Da: Redação
Prof.
Taciano Medrado
O
empresário Marcelo Odebrecht disse nesta quarta-feira (7) à juíza Gabriela
Hardt que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia que as reformas num
sítio em Atibaia usado pelo petista eram pagas pela empreiteira.
"Não
escutei isso de Lula, mas meu pai [o empresário Emílio Odebrecht] sempre deixou
claro pra mim que ele sabia que estava sendo que
estava sendo custeado [pela empreiteira], e todos entendíamos que aquele sítio
era de Lula", ele disse
O
empresário também afirmou ter sido inicialmente contra as obras no sítio.
"Achava que era exposição desnecessária. Seria a primeira vez que a gente
faria algo pessoal para o presidente Lula. Tinha um monte de gente trabalhando
lá, a dificuldade de manter isso em sigilo era enorme", justificou-se.
Marcelo é
réu no processo em que o Ministério Público Federal (MPF) afirma que as obras
no sítio foram propina da Odebrecht a Lula. Ele, o pai e Alexandrino Alencar,
ex-executivo da empreiteira, prestaram depoimento à juíza que substitui Sergio
Moro no comando dos processos da "Operação Lava-Jato" no Paraná. O
empresário firmou um acordo de delação
Marcelo
Odebrecht também disse à juíza substituta Gabriela Hardt que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva conhecia a "conta-corrente" pela qual a
empreiteira abastecia o Partido dos Trabalhadores com dinheiro não declarado, e
que ele não tinha origem em contratos da Petrobras, mas em "outras
questões ilícitas" – ele mencionou a medida provisór
No depoimento, o empresário mencionou um e-mail
que, segundo ele, mostra uma conversa de Alexandrino Alencar, ex-executivo da
Odebrecht, com o ex-ministro Antonio Palocci indicando que propinas sobre obras
na hidrelétrica de Belo Monte e navios-sonda para a Petrobras "iam para
Lula". Marcelo disse que a empresa não pagou tais propinas, mas que outr
"Em 2010, eu disse a meu pai [o também
empresário Emílio Odebrecht]: 'É bom você avisar a Lula que já acertei R$ 200
milhões com Palocci, sendo R$ 100 milhões já pagos e R$ 100 milhões de saldo.
Além desses, teve mais R$ 100 milhões que eu estimava que meus executivos
tinham acertado com o PT'. Aí meu pai foi pro Lula e falou dos tais R$ 300
milhões. Como
tenho certeza? Porque Palocci voltou pra mim e falou em R$ 300 milhões",
relatou Marcelo.
"Eu falei: 'Peraí, Palocci. Meu pai não disse
que eu acertei com você R$ 300 milhões. Acertei R$ 200 [milhões] e teve mais R$
100 [milhões] dos executivos. Um e-mail que mando para o Brani [Branislav
Kontic, então assessor de Palocci] em 23 de agosto de 2010 diz assim: 'Por
favor, diga ao chefe que, do valor a que meu pai se referiu, um terço são referentes ao apoio direto das bases, que não passa por ele. Daí o valor 50%
maior citado por meu pai'", ele prosseguiu
A "conta-corrente" era administrada
diretamente por Marcelo Odebrecht na "Planilha Italiano", com
indicação das entradas e saídas de dinheiro. "De 2008 a 2010, eu e
Palocci, referendados por meu pai e Lula, acabamos acertando um valor que
chegou a R$ 200 milhões, mais ou menos. Dois desse valores eram contrapartidas
específicas ao Refis da Crise e e o assunto de uma linha de crédito para
Angola, que está sendo investigado no STF. Eles tiveram contrapartidas
específicas e geraram crédito na planilha Italiano", disse o empresário
"Eu e Palocci sabíamos quais os itens que
pesavam na minha agenda com ele e que geravam crédito. Teve alguns pedidos de
propina que inclusive foram negados [pela Odebrecht] com base na existência da
'Planilha Italiano' e que imagino que outras empresas acabaram tendo que pagar.
Por exemplo: a questão de Belo Monte, a questão de sondas [para a Petro bras]. É importante entender o
contexto dessa nossa relação com Lula: há um e-mail que mostra uma conversa de
Alexandrino com Palocci que sinaliza o pedido de propina que a gente não
aceitou para Belo Monte e as sondas da Petrobras iam para Lula. Esse e-mail vou
anexar (ao processo)", afirmou Marcelo
"Toda a minha relação indireta com Lula foi
através de Palocci no contexto da planilha Italiano. Volto a afirmar que não
passava por contratos com a Petrobras, mas de fato envolviam outras questões
ilícitas", ele ressalvou
A ação que trata do sítio em Atibaia é a terceira
que tem o ex-presidente Lula como réu em Curitiba – ele é acusado pelo
Ministério Público Federal de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O
político será ouvido pela juíza Gabriela Hardt na próxima quarta-feira (14).
Fonte: Valor Econômico/Política
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