CHAPA ISIDÓRIO E ELEUSA: PROGRESSISTAS CONSERVADORES, GRAÇAS A DEUS!


Da:  Redação
Prof. Taciano Medrado

Segundo colocado nas sondagens realizadas até aqui em Salvador, o Pastor Sargento Isidório está longe de ser um nome do campo progressista. No entanto, é assim que tentam pintá-lo na base aliada do governador Rui Costa, que, junto com o ex-governador Jaques Wagner, ancora o trabalho social realizado pelo deputado federal na Fundação Dr. Jesus. Isidório representa o conservadorismo extremo e agora, tendo Eleusa Coronel como candidata a vice, consegue congregar o que há de mais direita na esquerda baiana.

Contraditório, não? O “doido” Isidório é uma figura que utilizou o personagem folclórico para ascender politicamente. O resultado disso foi a maior votação dele para a Câmara dos Deputados em 2018 e o filho dele, João Isidório, como mais votado para a Assembleia Legislativa da Bahia. É tudo bem pensado politicamente, ainda que parte da sociedade - e da imprensa - não consiga perceber que há método por trás dos posicionamentos controversos. Depois de nascer para o grande público em uma greve da Polícia Militar, alimentou seu lado pictórico com o botijão de gás e declarações como “ex-gay, ex-drogado e ex-aidético”. Qualquer semelhança com outro personagem do plano nacional não é mera coincidência.

Em 2016, o deputado foi testado como candidato a prefeito em Salvador. O desempenho foi pífio. Porém funcionou para criar o recall para as eleições seguintes. Agora, passados quatro anos, Isidório será um personagem decisivo para provocar um eventual segundo turno em Salvador. E com o bojo de quem representa muito dos valores conservadores que crescem exponencialmente como demanda nas urnas: é contra o aborto, homofóbico, por vezes misógino e se apresenta como uma figura popular. Mas também acaba simbolizando o homem simples, negro e que vive em condições precárias para dar prosseguimento a sua obra social.

Ao se juntar com Eleusa Coronel, o parlamentar inicia um diálogo com setores que teriam resistência natural a ele, a exemplo do empresariado. Ela entra na chapa basicamente por ser esposa do senador Angelo Coronel. Mesmo que menos que Isidório, a candidata a vice também está longe de ser uma mulher progressista. Basta ver a forma como se comportou ao comandar o programa Assembleia de Carinho, carro-chefe das ações sociais do tempo do marido no Legislativo baiano. É um conservadorismo mais sofisticado, porém com chances de diálogo com outras frentes políticas.

A chapa Isidório e Eleusa é progressista, na tese da esquerda baiana, e conservadora, na prática. É extremamente contraditório, mas o que é simples na política brasileira? Pelo menos os reais progressistas não devem embarcar nesse barco agora. Todavia, em um eventual segundo turno entre essa chapa e Bruno Reis, como eles se comportariam? Pegue a pipoca. Será um bom espetáculo para assistir.


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