Da Redação
Prof. Taciano Medrado
Uma sensação indescritível, seguida de
beliscões para ter certeza de que não estava sonhando. "Estou
milionário", pensou o massoterapeuta Liandro Luís Leichtweis, no 21 de
fevereiro de 2010, um domingo, quando acreditava ter sido um dos ganhadores de
um bolão da Mega Sena que pagaria cerca de R$ 1,3 milhão. Do sonho ao pesadelo,
foram poucas horas: já na segunda-feira, ficou sabendo que a aposta não havia sido
registrada por uma funcionária da lotérica Esquina da Sorte, de Novo Hamburgo.
— Pena que o sonho durou um só dia — lamenta.
Passados 10 anos do sorteio, um grupo de 22
pessoas, entre elas Leichtweis, segue na Justiça contra a Caixa Econômica Federal buscando o
direito de receber o valor devidamente corrigido, que hoje ultrapassaria R$ 2
milhões para cada um. Atualmente, o processo aguarda julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ),
porém ainda sem data para ser julgado.
— Ficaram com nosso dinheiro e não
executaram o jogo. Se o dono da lotérica não fez o jogo, é responsabilidade da
Caixa. Eu entrei em um estabelecimento credenciado por ela — reclama o homem de
58 anos que confia em um julgamento favorável ao grupo de acertadores.
Acompanhando o grupo desde o início da ação, o advogado
Alexandre Marder, do Escritório Meister, Menke e Marder
Advogados Associados, também está otimista quanto ao desfecho do caso. Ele
defende que os clientes foram vítimas de um descuido em um procedimento pelo
qual nunca tiveram controle e evoca o Código de Defesa do Consumidor para
embasar sua tese.
— Como consumidores, eles tiveram um prejuízo que
corresponde ao valor do prêmio. O fato de o jogo não ter sido registrado não
pode prejudicar os apostadores que entraram em um estabelecimento com as cores
da Caixa, fizeram a aposta, pagaram e quando foram sorteados não receberam nada
— diz.
Era sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010, quando o
corretor de seguros Roberto Dias Hoffmann entrou na Esquina da Sorte para pagar
a conta do telefone antes de viajar para Gramado. Como era costume, foi fazer
uma fezinha. Naquele momento, recebeu a oferta para participar do bolão. Ao
deparar com os números, não titubeou e desembolsou R$ 11 para entrar. As
dezenas eram semelhantes àquelas que ele tinha o hábito de escolher e
coincidiam com as datas de nascimento dos filhos.
— Tinha várias opções de jogo, mas quando vi os
números, pensei "vou pegar esse bolão" — relembra.
Foi só na segunda-feira, ao ler o jornal, que
descobriu que poderia ser milionário. Tomou banho e foi até a lotérica.
— Vi que tinha um tumulto e seguranças na frente.
Abordei um deles e perguntei: "Estão aqui por que ganharam na Mega?".
E ele me respondeu: "Estamos aqui porque a aposta não foi
feita".
Inicialmente frustrado, ele voltou para casa e
dividiu o fato com a família, que o tranquilizou.
— Esse dinheiro é para o futuro. Se vier, tudo bem.
Se não vier, vida que segue. Não posso julgar (a funcionária responsável
pelo erro). Quem vai julgar são os juízes — ameniza.
Depois do episódio, a lotérica fechou suas portas.
Seu proprietário foi absolvido do processo, enquanto a funcionária foi
condenada após admitir o erro. Consultada sobre o processo, a Caixa não
respondeu até a publicação desta reportagem.
Na época, o assunto ganhou destaque no noticiário.
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