Charlie Watts, ao
centro, se apresenta com os Rolling Stones em agosto de 2019 em Denver,
Colorado.JOE AMON / DENVER POST VIA GETTY IMAGES
Da Redação
Não
havia ninguém que não adorasse Charlie
Watts. Era impossível. Sempre elegante, discreto, culto, alérgico aos
louros da fama de que os outros Rolling
Stones tanto gostam, principalmente Mick
Jagger. Tão querido e tão respeitado que, quando saiu a notícia de sua
morte, aos 80 anos, as reações foram incontáveis. Foi seu agente Bernard
Doherty que comunicou a triste notícia, compartilhada pela banda britânica para
todos os seus seguidores.
“É
com imensa tristeza que anunciamos a morte do nosso querido Charlie Watts.
Ele faleceu em paz hoje em um hospital de Londres, rodeado por sua família.
Watts foi um amado marido, pai e avô e também, como membro dos Rolling
Stones, um dos melhores bateristas de sua geração. Pedimos que seja respeitada
a privacidade de sua família, dos membros da banda e de seus amigos mais próximos neste
difícil momento”, afirmou a banda britânica em um comunicado divulgado nas
redes sociais. Watts tinha sido submetido a uma operação em Londres depois que
os médicos descobriram um “problema” durante um exame de rotina.
Em 2004, Watts já tinha sido tratado de um câncer na garganta no hospital Royal Marsden de Londres. A situação pareceu mais grave depois que o baterista anunciou que não participaria da turnê que o grupo iniciará em setembro nos Estados Unidos. “Estou trabalhando duro para estar completamente em forma, mas hoje aceitei, seguindo o conselho dos especialistas, que isso levará um tempo. Pela primeira vez, meus tempos estão um pouco deslocados”, anunciou o próprio Watts para justificar sua ausência. As coisas estavam muito piores do que indicava esse pequeno texto que ele publicou em suas redes sociais.
Charlie
Watts era a batida do rock: com sua simples bateria, conseguiu criar todo o
ritmo dessa máquina de rock and roll que são os Rolling Stones. Nunca
gostava de sair em turnês, principalmente quando as viagens dos Stones se
tornaram extenuantes. Mas, no final, concordava, talvez impulsionado por essa
generosidade que ele esbanjava. Gostava de criar seus cavalos e de tocar em sua
pequena banda de jazz, sua grande paixão. Certa vez, chegou a dizer que
preferia o titã do jazz Charlie Parker a qualquer banda de rock.
Watts
foi um dos fundadores dos Rolling Stones, nos idos de 1963. Era um dos três
membros originais ainda na banda, juntamente com Mick Jagger e Keith
Richards. Filho de um caminhoneiro londrino e de um dona de casa, teve uma
infância humilde − a família chegou a viver em uma casa pré-fabricada. Antes do
som de uma bateria, ouvir os bombardeios sobre a Inglaterra durante a Segunda
Guerra Mundial.
Foi
atraído pelo jazz e depois, pelo blues.
Começou a tocar em bandas locais até conhecer Alexis Corner, uma instituição do
blues no Londres dos anos sessenta. A banda ganhou o nome de Blues
Incorporated. Em 1962, conheceu Brian Jones e Keith Richards em uma daquelas
apresentações em barzinhos de Londres. Os guitarristas gostaram de sua pegada e
lhe propuseram fazer parte de uma banda que estava começando a se apresentar
como Rolling Stones. A partir daí, formou uma equipe rítmica insuperável com o
baixista Bill Wyman. Influenciado por seus heróis do jazz, Watts impulsionava
suas baquetas com o pulso, algo pouco comum nos bateristas de rock, que
preferem usar a força dos músculos do braço.
Seu
pegada rítmica é fundamental em clássicos como Honky Tonk Woman, Jumpin’
Jack Flash e (I Can’t Get No) Satisfaction. Embora sempre houvesse
rumores sobre sua saída do grupo por não gostar de fazer turnês, nunca
fraquejou. Em uma entrevista ao EL PAÍS, declarou: “Os Rolling Stones são minha
vida; o resto são paixões alternativas”.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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