Da Redação
A
edição extraordinária do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz desta
quarta-feira (11/8) destaca que desde outubro de 2020, é a primeira vez que não
há estados com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS
iguais ou superiores a 80%. Além disso, comparado àquele momento, tem-se o
menor número (cinco) de estados na zona de alerta intermediário (taxas iguais
ou superiores a 60% e inferiores a 80%), dois deles, por conta da redução de
leitos destinados à Covid-19, o que já vem ocorrendo em diversos locais. Os dados,
obtidos no dia 9 de agosto, indicam que se trata do melhor cenário desde que o
Observatório passou a acompanhar esse índice, em julho de 2020.
Os
estados do Mato Grosso e de Goiás registraram as maiores taxas de ocupação, com
79% e 78% dos leitos de UTI para adultos destinados à Covid-19 ocupados,
respectivamente. Por outro lado, 14 estados apresentam taxas inferiores a 50%.
O estado do Rio de Janeiro, nas duas últimas semanas, apresentou crescimento do
indicador, registrando uma taxa de 67%. Em relação às capitais, a cidade do Rio
de Janeiro (97%) e Goiânia (92%) são as mais preocupantes, mantendo taxas muito
críticas há semanas.
Os
pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim, ressaltam que esse
resultado reflete os ganhos adquiridos com as vacinas e o processo de
vacinação. “Considerando que ainda são altos os níveis de transmissão de casos
e óbitos, a vacinação deve ser ampliada e acelerada, além de combinada com o
uso de máscaras e distanciamento físico, para manutenção e avanços nos resultados”,
orientam.
A
análise ressalta que este quadro de melhora nas taxas de ocupação de leitos
acontece simultaneamente ao processo de redução significativa dos leitos
disponíveis à Covid-19 no Distrito Federal e em muitos estados. Ou seja, apesar
de menos leitos estarem disponíveis, as taxas de ocupação seguem em declínio”,
explicam os cientistas”.
A
análise constatou ainda que o número de óbitos reduziu 1,1% em relação à semana
anterior. A incidência de novos casos, ao mesmo tempo, diminuiu 0,8% por dia.
Essa disparidade entre a velocidade de queda da mortalidade e a queda da
incidência de casos é atribuída à vacinação, com a infecção produzindo menor
impacto sobre hospitalizações e óbitos. Como consequência, de acordo com o
estudo, foi observada uma pequena redução da letalidade, agora em 2,7%.
Alerta
A
nova edição do Boletim traz mais uma vez o alerta de que é fundamental ampliar
vacinação, combinando com vigilância em saúde, amplo uso de máscaras e medidas
de distanciamento físico e social. Reforça a importância do esquema vacinal
completo como a melhor proteção que se dispõe para a proteção em relação aos
casos graves e óbitos por Covid-19, incluindo os relacionados à variante
Delta.
“Ampliar
a vacinação completa para todos os elegíveis torna-se fundamental neste
momento, incluindo campanhas e busca ativa para os que ainda não tomaram a
segunda dose das vacinas que envolvem duas doses, como a Coronavac, a
AstraZeneca e a Pfizer”, destacam os pesquisadores..
“Embora
as vacinas venham claramente contribuindo para a redução de casos graves,
internações e óbitos no país, o surgimento e crescimento da presença de novas
variantes de preocupação, como a Delta, deve manter os serviços de vigilância
em saúde em alerta, com amplo uso de testes, detecção de casos, isolamento e
quarentena”, recomendam.
Variantes
A
circulação de novas variantes do vírus, observam os pesquisadores, tem
aumentado as infecções, mas não necessariamente o número de casos graves. Isso
acontece devido à proteção já adquirida por grupos populacionais mais
vulneráveis vacinados, como os idosos e portadores de doenças crônicas.
