Da Redação
Uma
decisão da justiça da Rússia,
anunciada na quinta-feira (15), torna irregular a atuação do site
jornalístico Proekt, em
represália contra uma série de reportagens sobre erros ou ações questionáveis
do presidente e de alguns de seus aliados. As informações são do jornal
britânico The
Guardian.
O Ministério da Justiça russo
passou a listar o Proekt entre as “organizações indesejáveis”, o que
obriga seus jornalistas a pararem de trabalhar sob o risco de processos
criminais. Além do editor-chefe Roman Badanin, foram listados como “agentes
estrangeiros” mais sete jornalistas, segundo a ONG Human
Rights Watch: três do próprio Proekt, três da Radio Free Europe (RFE),
também financiada pelos EUA, e uma da Open Media.
A decisão também respinga em
todos os demais veículos jornalísticos do país, que ficam proibidos de fazer
qualquer referência a conteúdo publicado pelo Proekt, associado à
organização norte-americana Project Media Inc..
Jornalistas do
site vinham investigando altos funcionários do Kremlin e haviam noticiado questões
tidas como delicadas pelo governo, entre elas os erros no combate à Covid-19 e
o envio de soldados mercenários à África. Também estavam na pauta do site o
líder chechêno Ramzan Kadyrov e o empresário Yevgeny Prigozhin, aliados de
Putin.
A ação ocorre no momento em
que o Proekt investigava o ministro do Interior Vladimir Kolokoltsev,
que enriqueceu muito desde a nomeação, em 2012, e é suspeito de ter ligações
com o crime organizado. O site chegou a noticiar que Putin teve uma filha
secreta com uma amante.
Na última semana, jornalistas
do site tiveram suas casas
invadidas para operações de busca e apreensão da polícia, usando como
justificativa um antigo caso de calúnia envolvendo Badanin. Como parte da ação
do governo visa a sufocar financeiramente o veículo jornalístico, eventuais
doadores, através de qualquer esforço de crowdfunding (financiamento
coletivo), também são passíveis de punição.
A repressão do governo Putin a
veículos de imprensa tem aumentado. Sites noticiosos como Meduza e VTimes também
foram declarados “agentes estrangeiros”, mas a medida de considerar o veículo
ilegal, caso do Proekt, não é habitual. Muitos jornalistas ligados ao
oposicionista Alexei Navalny, atualmente preso em Moscou, tiveram suas casas
invadidas pela polícia sob ordens de busca e apreensão. A RFE recebeu multas
milionárias.
Jornalista preso
Um tribunal da Crimeia, península ocupada pela
Rússia, apresentou acusações contra o jornalista Vladyslav Yesypenko,
correspondente freelance da RFE, também na quinta-feira (15). A Ucrânia,
que reivindica a região, os Estados Unidos e organizações de imprensa contestam
a acusação, tida como mais uma ação autoritária de Moscou para calar a
oposição.
Yesypenko, que é cidadão
russo-ucraniano, foi detido em março pela FSB (Agência
de Segurança Federal, da sigla em inglês). Inicialmente, ele foi acusado de
espionagem em favor do governo ucraniano. Agora, responde por porte e
transporte de explosivo, e a pena pode chegar a 18 anos de reclusão.
Em abril, num depoimento a
portas fechadas, o jornalista alegou que foi torturado com choques elétricos,
espancado e ameaçado de morte, a menos que “confessasse”
a espionagem em nome da Ucrânia, segundo o advogado dele. A acusação de
espionagem, porém, jamais foi citada no indiciamento.
“Vladyslav Yesypenko é culpado
de nada mais do que ser jornalista. Ele estava tentando compartilhar a verdade
sobre a situação na Crimeia com o mundo exterior antes de enfrentar detenção e
aparente tortura nas mãos de seus captores baseados na Rússia”, disse Jamie
Fly, presidente da RFE.
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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