Da Redação
A nova edição do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz,
publicada nesta quinta-feira (5/8), alerta que o surgimento e crescimento da
presença de novas variantes de preocupação, como a Delta, acende um alerta. O
estudo chama a atenção para o fato de que a pandemia ainda não acabou e novos
cenários de transmissão e risco podem surgir. Ressalta que o elevado patamar de
risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior
transmissibilidade da nova variante e destaca a necessidade de combinar vacinação
com o uso de máscaras, incluindo campanhas e busca ativa. A análise confirma
também a reversão no processo de rejuvenescimento da pandemia no Brasil.
Novamente, as internações em leitos de UTI para adultos no Sistema Único de
Saúde (SUS) e, principalmente, o número de óbitos concentram um maior número de
idosos.
Com
base nos dados referentes às semanas epidemiológicas 29 e 30 (18 a 31 de julho
de 2021), a avaliação aponta também que as incidências de Síndromes
Respiratórias Agudas Graves (SRAG) ainda permanecem em níveis altos, muito
altos ou extremamente altos no país. Tais níveis indicam transmissão
significativa do vírus Sars-CoV-2, pois a maior parte dos casos de SRAG é
referente a casos de infecção por Covid-19.
“É
fundamental o esquema vacinal completo para todos os elegíveis, a fim de
proteger contra os casos graves e óbitos por Covid-19, incluindo os
relacionados à variante Delta, além da necessidade de ampliar e acelerar a
vacinação”, afirmam os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim,
que traz nesta edição recomendações fundamentais de medidas de proteção.
Perfil
Demográfico
A
proporção de casos de internações entre idosos, hoje em 37,5%, já esteve em
27,1% (SE 23, 6/6 até 12/6). No caso da proporção do número de óbitos — que, na
mesma semana 23, esteve em 44,6% — o percentual está em 62,1%. A análise
ainda indica redução importante da proporção de internações nas faixas etárias
de 50 a 59 anos e uma diminuição discreta na faixa de 40 a 49 anos. Os
cientistas chamam a atenção de que qualquer conclusão sobre a mudança apontada
no perfil da pandemia no Brasil ainda é precoce e deve ser acompanhada de perto
nas próximas semanas.
A
análise também destaca que o perfil de mortalidade por idade em países de baixa
e média renda, como é o caso do Brasil, é diferente do observado em países
ricos. Os mais jovens enfrentam um risco maior de morrer em países em
desenvolvimento do que em países de alta renda. Isso ocorre porque as
populações não idosas nesses países têm uma maior incidência de doenças
preexistentes e menos acesso a tratamento e cuidados que potencialmente salvam
vidas.
Além
disso, segundo a análise, as taxas de emprego informal mais altas, transportes
públicos superlotados e habitações precárias e muitas pessoas para poucos cômodos,
características de países de baixa renda, colocam as pessoas em maior risco de
exposição ao Sars-CoV-2. “Esses riscos parecem afetar desproporcionalmente
adultos não idosos. Isto reforça nossa impressão inicial de que a
vulnerabilidade específica à idade na pandemia varia, o que é fundamental para
determinar se e como a adaptação das políticas de distanciamento”, ressaltaram
os cientistas.
A
boa notícia desta edição é que foi verificada queda de incidência e mortalidade
por Covid-19. Entretanto, os números ainda seguem preocupantes. A taxa de
mortalidade diminuiu 1,3% ao dia, enquanto a taxa de incidência de casos de
Covid-19 foi reduzida em 0,3% por dia. “A maior redução da mortalidade e menor
da incidência pode ser resultado das campanhas de vacinação, que seguramente
reduzem os riscos de agravamento da doença, mas não impedem completamente a
transmissão do vírus Sars-CoV-2”, destacam os pesquisadores. A positividade dos
testes ainda continua alta, o que significa dizer que há intensa circulação do vírus,
e a taxa de letalidade está em torno de 2,8%, patamar elevado em relação a
países que adotam medidas de proteção coletiva, testagem em massa e cuidados
intensivos para doentes graves.
