Por: Cosme Rímoli / R7
Paulo César Caju detalha como é a situação dos
jogadores da seleção que conquistaram a copa no México. E reclama da falta de
apoio psicológico
Paulo
César Caju é um dos tricampeões mundiais com mais coragem. Aos 70 anos, ele
expõe as mazelas que viveu quando era viciado em drogas.
"Dei a Volta na
Vida", sua biografia é marcante. Com crueza, ele colabora para veículos de
comunicação há anos. Seu estilo é direto, duro. Sem concessões. Acusar o
desamparo dos campeões do mundo com a camisa da Seleção Brasileira é algo
corriqueiro. Ele escreveu um texto para a Placar, que virou um apêndice digital
da Veja, que tem o ex-lateral esquerdo Marco Antônio como gancho. Nele, Caju
retrata a solidão, a dor da velhice dos jogadores da Copa de 70.
A poucos meses da conquista do tri completar 50 anos. Ele cita um episódio simbólico, devastador da
vida de Garrincha. Texto de arrepiar que vale a pena ser lido. Como todos de
Caju. Este é mais uma lição de vida... "Patrimônio nacional e imorrível.
"A definição, certeira, veio de gente simples, na porta de um boteco,
provavelmente em São João de Meriti, onde meu compadre Marco Antônio passa as
horas jogando carteado, fumando e bebendo conhaque.
"Recebi uma imagem
pelo zap e me lembrei dos tempos em que me drogava descontroladamente. Marco Antônio há dois anos teve um AVC e recuperou-se totalmente. Treina
um time de pelada em São João e é meio indomável, apesar de introvertido,
caladão"
"O certo seria se internar e falei com o meu irmão, Fred, para
ver que tipo de ajuda a AGAP (Associação de Garantia ao Atleta Profissional)
poderia oferecer.
"Deve receber uma pensão da CBF, mas o problema de
muitos jogadores, principalmente os de minha época, vai muito além do dinheiro.
"É carência, abandono, apoio psicológico.
"Nossa relação com o
futebol e com a torcida era colossal, profunda e, acima de tudo, verdadeira.
Antes da minha, então, nem se fala. "Garrincha também enfrentou problemas
com a bebida e foi abandonado.
"Quando seu pai morreu ele estava em Pau
Grande e disse à família e vizinhos que seus amigos abastados e dirigentes de
futebol arcariam com as despesas.
"Esperou, esperou e nada. "O corpo
do pai foi levado até o cemitério por um caminhão de lixo.
"Gerson,
Riva, eu e, acho que todo grupo da velha guarda, nunca assimilou a pendurada de
chuteiras.
"O futebol era nossa vida, nosso amor, nossa entrega. Sem apoio
psicológico ou oferta de empregos acabamos nos deprimindo.
"Não é fácil
ficar longe do futebol. "Marco Antônio ficou viúvo cedo, sofreu um bocado.
"Dividi quarto com ele na Copa de 74. É um dos maiores laterais esquerdos
da história do futebol brasileiro. Nilton Santos foi o maior. Entre Marco
Antônio e Marinho Bruxa? Marco Antônio, sem dúvida.
"Era completo,
apoiava, marcava, cruzava, batia falta, era inteligente. "Marinho foi
genial, talento raro, mas era um peladeiro, no bom sentido, docemente
irresponsável.
"Estamos
a poucos meses de comemorar os 50 anos do Tri. "É o momento de sermos
procurados, badalados, exaltados.
"Eu posso ser localizado tomando um café
no Kurt, Marco Antônio um conhaque, em São João, Riva cuidando de seus curiós,
Gerson chorando em alguma transmissão da Tupi, Tostão despejando seus
sentimentos em belas crônicas, Brito tomando uma cerveja em um quiosque da Ilha
do Governador e o Furacão assistindo uma pelada na Praia do Leme, lembrando
suas memoráveis arrancadas.
"Os heróis do Tri, apesar de serem
considerados “patrimônios nacionais e imorríveis”, podem ser encontrados
perdidos e filmados em qualquer esquina.
"Deprimidos, bêbados, loucos, mas
com o coração abarrotado de paixão por um futebol que se perdeu no tempo.
Para ler mais matérias acesse, www:
professortacianomedrado.com
Aviso: Os comentários são de
responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor
Taciano Medrado. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou
direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios
podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário