sugere que a fonte do dinheiro que ele destinava a Tatielle Pereira de
Castro era a Câmara dos Deputados, com um “cartão” que ficava com seu chefe de
gabinete.
O
caso ocorreu em 2013. Alcolumbre estava atendendo ao pedido de um amigo, o
desembargador Gilberto Pereira, do Tribunal de Justiça do Amapá (TJ), que
precisava resolver uma questão pessoal com relativa urgência. Tatielle era
funcionária da TJ, trabalhou durante anos na órbita do desembargador, até
que surgiram certos rumores sobre a natureza dessa proximidade, o que acabou
resultando em sua exoneração. Para não deixar a ex-funcionária desassistida, o
desembargador pediu ao senador que patrocinasse uma espécie de
auxílio-desemprego para a mulher.
A
ex-funcionária do TJ, no entanto, não foi contratada formalmente no gabinete de
Alcolumbre e em nenhuma outra repartição do Legislativo federal. A Câmara dos Deputados
informou a VEJA que Tatielle nunca foi funcionária de nenhum gabinete. “O nome
citado em sua mensagem não consta nos registros da Câmara como ocupante de
cargo de secretária parlamentar em nenhum período e gabinete”, informou a
Câmara dos Deputados.
No
áudio divulgado, o senador combina com Tatielle a melhor forma de realizar o
pagamento da mesada. Tatielle diz a Alcolumbre que o pagamento dela seria feito
durante dois anos, sem contracheque. “Nós temos aí vinte e quatro meses, né?”,
diz a moça a Alcolumbre. O então deputado diz que a partir daquela conversa, em
2013, o pagamento, que estaria sendo feito ao marido dela, seria feito
diretamente para Tatielle.
“Eu
posso depositar na tua conta?”, pergunta Alcolumbre. Tatielle concorda. “O meu
chefe de gabinete lá, ele tem meu cartão (...) O meu pagamento cai dia 24, dia
25”, diz Alcolumbre. “Ele saca e paga minhas contas”, continua Alcolumbre.
“Então, eu vou dar mais uma conta pra ele”. O diálogo não deixa claro se o
chefe de gabinete de Alcolumbre retiraria dinheiro da conta parlamentar ou da
verba de gabinete destinada a parlamentares ou da conta bancária pessoal do
senador.
A assessoria de Alcolumbre informou a VEJA que o senador nunca teve nenhuma relação com Tatielle Pereira de Castro. Questionada se já conversou com Alcolumbre, Tatielle disse a VEJA que não se lembra: “O Amapá é pequeno, é natural que a gente se encontre com várias pessoas”, desconversou. Ela negou ter recebido dinheiro de Alcolumbre.
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