Everaldo Dias, o Pastor Everaldo, durante a
campanha eleitoral Foto: Reprodução/ Facebook
Por: Chico Otavio e Daniel Biasetto
Agentes
da Polícia Federal estão nas ruas para cumprir mandados de prisão e de busca e
apreensão contra agentes públicos, políticos e empresários envolvidos no
esquema de desvios na saúde liderado pelo governador Wilson Witzel, segundo a
acusação, em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do grupo liderado pelo
governador. Entre os alvos de prisão está o presidente do PSC, Pastor Everaldo,
já preso, o advogado Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico
de Witzel, e o médico e ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto.
Há
mandados de prisão também contra os empresários Mário Peixoto e os sócios
Alessandro Duarte e Cassiano Luz, porém, eles já se encontram presos alvos da
operação Favorito, realizada em maio.
As
semelhanças e confluências entre o esquema desbaratado na operação Calicute,
que prendeu Sérgio Cabral, e o de agora na ação denominada Tris in idem,
indicam que assim como o ex-governador, Wilson Witzel se cercou de integrantes
de dentro e de fora do governo para dar continuidade ao esquema de corrupção, a
exemplo de seu antecessor.
Vejam
quem é quem no escândalo:
Helena
WitzelA primeira-dama Helena Wtizel Conhecida pela postura linha dura e de pouco
trato como funcionários e servidores dos Palácios Guanabara e Laranjeiras ,
Helena Alves Brandão Witze costuma participar de quase todas as decisões do marido.
A PGR
sustenta que Witzel usou o escritório de advocacia da mulher,para receber
dinheiro desviado por intermédio de quatro contratos simulados no valor aproximado
de R$ 500 mil - cerca de R$ 15 mil mensais de cada uma das quatro.
Ao
contrário da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, contudo, Helena Witzel tinha uma
discreta e recente atuação da advocacia. Os investigadores concluíram que ela
tinha casos praticamente inexpressivos antes de ver o marido tomar posse, em
janeiro de 2019. Em seguida, quatro contratos com empresas ligadas a Mario
Peixoto (três) e Gothardo Lopes Neto (um), ex-prefeito de Volta Redonda,
passaram a render à primeira-dama R$ 60 mil mensais.
Um email
escrito por Witzel, apreendido pela PGR, orienta os interessados a redigir o
contrato com o escritório de Helena. Chamou também a atenção dos investigadores
a participação da primeira-dama em um processo de execução fiscal da família do
médico Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda e ex-deputado
estadual, dona do Hospital Infantil e Maternidade Jardim Amália Ltda (HINJA),
maior unidade de saúde privada do município.
O
processo, que tramita na Justiça Federal de Volta Redonda, já tinha como
advogado Lucas Tristão, ligado ao esquema, porém, no decorrer da ação, a
primeira-dama entrou com uma petição para avisar que estava ingressando na
mesma causa e passando a advogar para o hospital. É quando, segundo as
investigações, passou a receber os R$ 15 mil mensais apenas por esse serviço.
Não há nenhum outro documento no âmbito desse processo que tenha justificado o
vultoso pagamento opor apenas uma petição.
A
advogada e o ex-juiz se conheceram na faculdade, quando Witzel dava aulas em
Vila Velha, no Espírito Santo.
Com mais
de 30 anos de atuação nos bastidores da política nacional, o Pastor Everaldo
aprendeu a se movimentar entre partidos de direita e esquerda com desenvoltura,
principalmente no Rio, seu domicílio eleitoral, onde transitou pelos governos
de Leonel Brizola, Benedita da Silva, Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Foi
colado no ex-deputado Eduardo Cunha e o partido do qual é presidente, o mesmo
PSC de Witzel, abrigou por anos a família Bolsonaro.
Para além
de sua ligação com a religião, sua maior aventura na política foi disputar a
Presidência em 2014 ficando na quinta colocação, com 780 mil votos. Já sua
grande cartada até então havia sido a invenção do “poste” Witzel na
surpreendente eleição de 2018, quando contrariando todas as pesquisas
eleitorais o ex-juiz derrotou Eduardo Paes.
Pastor da
Assembleia de Deus em Madureira, chefiada pelo Bispo Manoel Ferreira, Everaldo
ganhou fama no meio político por ser considerado pragmático, organizado e
tenaz. Ele se filiou ao PSC em 2003 e fez crescer exponencialmente o número de
deputados eleitos depois de ter assumido o comando da legenda.
Como dono
do partido, ele comprou a ideia da candidatura de Witzel quando ela era tratada
como uma piada e aparecia com apenas 1% das intenções de voto. Hoje se tornou
um articulador da relação com o Legislativo do Rio.
Com
espaço amplo na gestão de Witzel, o presidente do PSC tem influência no Detran
e ainda emplacou o filho, Filipe Pereira, como assessor especial do governador.
Também é responsável pela indicação de Carlos Braz., filho de um obreiro da
igreja para a diretoria do Interior da Cedae, responsável pelas obras da
Chison.
O pastor
já havia sido citado na Lava-Jato por um executivo da Odebrecht Ambiental. Ele
teria recebido R$ 6 milhões para favorecer Aécio Neves no debate presidencial
de 2014, quando foi candidato ao Planalto.
De um
tempo para cá, após as operações que miraram o entorno do governador, Everaldo
tem tomado distância do Palácio Guanabara e causou suspense em comentários nas
redes sociais dando indiretas com mensagens bíblicas para Witzel, como mostrou
“Época”.
Um dos
motivos das rusgas entre Everaldo e Witzel teria como pivô o ex-secretário de
Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, também alvo da Lava-Jato. Considerado
braço direito do governador desde os tempos em que dividiam o mesmo escritório
de advocacia, Tristão demitiu indicados do pastor no governo. Ele foi exonerado
após as investigações da Lava-Jato indicarem ligação entre ele e Mário Peixoto,
um dos cabeças do esquema de desvios na saúde.
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