O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse neste sábado (21) que 24 dos
27 governadores do Brasil se reunirão nesta segunda (23) em Brasília para um
ato em defesa da democracia e do STF (Supremo Tribunal Federal), diante do
aprofundamento da crise entre os Poderes.
"Nunca o Brasil foi tão
ameaçado como agora", afirmou Doria, em evento no Rio de Janeiro para
angariar apoio para as prévias da eleição que definirá o candidato do PSDB à
Presidência da República em 2022. O nome do partido para a disputa será
escolhido em novembro.
Segundo Doria, o encontro foi
articulado em parceria com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que
coordena o grupo dos 24 mandatárias estaduais. O governador não informou quais
seriam os três ausentes ao encontro desta segunda.
"Não vamos tratar de
pandemia, vamos tratar de democracia. Os governadores que se sentirem à vontade
em se manifestar vão também defender o Supremo Tribunal Federal e condenar
qualquer flerte com o autoritarismo e iniciativas autoritárias no país",
afirmou o governador.
Na sexta-feira (20), o
presidente Jair Bolsonaro enviou ao Senado pedido de impeachment do ministro do
Supremo Alexandre Moraes, que coordena investigações sobre atos
antidemocráticos. Neste sábado, Bolsonaro defendeu que fez tudo "dentro
das quatro linhas da Constituição".
O pedido foi entregue no dia
em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do
cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliados do
presidente. As medidas foram solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da
República) e autorizadas por Moraes.
O pedido de impeachment gerou
como resposta uma nota de repúdio do próprio STF e aprofundou o clima de
ruptura entre os Poderes. A corte disse que "manifesta total
confiança" em Moraes e que "o Estado democrático de Direito não
tolera que um magistrado seja acusado por suas decisões, uma vez que devem ser
questionadas nas vias recursais próprias, obedecido o devido processo
legal".
Doria disse no Rio que o
encontro dos governadores ganha relevância diante da proximidade com as
celebrações do 7 de Setembro, quando bolsonaristas planejam sair às ruas em
defesa do presidente e contra o STF.
"Há sinais de que, por
conta do 7 de Setembro, movimentos sejam promovidos por bolsonaristas e
bolsominions para defender o regime autoritário no país. E nós, governadores,
resistiremos", afirmou. "As manifestações são soberanas, desde que
sejam pacíficas, dentro também dos limites que cada Estado estabelecer. Sem
rasgar a Constituição, sem atentar contra ela e contra a vida".
Segundo Doria, a reunião deve
ter também um ato em defesa do meio ambiente, sugestão do governador do
Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), com quem o governador paulista jantou
nessa sexta-feira. "Será um consórcio pró meio ambiente, chamado de Brasil
Verde", afirmou.
Antes do evento de campanha,
realizado na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Doria se reuniu com o
prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM) e seu secretariado.
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