Da Redação
Depois
de o presidente Jair Bolsonaro ter dito pela manhã que o presidente
da Caixa, Pedro
Guimarães, está “abismado” com a corrupção encontrada no banco estatal, o
próprio Guimarães anunciou, ao lado dele, um prejuízo de R$ 46 bilhões no
balanço do banco, segundo cálculos da atual gestão, por operações irregulares
feitas entre 2004 e 2017, na administração petista.
“Pedi
para todo mundo fazer uma auditoria do passado e ele falou que está abismado
com o que levantou em alguns meses sobre corrupção na Caixa”, declarou o
presidente a apoiadores presentes na porta do Palácio da Alvorada, pela manhã.
“Não tenho dúvida de que [se houver mudanças no governo], a chance de voltar ao
que era antes é enorme”, disse Guimarães, à noite, ao lado do presidente.
Ao divulgar o resultado do banco do segundo trimestre,
Guimarães afirmou que as perdas econômicas de gestões passadas estão
relacionadas a investimentos feitos por meio do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) ou
empréstimos "mal feitos", todos já conhecidos.
Alvo
principal dos ataques foram os ex-presidente petistas Luiz Inácio Lula da Silva
e Dilma Rousseff. As declarações acompanham semana ruim para os níveis de
aprovação do governo e de perspectiva para a reeleição de Bolsonaro. Segundo
pesquisa da XP Investimentos em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais,
Políticas e Econômicas (Ipespe), Lula ampliou neste mês a vantagem em intenções
de voto sobre Bolsonaro, que, em alguns cenários, chega a 16 pontos percentuais
de vantagem no primeiro turno.
O
levantamento também mostrou que o governo atravessa seu pior momento de aprovação,
com 54% dos brasileiros avaliando o governo como ruim ou péssimo - maior índice
registrado desde o início do mandato -, e 23% como bom ou ótimo - o menor
índice.
O
lucro da Caixa foi de cerca de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre, mas,
segundo Guimarães, o resultado era para ter sido de R$ 8 bilhões a R$ 9
bilhões. A diferença das cifras, disse, se dá por impactos como a redução da
taxa de administração do FGTS, sob responsabilidade da Caixa. No ano, a mudança
consumiu R$ 3 bilhões de lucro do banco público.
"Antigamente,
esses fatores eram muito importantes. Hoje, são pouco relevantes e a Caixa
consegue ter aumento de lucro a despeito da redução da taxa do FGTS e perdas
econômicas com créditos e investimentos mal feitos", disse em coletiva de
imprensa.
Para
gerar lucro ao banco, segundo Guimarães, é só não "roubar" e não
emprestar para empresa que não vai pagar, não patrocinar times de futebol.
"Eu prefiro emprestar para 500 mil microempresas, cuja inadimplência é
muito menor e há uma pulverização pelo Brasil", afirmou.
"É
melhor do que emprestar para duas grandes. Não há possibilidade grande de
corrupção uma vez que o tíquete médio dos empréstimos é de R$ 100 mil e não de
R$ 10 bilhões, R$ 15 bilhões", concluiu.
BNDES
Além
das desconfianças na Caixa, Bolsonaro afirmou que já está pronto um
levantamento de suspeitas de irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo o presidente, não estão sendo pagas as prestações anuais dos
empréstimos internacionais.
A
ofensiva sobre o BNDES é uma retórica antiga de Bolsonaro, que, durante a
corrida presidencial de 2018, disse que iria “abrir a caixa preta” da
instituição. Como revelou o Estadão, o banco chegou a gastar R$ 48 milhões
em uma auditoria interna, mas não encontrou ilegalidades.
As supostas novas suspeitas envolvendo o BNDES serão abordadas, provavelmente, na semana que vem, durante live nas redes sociais, afirmou Bolsonaro. Ele não informou se o presidente da instituição, Gustavo Montezano, estará presente. /COLABORARAM GUSTAVO CÔRTES, PEDRO CARAMURU E DANIEL GALVÃO
Fonte: O Estadão
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