“O
elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado
pela maior transmissibilidade da variante Delta, em paralelo ao lento avanço da
imunização entre os grupos mais jovens e mais expostos, combinado com maior
circulação de pessoas pelo retorno das atividades de trabalho e educação. Nesse
sentido, é importante refutar a ideia de que a vacinação protege integralmente
as pessoas de serem infectadas e transmitir o vírus, o que pode se tornar um
risco adicional com a nova variante de preocupação Delta”, alertam os
pesquisadores.
Taxas
de ocupação de leitos
As
taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS continuam
melhorando. Dezenove estados se encontram fora da zona de alerta, ou seja,
registram taxas de ocupação inferiores a 60%. Outros seis estados e o Distrito
Federal estão na zona de alerta intermediário (taxas de ocupação iguais ou
superiores a 60% e inferiores a 80%) e somente um estado, Goiás, na zona de
alerta crítico (taxa superior a 80%). Entre 26 de julho e 2 de agosto,
destacaram-se negativamente a expressiva elevação do indicador em Mato Grosso
(63% para 79%) e em Cuiabá (55% para 74%), sua capital. Observaram-se ainda
aumentos no estado do Rio de Janeiro (59% para 61%) e nas capitais Fortaleza
(55% para 65%), Belo Horizonte (58% para 60%), Rio de Janeiro (90% para 94%) e
Campo Grande (67% para 74%).
As
quedas no indicador atingiram pelo menos cinco pontos percentuais em Roraima
(68% para 58%), Pará (61% para 54%), Tocantins (71% para 64%), Maranhão (65%
para 57%), Paraíba (34% para 26%), Alagoas (46% para 26%), Sergipe (45% para
37%), Minas Gerais (56% para 51%), São Paulo (55% para 49%), Paraná (64% para
59%), Rio Grande do Sul (65% para 60%) e Distrito Federal (83% para 61%). O
Nordeste do país está todo fora da zona de alerta do indicador, onde também se
somam o Norte, exceto por Tocantins, o Sudeste, exceto pelo Rio de Janeiro, e o
estado do Paraná, localizado na região Sul.
Duas
capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 superiores a
80%: Rio de Janeiro (94%) e Goiânia (94%). Oito capitais estão na zona de
alerta intermediário: São Luís (69%), Fortaleza (65%), Belo Horizonte (60%),
Curitiba (67%), Porto Alegre (66%), Campo Grande (74%), Cuiabá (74%) e Brasília
(61%). Dezesseis capitais estão fora da zona de alerta: Porto Velho (40%), Rio
Branco (26%), Manaus (59%), Boa Vista (58%), Belém (49%), Macapá (33%), Palmas
(49%), Teresina (50), Natal (39%), João Pessoa (23%), Recife (34%), Maceió
(21%), Aracaju (46%), Salvador (44%), Vitória (46%), São Paulo (45%) e
Florianópolis (36%).
Casos
de SRAG
Em
relação aos casos de SRAG, observa-se que São Paulo, Minas Gerais, Paraná,
Santa Catarina, Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal
encontram-se com taxas superiores a 10 casos por 100 mil habitantes. Os demais
estados possuem taxas inferiores, no entanto, ainda são superiores a um caso
por 100 mil habitantes. Como os casos de SRAG são essencialmente severos, que
demandam hospitalização, ou casos que vieram a óbito, estas taxas preocupam por
impor demanda significativa ao sistema hospitalar.
O
projeto InfoGripe indica estimativas para estas semanas que colocam a maior
parte do país em estabilidade nas taxas de incidência de SRAG. Alguns estados
como Mato Grosso do Sul, Pará e Acre estão com tendência de aumento na
incidência. São Paulo, Espírito Santo, Paraíba, Bahia, Sergipe, Roraima,
Tocantins e Maranhão tem tendência de redução nos casos. Os demais estados
encontra-se em situação de estabilidade. Entretanto, tal cenário não é
confortável para a saúde pública, uma vez que a transmissão permanece elevada.
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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