Apesar
dessa observação, os cientistas alertam que, por mais que as vacinas contribuam
para a redução de casos graves, internações e óbitos, a possibilidade de
surgimento e espalhamento de novas variantes de preocupação exige esforço para
manter os serviços de vigilância em saúde em alerta, com amplo uso de testes,
detecção de casos, isolamento e quarentena.
“Aqueles
que já se vacinaram estão mais protegidos do risco de evolução para casos mais
graves do que as pessoas não vacinadas. Mas é importante destacar sempre que
nenhuma vacina é 100% eficaz, de modo que pessoas vacinadas podem se infectar —
ainda que em menor proporção do que os não vacinados — e também transmitir o
vírus”.
Estados
Os
estados de Rondônia e de Roraima retornaram à zona de alerta intermediário
depois de ficarem fora da zona de alerta, mas a elevação do indicador responde
à redução de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS, provavelmente em um
processo de gerenciamento de leitos frente à queda na demanda, e não ao aumento
de leitos ocupados. Além desses estados, encontram-se na zona de alerta
intermediário, Rio de Janeiro (aumento da taxa de 61% para 67%), Mato Grosso
(estabilidade em 79%) e Goiás, que deixou a zona de alerta crítico (82% para
78%).
Outros
vinte e um estados e o Distrito Federal estão fora da zona de alerta, com taxas
inferiores a 60%. São eles Acre (13%), Amazonas (54%), Pará (48%), Amapá (26%),
Tocantins (58%), Maranhão (52%), Piauí (48%), Ceará (47%), Rio Grande do Norte
(34%), Paraíba (22%), Pernambuco (41%), Alagoas (26%), Sergipe (35%), Bahia
(43%), Minas Gerais (47%), Espírito Santo (42%), São Paulo (46%), Paraná (59%),
Santa Catarina (56%), Rio Grande do Sul (57%), Mato Grosso do Sul (56%) e
Distrito Federal (59%).
Cinco estados permanecem na zona de alerta intermediário (entre 60% e 80%) e
apresentam taxas entre 64% e 79%: Rondônia (64%), Roraima (70%), Rio de Janeiro
(67%), Mato Grosso (79%) e Goiás (78%).
Capitais
Seguem
em situação preocupante as cidades de Goiânia (92%) e Rio de Janeiro (97%),
ratificando tendência que se mantém há semanas, com taxas acima de 90%. Seis
capitais estão na zona de alerta intermediário, com a piora nas taxas de Porto
Velho (40% para 63%) e Boa Vista (58% para 70%), também reflexo da redução de
leitos de UTI Covid-19, melhora em São Luís (69% para 64%), Curitiba (67% para
65%) e Campo Grande (74% para 65%) e estabilidade em Cuiabá (74%).
Dezenove
capitais estão fora da zona de alerta. São elas Rio Branco (12%), Manaus (54%),
Belém (44%), Macapá (29%), Palmas (53%), Teresina (39%), Fortaleza (53%), Natal
(34%), João Pessoa (19%), Recife (39%), Maceió (25%), Aracaju (43%), Salvador
(38%), Belo Horizonte (57%), Vitória (36%), São Paulo (43%), Florianópolis
(31%), Porto Alegre (59%) e Brasília (59%).
Casos e óbitos por Covid-19
A
maior velocidade de queda da mortalidade em relação à incidência de casos novos
mostra que permanece a transmissão de Covid-19 em todo o país. Os pesquisadores
observam que, no entanto, há menor impacto sobre hospitalizações e óbitos, em
resposta à vacinação que já alcança cobertura de grupos mais jovens e grande
parte da população idosa.
O
estudo salienta ainda, porém, que o número de casos (média de 33.400 novos por
dia) e de óbitos (910 s por dia) são ainda muito elevados. Além disso, a taxa
de positividade dos testes permanece alta, o que mostra a intensa circulação do
vírus. Esses e outros dados para monitoramento da pandemia em estados e
municípios podem ser acessados pelo sistema MonitoraCovid-19.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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