A
motociata com Jair Bolsonaro neste sábado (10) em Porto Alegre terminou com um
discurso a apoiadores, a maioria deles vestidos de verde e amarelo e com
bandeiras do Brasil, onde o presidente atacou de novo o ministro Luís Roberto
Barroso, a CPI da Covid e o governador Eduardo Leite (PSDB), além de mais uma
vez defender o voto impresso para 2022.
"Se
aquele de nove dedos tem 60%, segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso
e auditável [o voto hoje já é auditável], da deputada Beatriz que está aqui [se
referindo a Bia Kicis], para ver se ele ganha realmente na opinião do
povo", afirmou se referindo a pesquisa recente do instituto que mostra o
ex-presidente Lula na liderança da corrida eleitoral.
Enquanto
promove a motociata, o país segue com alto número de mortes diárias pelo
coronavírus. O Brasil registrou 1.433 mortes por Covid e 57.188 casos da
doença, nesta sexta-feira (9).
Com
esses dados, a média móvel de óbitos agora é de 1.387 mortes por dia, primeira
vez desde 4 de março deste ano que o dado fica abaixo de 1.400. Na data em
questão, a média era de 1.361.
O
país chegou a 531.777 mortes e a 19.019.974 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2
desde o início da pandemia. Apesar da queda recente da média, o Brasil
completou 170 dias seguidos do dado acima de 1.000 óbitos por dia.
Ao
abordar a pauta do sistema eleitoral, no discurso feito no pátio da Fiergs
(Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul), ponto inicial e final do
passeio de motocicleta, Bolsonaro atacou Barroso, ministro do STF e presidente
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em
outro momento da sua fala, dizendo que tentavam rotulá-lo como corrupto e
citando escândalos como os desvios na Petrobras, Bolsonaro disse que Barroso
queria "a volta da roubalheira, a volta da impunidade, através da fraude
eleitoral".
Sem
usar máscara durante o trajeto de motocicleta ou no discurso, Bolsonaro afirmou
ainda que acertou durante a pandemia, aconselhado por "pessoas
maravilhosas que estavam ao seu lado", destacando ministros e secretários.
Ele
voltou também a defender o tratamento precoce, que não tem eficácia científica
comprovada e, sem citar nomes, falou de um senador que teve teste positivo para
o novo coronavírus. O senador Otto Alencar, membro da CPI que investiga a
gestão da pandemia no país, divulgou que estava com o vírus nesta sexta.
"Tem
elemento da CPI que está com Covid. Vou ficar marcando ele. Quero ver se ele
vai ficar em casa, esperar sentir falta de ar (...) e tomar cloroquina e
hidroxicloroquina. Tem estudos no mundo avançados, que em torno de 60% dos
óbitos poderiam ser evitados se fosse realizado o tratamento precoce",
afirmou.
No discurso, o presidente também chamou a CPI de picareta. Mais cedo, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, onde falou com a Rádio Gaúcha, ele disse que não responderia aos questionamentos da comissão e chamou os senadores Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues de bandidos.
Ainda
no discurso a apoiadores, que ele chamou de seu exército, Bolsonaro falou que
chefes do Executivo tinham que tomar decisões e que ele não fechou comércios
nem decretou toque de recolher e lockdown.
Ao
discursar sobre liberdade, ele citou o artigo 5° da Constituição Federal e
lançou críticas ao governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB).
Apesar
de ter aberto voto para Bolsonaro em 2018, Leite diz que se arrependeu e vem
trocando críticas com o presidente, tendo acionado o governo também no STF, em
abril, para que Bolsonaro explicasse declarações dadas em entrevista sobre os
gastos do RS na pandemia.
"Ali
está escrito o sagrado direito de ir e vir, que foi tirado pelo governador aqui
do Rio Grande do Sul. Ali está escrito o direito ao trabalho, que esse cara
também retirou de vocês por muito tempo. Está escrito a liberdade de religião,
direito de ir a cultos, e ele também retirou isso aí. Não precisamos de pessoa
deste padrão, com essa coragem imoral, para dizer o que nós temos ou não temos
que fazer", declarou.
Em
dois dias de agendas no RS, Bolsonaro não esteve com o governador.
Na
manhã de sábado, enquanto o presidente percorria as ruas da capital, Leite,
presidenciável pelo PSDB, publicou em seu Twitter uma música do uruguaio Jorge
Drexler, com a legenda: "Haveremos de vencer o ódio covarde com a coragem
do amor". Segundo ele, a canção era uma dica para o fim de semana.
Bolsonaro
encontrou, porém, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Mello (MDB), que
apresentou a ele pedido para a retirada de tributos federais que incidem nos
preços das passagens de transporte urbano e da Usina do Gasômetro, cartão-postal
tombado da capital gaúcha, da privatização da Eletrobrás.
A
jornalistas, chegando a casa de eventos onde se reuniu com o presidente, o
prefeito disse que não iria multá-lo por não ter usado máscara ou pela
aglomeração que foi promovida durante a motociata.
"É
a mesma aglomeração que eu tenho visto na porta do Paço, pela cidade, de todas
as pessoas que fazem manifestações, e nossa cidade é democrática",
defendeu Mello.
"Aglomerações
têm acontecido na cidade, mas não só essa. Tem gente que usa máscara, tem gente
que não usa máscara, então temos que dar tratamento igual. Nós nunca multamos
ninguém que fez manifestação contra o presidente e que também estava sem
máscara".
Durante
o percurso, Bolsonaro fez algumas paradas e transmitiu parte do ato nas suas
redes sociais. Ele apertou as mãos de apoiadores, alguns deles também sem usar
a proteção.
Na
parte do trajeto às margens do rio Guaíba, lanchas e jetski com apoiadores
também acompanharam o presidente. A Secretaria de Segurança do Rio Grande do
Sul afirmou que não informa estimativa de público.
Em alguns pontos do trajeto da motociata, pessoas críticas ao presidente fizeram panelaço. Por volta das 12h, a Brigada Militar, polícia militar gaúcha, deteve uma mulher de 47 anos que protestava contra Bolsonaro.
Segundo
nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do RS, a mulher teria
ameaçado motociclistas e foi abordada várias vezes para que se afastasse da
via, por segurança.
A
pasta afirma que ela desobedeceu a ordem, desacatando os policiais que fizeram
a abordagem, e afirma ainda que ela tentou chutar um motociclista.
A
nota diz que ela foi contida por PMs mulheres e levada a 2ª Delegacia de
Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde assinou termo circunstanciado por
desobediência, e foi liberada. A Brigada irá abrir procedimento para apurar os
fatos.
Leite
publicou um vídeo sobre o ocorrido em seu perfil do Twitter. "A Brigada
Militar atuou hoje para garantir a ordem e a segurança a manifestantes de ambos
os lados -como pode ser visto neste vídeo. No único incidente, diante de
ameaças de agressão e desacato a policiais, uma manifestante foi contida e
levada à delegacia", escreveu o governador
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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