Foto reprodução internet
Por Vera Medeiros
Nunca
houve dúvida de que os ministros Sérgio Moro e Paulo Guedes levaram ao governo
o bom olhar e a esperança de muitos que não votaram em Bolsonaro, mas viam que
alguma coisa diferente poderia ser feita para melhorar o país – afundado em
escândalos de corrupção e conchavos feitos em nome de uma tal
‘governabilidade’, embalada por um projeto insano de poder.
Assim, perder um
desses dois nomes (ou os dois), nem de longe, geraria a mediana repercussão que
o governo teve de encarar com a saída do ministro Mandetta , por exemplo. Isso
porque Mandetta, no final do seu percurso na pasta da Saúde, deixou-se picar
pela ‘mosquinha azul’, afrontando o chefe numa entrevista claramente regida por
figurões do seu partido como Caiado, Maia e Alcolumbre (o DEM, que se transformou
numa espécie de novo PMDB). O povo logo correu para ver, na atitude, uma
espécie de traição. E agradou-se da substituição técnica na pasta.
No entanto,
com a saída de Sérgio Moro, o governo perdeu, ao menos, 40% de sua imagem
pública, porque estava, sob a figura do ex-juiz que devassou o maior esquema de
corrupção de que este país já teve notícia, a segurança da sociedade de que os
“malfeitores” políticos teriam a quem temer. E essa figura-símbolo, pertencendo
ao governo, dizia muito mais do que se pode agora explanar em reduzidas
palavras.
Até mesmo no episódio da semana passada, quando o já experiente em
lançar ‘fogo no parquinho’, Roberto Jeferson, denunciou um suposto plano de
Rodrigo Maia contra Bolsonaro, havia, nos bastidores, a certeza de que aliados
como Moro, como as Forças Armadas e como a Polícia Federal não deixariam o
caminho tão livre assim para o “Botafogo” (Rodrigo Maia), que aparece
denunciado nas delações da Lava Jato.
Agora, Bolsonaro perde essa figura e
destoa da vontade de milhares de brasileiros que o viu nascer no vácuo que a
esquerda corrupta deixou no país.
Só há uma falha de Sérgio Moro nisso tudo:
ter levado ao Jornal Nacional prints de conversas privadas -não as que teve com
Bolsonaro, por incrível que pareça, mas o trecho em que falava com a deputada
Carla Zambeli, de quem foi padrinho de casamento recentemente.
Grande parte da
massa que sentiu muito a saída desse símbolo do governo Bolsonaro encontra,
nesse detalhe, uma brecha para duvidar da ética de Moro em suas relações mais
próximas - questão posta em xeque pelo presidente em seu pronunciamento dessa
sexta-feira(24).
Então? Haverá impeachment? Bolsonaro sobreviverá à oposição do
juiz que virou emblema nacional? Não sabemos ainda.
Repetirei o que disse, por
ocasião dos rumores da perda de mandato de Dilma, vendo que Lula escolhera
Michel Temer para cuidar do governo; inclusive, de sua articulação política: o
PT não deveria temer as ruas, mas a então ‘cobra criada’ PMDB.
Transfiro essa
análise para o DEM, a cobra criada pelo governo Bolsonaro, a qual vê, neste
momento, oportunidades concretas ante as denúncias feitas por Moro a respeito
de tentativa de obstrução da Justiça por parte do ex-chefe. Fato é que o
presidente Jair Bolsonaro tem sua potencialidade particular em criar problemas,
polêmicas, confusões que atrapalham seu próprio governo. Não precisava ter
criado uma peçonhenta aliada.
No mais, é observar se Paulo Guedes conseguirá se
manter nessa crise, para não piorar, ainda mais, a situação do governo. De
igual modo, esperar a postura das Forças Armadas, que, até agora, têm sido
grande suporte à manutenção do presidente no poder. Até o desfecho disso tudo,
o que vemos, claramente, são as facções corruptas da política se regozijando
com os acontecimentos.
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